Inverness
II
No quisiera quedarse, ni salir
Ezra Pound
Cuatro paredes cuando sopla
el viento:
sin movimientos
o con el solo movimiento de los ojos
un hombre pone su atención
en el suelo
Mañana hablaremos del mar
Mañana cambiaremos el lugar
de esa ventana.
Poema en un libro vacío
Y, con todo, el cuerpo es un lugar donde nada muere
Paul Auster
Observo una de las cuatro paredes
Cuando alce una mano
esa sombra será mi sombra
Hace dos horas es tarde
También es tarde en la pared.
Tomo la posición de un cuerpo cansado
Decido que el viento golpea intensamente en la ventana
Decido la situación de mis ojos
Pienso en una fotografía
En la mesa hay un vaso con agua hasta la mitad
Beberlo es lo único que está pendiente.
Observo una de las cuatro paredes
Cuando pienso, esa sombra es sólo una sombra
con bordes exactos e inevitables
una imagen parecida a un cuerpo
Hace dos horas llegué a este cuarto
Al cerrar la puerta sentí el ruido
que hace algo al destruirse
Quizás era la última nuez
o una fotografía difícil
o los restos de un espejo.
Si abriera la puerta no miraría hacia el suelo.
Para qué.
Observo una de las cuatro paredes
Propongo las orillas de mi sombra
Mi sombra se refiere a la pared
Todo se refiere a la pared
En la pared es tarde
Hace dos horas el viento insiste contra la ventana
Traspaso papeles de una caja a otra
No son recuerdos, son fragmentos
que anticiparon esta hora equívoca.
Miro una fotografía
La oculto en un libro
Si alguien lo abriera
pensaría que marqué la página
en que dejé de leer
o que quise recordar ese poema,
este poema.
Puedo asegurar que no es así.
No es así.
No necesito mirar mis manos
Sé que las tengo cerradas
Miro, en cambio, hacia el lugar
donde está la mesa
Veo el vaso y no veo el agua
Veo el agua y no veo el vaso
Es como si pudiera jugar con las palabras.
Observo una de las cuatro paredes
Si alzo una mano esa sombra será la mía
Si hago el menor movimiento
ocurrirá la sombra de alguien
que toma un vaso de agua
y piensa en sí mismo
como en un extraño.
in Bahía inútil (Ediciones Stratis, 1999)
28 maio 2011
26 maio 2011
Os velhos tiques dos possidónios
Há pessoas que sempre se têm em muito boa conta. Tanto que olham para os outros como se antes deles não houvesse nada e fossem eles os criadores do mundo.
Portugal está cheio de gente assim. Então quando se trata de economistas, a coisa sabe mesmo a ranço. Depois de vir alguém dizer que há uma receita, põem-se em fila e mal chegam à boca de cena repetem a mesma algaraviada como se estivessem a dizer uma grande coisa.
Nota-se que essa gente não gosta que os portugueses vivam condignamente. Eles querem ter carros de luxo, botões de punho, fazer férias no estrangeiro, comer bem, beber melhor, jogar golfe a custo reduzido (e à pala dos portugueses que vivem para pagar prestações ao banco - da casa, do carro, das férias, dos electrodomésticos - ou dos que nem sequer isso têm), mas não querem que a "gentinha" lhes faça sombra. Eles, cuja acção se tem traduzido em nada. Que riqueza criaram? Que empregos proporcionaram? Que salários pagam?
Muito blá-blá com um único propósito: chegar à mesa do banquete.
Eles têm acções, ganham bem ou muito bem, podem levar uma vida regalada e "investir". Os concidadãos, a "gentinha", chegam ao fim do mês sem tusto. Eles são poluidores natos, com os seus topos de gama a gasóleo. A gentinha usa autocarros, metro, comboios, cacilheiros. Os remediados usam os seus popós, claro. Afinal, o modelo de vida que têm é o dos linguarudos.
Os que falam em apertar o cinto, usam fatos que custam aquilo que a maior parte dos tugas não ganha em dois meses. São capazes de deixar numa refeição (uma!) metade do salário mínimo. E vêm com a ladainha da poupança.
Ai como é bom poupar... Se eles poupassem muito e fossem criadores de riqueza, Portugal não estaria no ponto em que está.
Portugal está cheio de gente assim. Então quando se trata de economistas, a coisa sabe mesmo a ranço. Depois de vir alguém dizer que há uma receita, põem-se em fila e mal chegam à boca de cena repetem a mesma algaraviada como se estivessem a dizer uma grande coisa.
Nota-se que essa gente não gosta que os portugueses vivam condignamente. Eles querem ter carros de luxo, botões de punho, fazer férias no estrangeiro, comer bem, beber melhor, jogar golfe a custo reduzido (e à pala dos portugueses que vivem para pagar prestações ao banco - da casa, do carro, das férias, dos electrodomésticos - ou dos que nem sequer isso têm), mas não querem que a "gentinha" lhes faça sombra. Eles, cuja acção se tem traduzido em nada. Que riqueza criaram? Que empregos proporcionaram? Que salários pagam?
Muito blá-blá com um único propósito: chegar à mesa do banquete.
Eles têm acções, ganham bem ou muito bem, podem levar uma vida regalada e "investir". Os concidadãos, a "gentinha", chegam ao fim do mês sem tusto. Eles são poluidores natos, com os seus topos de gama a gasóleo. A gentinha usa autocarros, metro, comboios, cacilheiros. Os remediados usam os seus popós, claro. Afinal, o modelo de vida que têm é o dos linguarudos.
Os que falam em apertar o cinto, usam fatos que custam aquilo que a maior parte dos tugas não ganha em dois meses. São capazes de deixar numa refeição (uma!) metade do salário mínimo. E vêm com a ladainha da poupança.
