O senhor presidente vive no mundo da lua? Não. Vive em Portugal e embora os portugueses sejam dados à fantasia Cavaco Silca sabe onde vive. E sabe que quando o plim escasseia numa sociedade que faz apelo constante ao consumo (de atitudes, de marcas, de produtos) o pequeno crime dispara, pois para arranjar plim recorre-se à violência. Que, por sinal, continua bastante fotogénica. Não há estação televisiva ou jornal que deixe passar a coisa. Mas isso, caros leitores, são trocos.
O grande crime é praticado pelo colarinho branco e não parece inquietar particularmente o senhor Cavaco Silva. Quando o Estado gasta fortunas a pagar obras orçamentadas por metade do custo global real ou quando supostos gestores se fazem pagar petrodolarmente o silêncio é de lei. Isto para não falarmos de outros extrupos e piratarias levadas a cabo pelos cúmplices que estão à frente de ministérios, secretarias de estado e afins.
Se se rouba um camião que transporta valores cai o carmo e a trindade. Mas, reparem, o otário que baleou a mulher com a filha de meses ao colo, apenas queria o dinheirinho do rendimento social de inserção. E aquilo era tão urgente que não hesitou em primir o gatilho. Porquê? Mais polícia, mais video-vigilância ou algo do género vai mudar isso? Não. Mas serve, claro, para assustar a classe média, tornando-a ainda mais amorfa do que é. Amorfa, assustada, parva. Sempre com medo de que lhe roubem o popó ou a carteira. Quando todos os dias a roubam descarada a principescamente uma meia dúzia que ganha mais aqui (no tal país pobre) do que ganham os congéneres nos países vizinhos (ditos mais ricos).
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