Um livro não é apenas um objecto, e Paulo da Costa Domingos sempre os quis com pólvora, com sangue, com vísceras. Editou por isso quem quis, o que lhe trouxe bastantes inimigos. E sobretudo escreveu o que achou pertinente. Caldeando gargalhada altiva, raiva contra as diversas formas de castração e uma postura ética rara entre portugueses.
A edição é indissociável da sua poesia. Áspera, até há pouco de uma acidez criptográfica. Fruto da época em que cresceu, dos autores que começou a ler e lhe propiciaram ar fresco e território onde o seu corpo não se sentia aprisionado e também maneira de dizer não à babugem poética. Percorreu o árido caminho da tensão, do combate, da noite e dos lastros que lhe andam associados. Foi e é um autor refractário. Narrativa ajuda a perceber porquê e deveria ser lido em complemento a Vaga, livro que reúne alguns dos textos que foi publicando em periódicos nos anos 80 e
Narrativa é um livro contra a corrente. Não encena, diz. E isso, caros amigos, é toda a diferença.
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