Ai como é bom poupar... Se eles poupassem muito e fossem criadores de riqueza, Portugal não estaria no ponto em que está.
24 maio 2011
21 maio 2011
19 maio 2011
Enquanto os sábios brincam aos comunicados
o Banco de Portugal diz preto no branco que a recessão prolongada que a economia sofrerá nos próximos anos em consequência do acordo com a troika será acompanhada de uma queda sem precedentes no rendimento disponível das famílias e de aumento do desemprego.
E por lá acredita-se que as medidas propostas pela troika conduzam o país a bom porto. Algo que só será sentido daqui a cinco anos, caso o mundo não venha a dificultar o crescimento económico de um país periférico e muito dependente das importações.
E por lá acredita-se que as medidas propostas pela troika conduzam o país a bom porto. Algo que só será sentido daqui a cinco anos, caso o mundo não venha a dificultar o crescimento económico de um país periférico e muito dependente das importações.
Os sábios que repetem o que já se sabe
Há em Portugal um conjunto de individualidades que tem estado ligado à governação do país depois do 25 de Abril de 1974. E apesar de terem estado em diversos governos e pouco ou nada terem feito, são tão vaidosos que nunca perdem uma oportunidade de se porem em bicos de pés e dizerem que existem. Veja-se o caso da SEDES, que se dá ao luxo de vir repetir o que tem sido dito em todo o lado depois da acção da troika. Primeiro, desviando para canto: toma a história por uma coutada que lhe serve para fazer propaganda. Depois, olha para Espanha como se os espanhóis estivessem no melhor dos mundos, quando todos sabemos que estão também com a corda ao pescoço. A seguir dá-se ao luxo de enviar recados directos, num sinal claro de ressentimentos que existem entre os redactores e líderes partidários. E finalmente, o que propõem tão doutos senhores resume-se a nada. Ou a papaguear o que se diz em todos os jornais, rádios e TVs do país. Convenhamos que é pouco e que mostra bem que esta geração não soube liderar nem possui nada para dizer aos portugueses, excepto uma notória preocupação em manter a posição dourada que conservam.
Espanta-me que não haja uma palavra sobre o esforço que os portugueses fazem há anos para sustentar gente tão vazia que se alimenta da pátria, enchendo a boca com banalidades, mas que nada digno de registo por ela tem feito. Já quanto à defesa de interesses particulares e chorudos, aí, esses senhores são, de facto, dignos representantes de quem tem atirado o país para o descalabro em que se encontra.
Acho que ainda está para nascer o português que tenha representatividade e não seja vaidoso e meio enfatuado. Os signatários da "Tomada de posição" são isso mesmo: vaidosos, enfatuados e ressentidos. Anseiam por protagonismo na nova conjuntura política, certamente para enobrecer Portugal.
Espanta-me que não haja uma palavra sobre o esforço que os portugueses fazem há anos para sustentar gente tão vazia que se alimenta da pátria, enchendo a boca com banalidades, mas que nada digno de registo por ela tem feito. Já quanto à defesa de interesses particulares e chorudos, aí, esses senhores são, de facto, dignos representantes de quem tem atirado o país para o descalabro em que se encontra.
Acho que ainda está para nascer o português que tenha representatividade e não seja vaidoso e meio enfatuado. Os signatários da "Tomada de posição" são isso mesmo: vaidosos, enfatuados e ressentidos. Anseiam por protagonismo na nova conjuntura política, certamente para enobrecer Portugal.
13 maio 2011
Palavras... blá... blá...
Jardim no seu melhor. O que, já se sabe, é do agrado do povo.
O povo, unido, jamais será vencido... (repetir até sorrir).
Depois, outras pérolas. Guterres, digo, Gondomar...
Ou os comentários (mudos) de Sócrates para Rangel (o c... pá), termo que um deputado do PSD também usa no mesmo órgão de soberania, acompanhado de um molinete e de uma expressão facial peculiar.
E mais, em resumo:
11 maio 2011
Choisir son école
Agnès van Zanten, Choisir son école, Strategies familiales et médiations locales, Le lien social, Puf,2009, 284 págs.
O que leva os pais a escolherem uma escola em detrimento de outra? O renome da instituição? A proximidade de casa? A integração dos alunos? O seu bem-estar? O elitismo? Um tipo diferenciado de pedagogia?
Os clichés abundam. A propaganda tem efeitos nocivos sobre a coesão social. A socióloga Agnès van Zanten responde a algumas questões a propósito desse livro.
A entrevista encontra-se aqui e tomamos a liberdade de a transcrever, pelo que diz.
Votre ouvrage s'appuie sur 160 entretiens avec des familles des classes moyennes de quatre communes franciliennes. Qu'est ce qui justifie ce choix? Est-il représentatif de cette catégorie?
C’est vrai qu’il y a un facteur de commodité. C’est plus facile pour moi, qui vit en Ile-de-France, de travailler sur cette région. Mais le choix de ces communes correspond aussi à deux hypothèses de recherche. La première est que la possibilité de faire un choix d’établissement est plus importante en milieu urbain et métropolitain car l’offre est plus diversifiée et accessible, ce qui alimente les ambitions des familles. La deuxième est que les pratiques des parents sont liées à plusieurs médiations locales : les politiques éducatives, l’offre d’établissements et la composition sociale de la population. J’ai donc choisi quatre contextes différents avec deux villes privilégiées (Rueil, Vincennes) et deux communes plus mélangées (Nanterre et Montreuil). Cela permet aussi d’avoir une bonne représentativité des différentes fractions des classes moyennes. Dans la lignée des travaux de Pierre Bourdieu et de Louis Chauvel, j’ai distingué quatre groupes à partir d’un découpage sur un axe vertical (fractions supérieures et intermédiaires) et sur un axe horizontal (pôle économique et pôle culturel).
