16 abril 2010

Ainda a procissão vai no adro...


...e já se faz sentir o coro de protestos. Mas a política educativa continua assente num pilar sagrado: o sucesso. Para o alcançar vale tudo e duas décadas de eduquês conseguiram o milagre: o que já era mau tornou-se péssimo.
"Boa parte dos estudantes universitários é incapaz de escrever sem erros ortográficos, encadear um raciocínio com princípio, meio e fim, interpretar um texto ou perceber o que é dito na aula. São os próprios professores a reconhecer que o domínio da língua portuguesa é uma aprendizagem que a maioria dos seus alunos não fez no ensino secundário e ainda não consegue fazer no ensino superior. As dificuldades atravessam os cursos que vão das ciências sociais e humanas às ciências exactas e estendem-se a disciplinas como História, Matemática, Física, Gestão, Jornalismo ou Ciência Política."
Os problemas são imensos e as consequências desastrosas.
Que se faz?
Continua-se com a política da desresponsabilização. Com o ancestral "coitadinhos" e o consequente "perdoar".
É uma geração perdida, que vive para o espaço público, para a comunicação em que pouco se comunica, para um vazio que se preenche com mais vazio.
O vazio ancora-se no "ter direitos", pois num país com tantos anos de ditadura ainda soa mal dizer que a escola não se fez para ser democrática, mas para aprender. E tudo se faz ainda contra esse velho princípio. Desde o aprender a aprender, até outros lugares comuns rançosos. Tudo vale, logo que se conserve a debilidade de pensamento e a algaraviada na comunicação.
O que importa é fazer de conta. Fazer de conta que todos sabem. Fazer de conta que todos comunicam.

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