01 junho 2010

Louise Bourgeois (1911-2010)







Foi durante décadas uma escultora silenciosa, recatada, ignorada. A partir dos anos de 1980 aparece em cena e a década de 1990 consagra-a. Londres, Nova Iorque, Paris promovem-na e Louise Bourgeois é internacionalmente catapultada para ícone de um tipo de arte.
O nicho familiar, povoado de negros fantasmas, surge como célula carcerária. O sexo, a sexualidade e a maternidade surgem sob irónicos e críticos ângulos. As suas grandes aranhas são, ao mesmo tempo, “mães” em cuja teia preservam o mais íntimo da vida, e fantasmas “vingadores” que vogam no inferno urbano, passeando a sua medonha solidão pelas praças dos lugares.
Como disse Paulo Herkenhoff, "Louise Bourgeois desenvolveu uma lógica das pulsões, importando vincular sua obra aos grandes temas do conhecimento ou da literatura e não aos sistemas da arte. Melhor falar então de um material extraído de recalques e embates da vida como abandono e ira, desejo e agressão, comunicação e inacessibilidade do Outro. No confronto permanente entre pulsões de morte, angústia, medo e as pulsões da vida, a obra de Louise Bourgeois é uma dolorosa e triunfante afirmação da existência iluminada pela libido. Nessa obra biográfica e erotizada, transformar materiais em arte é uma conversão física, não no sentido religioso, mas como a conversão da electricidade em força. (...) Digamos então que a obra de Louise Bourgeois caminhe pela territorialização de imensidões. São assim o corpo, a casa, a cidade e o desejo. Ou a geometria, a família e a insularidade. Obra antiplatónica, não se satisfaz com o mundo das idéias e conjecturas. Deseja ter um corpo."

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