Vos interlocuteurs ce sont plutôt les mères de famille ou les pères ? Qui décide des choix éducatifs dans ces milieux?
On ne peut proposer qu’une réponse nuancée sur la question de la décision. Déjà parce que certaines familles ne décident pas, le choix de l’établissement allant de soi, mais aussi parce qu’il n’y a pas toujours un moment que l’on peut isoler car la décision se construit dans le temps. Le plus souvent, les deux parents interviennent de façon plus ou moins importante dans la sélection finale d’un établissement. Mais ce sont les mères qui se chargent du travail d’information préalable et des démarches liées au choix. Les pères, quand ils s’impliquent dans la construction des choix, sont plus nombreux à se référer à des données de type statistique. Les mères, elles, cherchent des éléments plus qualitatifs auprès notamment auprès d’autres parents.
On a souvent l'impression que ce qui motive les choix éducatifs des familles c'est leur rentabilité la plus apparente : atteindre l'établissement le plus prestigieux à tout prix. Est ce vraiment la règle?
Mon ouvrage déconstruit cette vision que l’on a communément des «consommateurs d’école». Certes, les évolutions du marché du travail ainsi que les modalités d’orientation dans le système scolaire poussent beaucoup de parents à se soucier particulièrement de la capacité des établissements à améliorer le «niveau» de leurs enfants et à leur permettre d’accéder à de «bons» établissements de niveau supérieur. Par ailleurs, parce que la seule source apparente de différenciation entre les établissements publics a trait aux résultats scolaires les parents tendent à percevoir l’offre publique de façon bipolaire avec, aux deux extrêmes, des «bons» et des «mauvais» établissements et, au milieu, un ensemble flou d’autres établissements. Ce phénomène est plus fort dans les grandes villes qu’ailleurs en raison de la forte ségrégation urbaine et scolaire et de ses effets sur l’adaptation des établissements au profil scolaire et social de leurs publics.
Pourtant les parents des classes moyennes ne font pas que des choix «instrumentaux». Ils font aussi des choix «expressifs», c’est-à-dire orientés vers le bien-être, le bonheur et le développement global de leur enfant, en procédant à des appariements entre les exigences des établissements publics et le profil scolaire et psychologique de leurs enfants, mais surtout en ayant recours à des établissements privés. Ces derniers ont en effet réussi à développer des «niches» dans le système d’enseignement en proposant une offre qualitativement beaucoup plus diversifiée que celle des établissements publics. On constate ainsi que le choix de collèges publics hors secteur est souvent justifié par les parents, dans les quartiers plus mélangés, en mettant en avant le potentiel scolaire de l’enfant qu’il serait dommage de «sacrifier» en le laissant dans le collège du secteur, alors que le choix du privé est souvent légitimé par référence aux goûts et aux traits de personnalité des enfants ou aux valeurs des parents.
De ce point de vue toutes les familles de classe moyenne ont-elle les mêmes stratégies et la même efficacité ? Peut-on tracer des portraits types qui pourraient aider les enseignants à décrypter les attentes des familles?
Il est clair que si les classes moyennes se distinguent globalement des classes populaires par une plus grande propension et facilité à choisir et par des choix plus réfléchis, les différentes fractions ne font pas des choix identiques. Les classes moyennes supérieures qui combinent un capital économique et un capital culturel élevés et que je désigne dans mon livre avec le terme de «technocrates» font des choix prioritairement guidés par des visées instrumentales et par le désir de récréer un «entre soi» social au travers principalement de deux stratégies : les choix résidentiels et le choix du privé. Les classes moyennes supérieures à haut capital culturel, ceux que j’appelle les «intellectuels», combinent «instrumentalisme» et «réflexivité». Ils cherchent des environnements scolaires caractérisés par la qualité du personnel enseignant, mais aussi par l’entre soi de «bons» élèves et ont pour cela principalement recours au choix à l’intérieur du secteur public ou à la «colonisation» interne des établissements du secteur, par exemple en faisant pression en faveur du regroupement de leurs enfants dans des classes de niveau.
S’il existe donc des différences qualitatives non négligeables au sein des classes moyennes supérieures, la fracture est plus importante avec les classes moyennes intermédiaires. Ces dernières donnent plus de place à des considérations d’ordre expressif, de même qu’elles sont plus sensibles aux effets ségrégatifs des choix d’un autre établissement public ou privé hors secteur. Ces deux tendances, couplées avec des ressources économiques et culturelles moins importantes, les conduisent à envoyer leurs enfants plus souvent dans les établissements du quartier que les classes moyennes supérieures, non sans mettre en place cependant relativement souvent, eux aussi, des stratégies de «colonisation». Ceci est notamment le cas des membres des classes moyennes intermédiaires ayant un capital culturel ou relationnel élevé, comme les professeurs des écoles ou les travailleurs sociaux que je range dans la catégorie des «médiateurs», mais c’est moins le cas des classes moyennes intermédiaires moins diplômées du secteur privé dont les pratiques se rapprochent davantage de celles des parents de milieu populaire.
Vous montrez aussi que l'attente de "l'entre soi" peut aller jusqu'au racisme. Avez-vous l'impression que ces conceptions s'atténuent ou cela s'aggrave-t-il?
Une des surprises de cette enquête c’est la spontanéité de certains propos sur les enfants et les parents immigrés. C’est délicat de dire que le racisme s’aggrave faute de travaux permettant des comparaisons dans le temps. Généralement on associe les propos racistes à la proximité avec les classes populaires selon le schéma traditionnel du «petit blanc» craignant une dégradation de son statut et de son identité liée à la cohabitation avec d’autres perçus comme très différents voire comme inférieurs. On retrouve des réflexes de ce type chez certains parents des classes moyennes intermédiaires dans les communes où il existe une forte mixité sociale et ethnique. Mais on trouve des propos du même ordre, parfois plus brutaux encore, chez des parents appartenant aux classes moyennes supérieures et vivant dans des «gated communities», ces quartiers totalement fermés, comme on en trouve à Rueil. Car l’entre soi n’empêche pas la peur des autres. Bien au contraire il la renforce et la légitime.
