21 março 2010

Da coisa


Não sei se já vos aconteceu o mesmo. Ouço falar da coisa e dá-me náuseas. A afectação domina. As poses, os tiques, a vaidade. De resto, o vazio. Muito vazio. Vazio que atiram para cima do imenso vazio que é já a vida quotidiana de muitos, de milhões.
A mediocridade está, de facto, bem distribuída e é universal. Mas custa-me sempre suportá-la. Sobretudo quando teimam em associar duas coisas tão opostas como poesia e a coisa.
A coisa é o que é por muitas razões. Desde logo por um velho hábito feudal de quem sabe ler parecer mais em terra de iletrados. E Portugal é um país de iletrados. Lê-se mal. Depois por um velho hábito clerical, de não saber falar, de encher a boca com algodão e arrastar as sílabas como se fossem pastilha elástica.
A coisa é deprimente. Sabe a ranço e repete-se todos os anos no dia da coisa. A coisa pode ser o Dantas, pode ser outra merda qualquer. O pior são as moscas, sempre tantas. Amostras por aqui (1 e 2)

1 comentário:

Menina Marota disse...

Pois...eu ia dizer umas "coisinhas" que poderiam ser entendidas como "politicamente incorrectas"… por isso não as digo e lembro-me de algo que li de alguém que dizia mais ou menos isto:
"… O pior tipo de crítico é aquele que se acha no direito de dizer o que o leitor deve ou não assistir, como se fosse o dono da verdade …"

Não é criticando sempre pela negativa que se consegue fazer o que quer que seja…

Pior que fazer mal, é nada se fazer e aqueles que se interessam em fazer alguma "coisa", aprendem com os erros que cometem e, provavelmente, podem repeti-los de novo, mas pelo menos tentaram algo...