Salazar habituou-nos ao discurso da miséria. Nós, bons alunos, interiorizamo-lo. E rapidamente percebemos que, em democracia, o choradinho produz efeitos. É a nossa maneira de fazer lobbying. Na prática, Portugal tem um nível de riqueza substancial. A prova é dada pelos 42 por cento da população que vive em vivendas, a que acrescentem os 22 por cento que vivem em vivendas geminadas. Apenas 35,4 possui ou vive em apartamentos, um número bastante inferior ao da média europeia.
As vivendas dos portugueses são, grosso modo, arquitectonicamente defeituosas, até porque poucas foram as desenhadas por arquitectos. Junte-se-lhe um tipo de construção medíocre e os problemas começam a aparecer: infiltrações e humidade, má iluminação, isolamento térmico fraco ou mau, desperdício de espaço e inexistência de sanitas, banheiras, chuveiros, coisas assim.
Se há coisa de que os portugueses sempre gostaram é de fachadas. Vivem para exibir. Os automóveis, as casas e o mais caracterizam-nos bem.
E quanto a cidades, o melhor é não tocar no assunto, pois o número de fogos devolutos e em risco de ruir é tão grande e tão vulgar que já ninguém liga peva.
Portugal também é isso, um país de assimetrias. A miséria não é económica, mas mental, ou cultural. A maior parte possui ainda baixos índices de escolaridade e pouca ou nenhuma informação sobre questões que têm a ver com a urbanidade. Por isso, o cimento impera. Os espaços verdes são escassos. As rotundas, uma praga. E os tiques manifestam-se no tipo de arborização escolhida, passam pelo amor ao alcatrão e desaguam num mobiliário urbano que ora está ao abandono, ora mostra o novo-riquismo das autarquias.
As vivendas dos portugueses são, grosso modo, arquitectonicamente defeituosas, até porque poucas foram as desenhadas por arquitectos. Junte-se-lhe um tipo de construção medíocre e os problemas começam a aparecer: infiltrações e humidade, má iluminação, isolamento térmico fraco ou mau, desperdício de espaço e inexistência de sanitas, banheiras, chuveiros, coisas assim.
Se há coisa de que os portugueses sempre gostaram é de fachadas. Vivem para exibir. Os automóveis, as casas e o mais caracterizam-nos bem.
E quanto a cidades, o melhor é não tocar no assunto, pois o número de fogos devolutos e em risco de ruir é tão grande e tão vulgar que já ninguém liga peva.
Portugal também é isso, um país de assimetrias. A miséria não é económica, mas mental, ou cultural. A maior parte possui ainda baixos índices de escolaridade e pouca ou nenhuma informação sobre questões que têm a ver com a urbanidade. Por isso, o cimento impera. Os espaços verdes são escassos. As rotundas, uma praga. E os tiques manifestam-se no tipo de arborização escolhida, passam pelo amor ao alcatrão e desaguam num mobiliário urbano que ora está ao abandono, ora mostra o novo-riquismo das autarquias.
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