On a eu récemment un débat sur la publicité éventuelle des résultats de CM2, un autre sur les indicateurs des lycées, les résultats des statistiques sur la violence scolaire. Ces éléments influent-ils sur les choix des familles? Sur quelles bases informatives le choix se fait-il?
Je montre que les familles des classes moyennes se méfient de ces données statistiques «froides», du moins pour le choix du collège. Elles préfèrent des jugements «chauds», puisés auprès d’autres parents. Elles se demandent si ces données reflètent la réalité des établissements. Elles ont l’impression que ces chiffres sont manipulés par les politiques et, davantage encore, par les établissements. Elles expriment également des doutes quant à la possibilité de déduire, à partir de ces données, si tel ou tel établissement convient à leur enfant. Du coup elles préfèrent chercher des parents qui ont des enfants aux profils similaires aux leurs pour pouvoir effectuer des choix «sur mesure». Aucun des parents que j’ai rencontré n’utilise ces indicateurs comme critère unique de choix. Ils servent de toile de fond à une recherche d’informations plus pointues auprès de leur entourage ou des enseignants ou à confirmer ou à nuancer certains jugements.
Certains pays (Etats-Unis, Angleterre etc.) donnent beaucoup d'informations sur chaque établissement. Faudrait-il plus de transparence en France?
Cela dépend de ce qu’on appelle «transparence». La publication de davantage de statistiques n’irait certainement pas dans le sens d’un meilleur outillage des choix parentaux. Ce qui est important c’est, pour les établissements locaux qui ont une réputation moyenne, de montrer et d’expliquer leur fonctionnement aux parents. Cela crée de la confiance non seulement dans l’honnêteté des professionnels de l’éducation mais aussi dans leur capacité à faire face aux problèmes posés par l’hétérogénéité des publics scolaires. Je cite l’exemple d’un collège de Montreuil qui a réussi à attirer des parents des classes moyennes grâce à une bonne politique de communication. Cela ne rassure pas tous les parents, mais souvent une partie de ceux appartenant aux classes moyennes supérieures et intermédiaires du pôle culturel. Bien sûr, communiquer ne suffit pas si l’amélioration des résultats n’est pas à moyen terme au rendez-vous. Mais quand davantage de parents des classes moyennes choisissent de rester cela contribue à améliorer les résultats, ce qui attire d’autres parents des classes moyennes et on entre ainsi dans un cercle vertueux. Aujourd’hui en France, nombre d’enseignants estiment qu’ils n’ont pas à communiquer sur le fonctionnement de leur établissement. Mais souvent cette politique nourrit la mauvaise réputation et la méfiance des parents.
Quelle place tiennent les politiques pédagogiques des établissements dans les choix parentaux?
Un des aspects de la crise de l’Ecole c’est que l’Ecole elle-même a trop joué de l’instrumentalisation. Elle a elle-même dévalorisé son rôle pédagogique. On le voit par exemple dans la création d’options qui sont plus liées à la volonté de sélection qu’à celle de diversifier le bagage culturel des élèves. C’est le cas par exemple de nombreuses sections européennes, des classes bi-langues et, à un moindre degré, des classes musicales (CHAM). On arrive à une situation où la qualité de l’éducation proposée ne semble dépendre pour les professionnels de l’éducation comme pour les parents que du public des élèves sans référence aux contenus d’enseignement ni au type de pédagogie.
Cela renvoie à un discours souvent entendu, chez certains enseignants et ailleurs, selon lequel «on a tout essayé en vain» sur le terrain pédagogique…
Or combien de politiques pédagogiques ont été réellement appliquées ? Combien ont été évaluées ? Quand ce discours désabusé est porté par les enseignants et par les responsables administratifs et politiques, comment attendre des familles autre chose ? Cela nourrit fortement les choix d’établissements dans la mesure où les parents font de moins en moins confiance à la capacité de l’institution et de ses agents à changer la donne sociologique dans les établissements comportant une proportion importante d’élèves en difficulté.
Les enseignants font aussi partie des classes moyennes. Quel est leur comportement de choix? Dans quelle mesure influent-ils sur les choix?
On sait que les enseignants sont la catégorie qui choisit le plus dans l’enseignement public. Ils sont mieux informés que les autres parents. Ils ont aussi un accès plus facile aux dérogations. Ces pratiques de choix sont perçues par les parents, notamment par ceux des milieux populaires pour lesquels les enseignants jouent un rôle de groupe de référence, comme des indications de la qualité des établissements. Quand les enseignants ne mettent pas leurs enfants dans le collège du quartier, c’est pour ces familles un signal très fort qui les encourage à procéder de la même façon. Par ailleurs, les enseignants jouent aussi un rôle plus direct de prescripteurs. On trouve ainsi souvent des instituteurs qui déconseillent aux parents des bons élèves d’envoyer leurs enfants au collège du quartier si ce dernier souffre d’une mauvaise réputation, car ils perçoivent leur mission comme celle de protéger la scolarité des meilleurs et leur ascension au sommet de la hiérarchie scolaire.
L'Etat s'est orienté vers un allègement de la carte scolaire. Vous dites qu'il relaie et appuie les stratégies de clôture des classes moyennes. Comment fait il cela? Que devrait-il faire?
