Mas quando as pessoas decidem que os números são mais importantes do que as pessoas, os números tornam-se o centro da vida.
Assim, o governo do sucesso, o governo que dizia estar a fazer tudo como deve ser feito, o governo que até já falava em devolver o que roubou aos funcionários públicos, é o mesmo que agora deita as mãos à cabeça por ter recusado o óbvio: quando as pessoas não consomem a economia afunda-se (vivemos numa economia de consumo). A isso tem de se juntar a gula dos mercados, que se alimentam de juros. E que podem dizer coisas tão profundas como esta: O magnata norte-americano Donald Trump defendeu que a instabilidade na Europa representa nesta altura uma "grande oportunidade" para os investidores internacionais, uma vez que se pode "conseguir tudo a troco de nada". Trump incentiva os homens de negócios a aproveitarem-se de países como a Espanha: "Um país fantástico que está febril".
Veja-se: houve uma explosão nos gastos com juros e um desvio na cobrança de receita de impostos maior do que o esperado. Assim, o défice dos dois subsectores (administração central e Previdência) passou de 194 milhões de euros nos primeiros cinco meses de 2011 para 1238 milhões no mesmo período deste ano, o que se traduz numa subida de 537% (seis vezes mais), com base nos dados da Direcção-Geral do Orçamento.
Apesar de, mesmo num contexto de alto desemprego e de redução de salários e pensões, a colecta de IRS ter aumentado mais de 12%.
O défice do Estado rondou os 2700 milhões de euros nos cinco primeiros meses do ano, mais 35% do que em igual período do ano passado, fruto não só da queda da receita fiscal, mas também do aumento da despesa.
Fontes: 1,2,3