02 dezembro 2011

Portugal e o imenso buraco nas contas do Estado

Milhão para aqui, milhão para ali. Parece uma dança. Quando o maestro de serviço era rosa, todos diziam que a culpa era de Sócrates. Agora que é laranja, vai-se suportando, à falta de algo credível (as eleições foram há pouco tempo). Mas os sinais de alerta mantêm-se acesos e os cortes continuam a todo o vapor.
Há quem se questione sobre o que anda por aí a dizer Passos Coelho, ao mesmo tempo que fala do encaixe de 6 mil milhões com o fundo de pensões da banca:
«Seis mil milhões é muito mais do que se previa, correspondendo a mais de 3% do PIB. Ou o Estado terá um défice afinal inferior a 5,9% ou teremos também "despesas extraordinárias" ainda este ano. Pela experiência, a segunda hipótese é mais provável: estes seis mil milhões são um enorme tapete para debaixo do qual o Estado ainda vai varrer muito lixo. Buracos nas empresas municipais? Nas PPP? No BPN? Que esqueletos saltarão do armário para aninhar no conforto do fundo de pensões?
Mais: se o o défice orçamental deste ano for formalmente de 5,9% mas substancialmente acima de 9% (5,9% mais os 3% e picos do fundo), então a redução para 4,5% comprometida para 2012 será de uma violência quântica. Talvez assim se perceba a entrevista do primeiro-ministro de há dois dias, para preparar o discurso da derrapagem do défice e da recessão económica de 2012, prenunciado mais medidas de austeridade. Cristalino, não é?» (Diz Pedro Santos Guerreiro)
Para que o jogo não seja assim tão cristalino, o ministro Branco dá-lhe esse tom vago, que serve ao sim, ao não e que alguns dizem ser nim. «Todos os sectores da sociedade portuguesa, todas as áreas da governação são solidários no esforço que o povo português está a fazer para ultrapassar este momento. Não é só o sector da Defesa, da Educação, da Saúde. Temos feito tudo o que é necessário para ultrapassar este momento».
E como nisto de alta finança vale tudo, havemos de pagar no futuro estes seis mil milhões com mais dívida, mais impostos, mais cortes. Olé!

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