J’ai écrit récemment, avec Jean-Pierre Obin, un «Que-sais-je?» sur la carte scolaire qui traite cette question. Je montre que le développement des marchés scolaires est antérieur à la politique de libéralisation de la carte scolaire et qu’il résulte de l’addition d’un certain nombre de choix étatiques et de pratiques d’établissements. Je fais allusion notamment au maintien d’un secteur privé où les établissements et les parents peuvent choisir, aux assouplissements officiels de la carte scolaire et à la tolérance à l’égard des dérogations de certaines administrations ainsi qu’aux pratiques de sélection de certains établissements de bonne réputation, de même qu’à la répartition inéquitable de l’offre d’options et à la prolifération des classes de niveau. De ce fait on ne peut pas dire qu’il y ait eu un «avant» et un «après» l’introduction d’une politique officielle de libéralisation. Il y a continuité avec les choix politiques effectués à partir des années 1980 avec une légitimité plus forte accordée aux demandes des familles, même si la libéralisation ira dans le sens d’une accentuation des phénomènes de ségrégation et donc des inégalités.
L’Etat et ses agents sont ainsi partie prenante, par des choix officiels et des pratiques officieuses, de la mise en marché des établissements. Ils relaient les attentes et les pratiques des parents, mais ils font plus que répondre à la demande: ils favorisent, canalisent et légitiment dans nombre de cas les choix des familles et ce au nom notamment de la préservation de parcours protégés pour les bons élèves.
Aujourd’hui l’Etat justifie l’allègement de la carte scolaire en mettant en avant les dérogations accordées aux boursiers.
C’est une question que je vais étudier prochainement. En regardant d’abord qui sont les bousiers. Il n’est pas sûr que ce soient toujours les élèves les plus défavorisés car certaines familles ne font pas de dossier de demande. Ensuite, on a déjà pu observer que la priorité accordée au critère «boursier» par rapport à d’autres critères de dérogation varie selon les administrations locales. Enfin on peut penser que ce sont les bons élèves qui vont bénéficier en priorité des dérogations. Or la perte de quelques bons élèves dans un collège défavorisé peut changer du tout à tout son climat et son fonctionnement.
Certes, l’Etat ne peut pas revenir aujourd’hui à un modèle fondé exclusivement sur la contrainte car le droit à choisir correspond à une demande profonde des familles et à un modèle de société. Comment faire alors pour éviter l’accentuation inévitable des inégalités sociales qu’entraînerait une politique de libre choix ? Ce qui semble se dégager des travaux internationaux, c’est qu’il faut que l’Etat régule les choix soit, sur le modèle américain ou britannique, par des quotas en fonction des caractéristiques sociales ou scolaires des élèves, soit en harmonisant les pratiques entre les établissements d’un même bassin et d’une même zone. Certes la situation idéale serait celle où le choix ne serait pas nécessaire car toutes les écoles seraient perçues comme «bonnes». Toutefois, s’il est effectivement indispensable de mettre en place une politique de discrimination positive vigoureuse pour limiter les écarts entre les établissements, il faut aussi tenir compte des limites que pose la concentration des publics en difficulté dans certains d’entre eux.
La solution est alors davantage à trouver dans une politique urbaine?
Le désenclavement urbain ne peut pas lui non plus produire des miracles car s’il est difficile de réduire la concentration des populations défavorisées, il est encore plus ardu de limiter les pratiques d’agrégation des catégories favorisées. Par ailleurs, les situations locales sont très diversifiées. Pour étudier leurs effets sur les établissements d’enseignement, il faudrait pouvoir les suivre de façon très précise et constante. Or les administrations locales sont souvent débordées et manquent des données et des compétences nécessaires pour ce travail de longue haleine sur le terrain.
O que leva os pais a escolherem uma escola em detrimento de outra? O renome da instituição? A proximidade de casa? A integração dos alunos? O seu bem-estar? O elitismo? Um tipo diferenciado de pedagogia?
Os clichés abundam. A propaganda tem efeitos nocivos sobre a coesão social. A socióloga Agnès van Zanten responde a algumas questões a propósito desse livro.
A entrevista encontra-se aqui e tomamos a liberdade de a transcrever, pelo que diz.
Votre ouvrage s'appuie sur 160 entretiens avec des familles des classes moyennes de quatre communes franciliennes. Qu'est ce qui justifie ce choix? Est-il représentatif de cette catégorie?
C’est vrai qu’il y a un facteur de commodité. C’est plus facile pour moi, qui vit en Ile-de-France, de travailler sur cette région. Mais le choix de ces communes correspond aussi à deux hypothèses de recherche. La première est que la possibilité de faire un choix d’établissement est plus importante en milieu urbain et métropolitain car l’offre est plus diversifiée et accessible, ce qui alimente les ambitions des familles. La deuxième est que les pratiques des parents sont liées à plusieurs médiations locales : les politiques éducatives, l’offre d’établissements et la composition sociale de la population. J’ai donc choisi quatre contextes différents avec deux villes privilégiées (Rueil, Vincennes) et deux communes plus mélangées (Nanterre et Montreuil). Cela permet aussi d’avoir une bonne représentativité des différentes fractions des classes moyennes. Dans la lignée des travaux de Pierre Bourdieu et de Louis Chauvel, j’ai distingué quatre groupes à partir d’un découpage sur un axe vertical (fractions supérieures et intermédiaires) et sur un axe horizontal (pôle économique et pôle culturel).
Vos interlocuteurs ce sont plutôt les mères de famille ou les pères ? Qui décide des choix éducatifs dans ces milieux?
On ne peut proposer qu’une réponse nuancée sur la question de la décision. Déjà parce que certaines familles ne décident pas, le choix de l’établissement allant de soi, mais aussi parce qu’il n’y a pas toujours un moment que l’on peut isoler car la décision se construit dans le temps. Le plus souvent, les deux parents interviennent de façon plus ou moins importante dans la sélection finale d’un établissement. Mais ce sont les mères qui se chargent du travail d’information préalable et des démarches liées au choix. Les pères, quand ils s’impliquent dans la construction des choix, sont plus nombreux à se référer à des données de type statistique. Les mères, elles, cherchent des éléments plus qualitatifs auprès notamment auprès d’autres parents.
On a souvent l'impression que ce qui motive les choix éducatifs des familles c'est leur rentabilité la plus apparente : atteindre l'établissement le plus prestigieux à tout prix. Est ce vraiment la règle?
Mon ouvrage déconstruit cette vision que l’on a communément des «consommateurs d’école». Certes, les évolutions du marché du travail ainsi que les modalités d’orientation dans le système scolaire poussent beaucoup de parents à se soucier particulièrement de la capacité des établissements à améliorer le «niveau» de leurs enfants et à leur permettre d’accéder à de «bons» établissements de niveau supérieur. Par ailleurs, parce que la seule source apparente de différenciation entre les établissements publics a trait aux résultats scolaires les parents tendent à percevoir l’offre publique de façon bipolaire avec, aux deux extrêmes, des «bons» et des «mauvais» établissements et, au milieu, un ensemble flou d’autres établissements. Ce phénomène est plus fort dans les grandes villes qu’ailleurs en raison de la forte ségrégation urbaine et scolaire et de ses effets sur l’adaptation des établissements au profil scolaire et social de leurs publics.
Pourtant les parents des classes moyennes ne font pas que des choix «instrumentaux». Ils font aussi des choix «expressifs», c’est-à-dire orientés vers le bien-être, le bonheur et le développement global de leur enfant, en procédant à des appariements entre les exigences des établissements publics et le profil scolaire et psychologique de leurs enfants, mais surtout en ayant recours à des établissements privés. Ces derniers ont en effet réussi à développer des «niches» dans le système d’enseignement en proposant une offre qualitativement beaucoup plus diversifiée que celle des établissements publics. On constate ainsi que le choix de collèges publics hors secteur est souvent justifié par les parents, dans les quartiers plus mélangés, en mettant en avant le potentiel scolaire de l’enfant qu’il serait dommage de «sacrifier» en le laissant dans le collège du secteur, alors que le choix du privé est souvent légitimé par référence aux goûts et aux traits de personnalité des enfants ou aux valeurs des parents.
De ce point de vue toutes les familles de classe moyenne ont-elle les mêmes stratégies et la même efficacité ? Peut-on tracer des portraits types qui pourraient aider les enseignants à décrypter les attentes des familles?
Il est clair que si les classes moyennes se distinguent globalement des classes populaires par une plus grande propension et facilité à choisir et par des choix plus réfléchis, les différentes fractions ne font pas des choix identiques. Les classes moyennes supérieures qui combinent un capital économique et un capital culturel élevés et que je désigne dans mon livre avec le terme de «technocrates» font des choix prioritairement guidés par des visées instrumentales et par le désir de récréer un «entre soi» social au travers principalement de deux stratégies : les choix résidentiels et le choix du privé. Les classes moyennes supérieures à haut capital culturel, ceux que j’appelle les «intellectuels», combinent «instrumentalisme» et «réflexivité». Ils cherchent des environnements scolaires caractérisés par la qualité du personnel enseignant, mais aussi par l’entre soi de «bons» élèves et ont pour cela principalement recours au choix à l’intérieur du secteur public ou à la «colonisation» interne des établissements du secteur, par exemple en faisant pression en faveur du regroupement de leurs enfants dans des classes de niveau.
S’il existe donc des différences qualitatives non négligeables au sein des classes moyennes supérieures, la fracture est plus importante avec les classes moyennes intermédiaires. Ces dernières donnent plus de place à des considérations d’ordre expressif, de même qu’elles sont plus sensibles aux effets ségrégatifs des choix d’un autre établissement public ou privé hors secteur. Ces deux tendances, couplées avec des ressources économiques et culturelles moins importantes, les conduisent à envoyer leurs enfants plus souvent dans les établissements du quartier que les classes moyennes supérieures, non sans mettre en place cependant relativement souvent, eux aussi, des stratégies de «colonisation». Ceci est notamment le cas des membres des classes moyennes intermédiaires ayant un capital culturel ou relationnel élevé, comme les professeurs des écoles ou les travailleurs sociaux que je range dans la catégorie des «médiateurs», mais c’est moins le cas des classes moyennes intermédiaires moins diplômées du secteur privé dont les pratiques se rapprochent davantage de celles des parents de milieu populaire.
Vous montrez aussi que l'attente de "l'entre soi" peut aller jusqu'au racisme. Avez-vous l'impression que ces conceptions s'atténuent ou cela s'aggrave-t-il?
Une des surprises de cette enquête c’est la spontanéité de certains propos sur les enfants et les parents immigrés. C’est délicat de dire que le racisme s’aggrave faute de travaux permettant des comparaisons dans le temps. Généralement on associe les propos racistes à la proximité avec les classes populaires selon le schéma traditionnel du «petit blanc» craignant une dégradation de son statut et de son identité liée à la cohabitation avec d’autres perçus comme très différents voire comme inférieurs. On retrouve des réflexes de ce type chez certains parents des classes moyennes intermédiaires dans les communes où il existe une forte mixité sociale et ethnique. Mais on trouve des propos du même ordre, parfois plus brutaux encore, chez des parents appartenant aux classes moyennes supérieures et vivant dans des «gated communities», ces quartiers totalement fermés, comme on en trouve à Rueil. Car l’entre soi n’empêche pas la peur des autres. Bien au contraire il la renforce et la légitime.
On a eu récemment un débat sur la publicité éventuelle des résultats de CM2, un autre sur les indicateurs des lycées, les résultats des statistiques sur la violence scolaire. Ces éléments influent-ils sur les choix des familles? Sur quelles bases informatives le choix se fait-il?
Je montre que les familles des classes moyennes se méfient de ces données statistiques «froides», du moins pour le choix du collège. Elles préfèrent des jugements «chauds», puisés auprès d’autres parents. Elles se demandent si ces données reflètent la réalité des établissements. Elles ont l’impression que ces chiffres sont manipulés par les politiques et, davantage encore, par les établissements. Elles expriment également des doutes quant à la possibilité de déduire, à partir de ces données, si tel ou tel établissement convient à leur enfant. Du coup elles préfèrent chercher des parents qui ont des enfants aux profils similaires aux leurs pour pouvoir effectuer des choix «sur mesure». Aucun des parents que j’ai rencontré n’utilise ces indicateurs comme critère unique de choix. Ils servent de toile de fond à une recherche d’informations plus pointues auprès de leur entourage ou des enseignants ou à confirmer ou à nuancer certains jugements.
Certains pays (Etats-Unis, Angleterre etc.) donnent beaucoup d'informations sur chaque établissement. Faudrait-il plus de transparence en France?
Cela dépend de ce qu’on appelle «transparence». La publication de davantage de statistiques n’irait certainement pas dans le sens d’un meilleur outillage des choix parentaux. Ce qui est important c’est, pour les établissements locaux qui ont une réputation moyenne, de montrer et d’expliquer leur fonctionnement aux parents. Cela crée de la confiance non seulement dans l’honnêteté des professionnels de l’éducation mais aussi dans leur capacité à faire face aux problèmes posés par l’hétérogénéité des publics scolaires. Je cite l’exemple d’un collège de Montreuil qui a réussi à attirer des parents des classes moyennes grâce à une bonne politique de communication. Cela ne rassure pas tous les parents, mais souvent une partie de ceux appartenant aux classes moyennes supérieures et intermédiaires du pôle culturel. Bien sûr, communiquer ne suffit pas si l’amélioration des résultats n’est pas à moyen terme au rendez-vous. Mais quand davantage de parents des classes moyennes choisissent de rester cela contribue à améliorer les résultats, ce qui attire d’autres parents des classes moyennes et on entre ainsi dans un cercle vertueux. Aujourd’hui en France, nombre d’enseignants estiment qu’ils n’ont pas à communiquer sur le fonctionnement de leur établissement. Mais souvent cette politique nourrit la mauvaise réputation et la méfiance des parents.
Quelle place tiennent les politiques pédagogiques des établissements dans les choix parentaux?
Un des aspects de la crise de l’Ecole c’est que l’Ecole elle-même a trop joué de l’instrumentalisation. Elle a elle-même dévalorisé son rôle pédagogique. On le voit par exemple dans la création d’options qui sont plus liées à la volonté de sélection qu’à celle de diversifier le bagage culturel des élèves. C’est le cas par exemple de nombreuses sections européennes, des classes bi-langues et, à un moindre degré, des classes musicales (CHAM). On arrive à une situation où la qualité de l’éducation proposée ne semble dépendre pour les professionnels de l’éducation comme pour les parents que du public des élèves sans référence aux contenus d’enseignement ni au type de pédagogie.
Cela renvoie à un discours souvent entendu, chez certains enseignants et ailleurs, selon lequel «on a tout essayé en vain» sur le terrain pédagogique…
Or combien de politiques pédagogiques ont été réellement appliquées ? Combien ont été évaluées ? Quand ce discours désabusé est porté par les enseignants et par les responsables administratifs et politiques, comment attendre des familles autre chose ? Cela nourrit fortement les choix d’établissements dans la mesure où les parents font de moins en moins confiance à la capacité de l’institution et de ses agents à changer la donne sociologique dans les établissements comportant une proportion importante d’élèves en difficulté.
Les enseignants font aussi partie des classes moyennes. Quel est leur comportement de choix? Dans quelle mesure influent-ils sur les choix?
On sait que les enseignants sont la catégorie qui choisit le plus dans l’enseignement public. Ils sont mieux informés que les autres parents. Ils ont aussi un accès plus facile aux dérogations. Ces pratiques de choix sont perçues par les parents, notamment par ceux des milieux populaires pour lesquels les enseignants jouent un rôle de groupe de référence, comme des indications de la qualité des établissements. Quand les enseignants ne mettent pas leurs enfants dans le collège du quartier, c’est pour ces familles un signal très fort qui les encourage à procéder de la même façon. Par ailleurs, les enseignants jouent aussi un rôle plus direct de prescripteurs. On trouve ainsi souvent des instituteurs qui déconseillent aux parents des bons élèves d’envoyer leurs enfants au collège du quartier si ce dernier souffre d’une mauvaise réputation, car ils perçoivent leur mission comme celle de protéger la scolarité des meilleurs et leur ascension au sommet de la hiérarchie scolaire.
L'Etat s'est orienté vers un allègement de la carte scolaire. Vous dites qu'il relaie et appuie les stratégies de clôture des classes moyennes. Comment fait il cela? Que devrait-il faire?
J’ai écrit récemment, avec Jean-Pierre Obin, un «Que-sais-je?» sur la carte scolaire qui traite cette question. Je montre que le développement des marchés scolaires est antérieur à la politique de libéralisation de la carte scolaire et qu’il résulte de l’addition d’un certain nombre de choix étatiques et de pratiques d’établissements. Je fais allusion notamment au maintien d’un secteur privé où les établissements et les parents peuvent choisir, aux assouplissements officiels de la carte scolaire et à la tolérance à l’égard des dérogations de certaines administrations ainsi qu’aux pratiques de sélection de certains établissements de bonne réputation, de même qu’à la répartition inéquitable de l’offre d’options et à la prolifération des classes de niveau. De ce fait on ne peut pas dire qu’il y ait eu un «avant» et un «après» l’introduction d’une politique officielle de libéralisation. Il y a continuité avec les choix politiques effectués à partir des années 1980 avec une légitimité plus forte accordée aux demandes des familles, même si la libéralisation ira dans le sens d’une accentuation des phénomènes de ségrégation et donc des inégalités.
L’Etat et ses agents sont ainsi partie prenante, par des choix officiels et des pratiques officieuses, de la mise en marché des établissements. Ils relaient les attentes et les pratiques des parents, mais ils font plus que répondre à la demande: ils favorisent, canalisent et légitiment dans nombre de cas les choix des familles et ce au nom notamment de la préservation de parcours protégés pour les bons élèves.
Aujourd’hui l’Etat justifie l’allègement de la carte scolaire en mettant en avant les dérogations accordées aux boursiers.
C’est une question que je vais étudier prochainement. En regardant d’abord qui sont les bousiers. Il n’est pas sûr que ce soient toujours les élèves les plus défavorisés car certaines familles ne font pas de dossier de demande. Ensuite, on a déjà pu observer que la priorité accordée au critère «boursier» par rapport à d’autres critères de dérogation varie selon les administrations locales. Enfin on peut penser que ce sont les bons élèves qui vont bénéficier en priorité des dérogations. Or la perte de quelques bons élèves dans un collège défavorisé peut changer du tout à tout son climat et son fonctionnement.
Certes, l’Etat ne peut pas revenir aujourd’hui à un modèle fondé exclusivement sur la contrainte car le droit à choisir correspond à une demande profonde des familles et à un modèle de société. Comment faire alors pour éviter l’accentuation inévitable des inégalités sociales qu’entraînerait une politique de libre choix ? Ce qui semble se dégager des travaux internationaux, c’est qu’il faut que l’Etat régule les choix soit, sur le modèle américain ou britannique, par des quotas en fonction des caractéristiques sociales ou scolaires des élèves, soit en harmonisant les pratiques entre les établissements d’un même bassin et d’une même zone. Certes la situation idéale serait celle où le choix ne serait pas nécessaire car toutes les écoles seraient perçues comme «bonnes». Toutefois, s’il est effectivement indispensable de mettre en place une politique de discrimination positive vigoureuse pour limiter les écarts entre les établissements, il faut aussi tenir compte des limites que pose la concentration des publics en difficulté dans certains d’entre eux.
La solution est alors davantage à trouver dans une politique urbaine?
Le désenclavement urbain ne peut pas lui non plus produire des miracles car s’il est difficile de réduire la concentration des populations défavorisées, il est encore plus ardu de limiter les pratiques d’agrégation des catégories favorisées. Par ailleurs, les situations locales sont très diversifiées. Pour étudier leurs effets sur les établissements d’enseignement, il faudrait pouvoir les suivre de façon très précise et constante. Or les administrations locales sont souvent débordées et manquent des données et des compétences nécessaires pour ce travail de longue haleine sur le terrain.
A escola hoje
A escola anda novamente nas bocas do mundo. Por causa da crise. Porque é necessário poupar e os resultados não correspondem às expectativas de quem governa.
Não se trata, agora, de reflectir sobre a ausência de uma política de educação, transversal à maioria dos partidos políticos, mas de deixar pistas para um debate que tem sido adiado sobre escola pública versus escolas privadas e sobre razões para as falhas que tanto se apregoam, mas sobre as quais pouco de pensa.
Pedimos desculpa aos que não dominam o francês, mas não encontramos os vídeos legendados. Chamamos a atenção para os vídeos 3,4, e 5.
Não se trata, agora, de reflectir sobre a ausência de uma política de educação, transversal à maioria dos partidos políticos, mas de deixar pistas para um debate que tem sido adiado sobre escola pública versus escolas privadas e sobre razões para as falhas que tanto se apregoam, mas sobre as quais pouco de pensa.
Pedimos desculpa aos que não dominam o francês, mas não encontramos os vídeos legendados. Chamamos a atenção para os vídeos 3,4, e 5.
Quels défis pour l'école ? (1) por schellerp
Quels défis pour l'école ? (2) por SEM-Production
Quels défis pour l'école ? (3) por SEM-Production
Quels défis pour l'école ? (4) por SEM-Production
07 maio 2011
António Barreto opina sobre a justiça em Portugal
"A justiça sabe segredos de muita gente. Sabe segredos da vida pessoal, da vida económica, da vida empresarial e da vida política e partidária. Quando formos capazes de analisar e investigar seriamente o que se passou em vários processos, ao longo dos últimos dez ou 20 anos, há processos que são incompreensíveis. Da Casa Pia ao Freeport, à Face Oculta e ao Apito Dourado. Há muitos fenómenos incompreensíveis nestes processos."
"Muitos deles envolveram personalidades políticas, personalidades dos partidos, dinheiros, autorizações, adjudicações, concursos ou escutas telefónicas, e vemos que em todos estes casos houve fugas de informação, houve quebra do segredo de justiça. Houve informação dada deliberadamente por operadores de justiça e eu estou convencido que os responsáveis são obviamente os procuradores e os juízes. Mas é muito curioso que todos estes episódios lamentáveis, obscenos, tenham sempre envolvido políticos ou ex-políticos, ou empresas que financiam os partidos ou estão a eles ligadas ou a empresas ou instituições que estão interessadas em adjudicações e concursos. Há um universo que era necessário investigar em conjunto. Pegar em dez ou 15 destes processos e ver como a justiça capturou a política. A capacidade de lóbi, de chantagem ou de ameaça que alguns corpos ligados à justiça têm de exercer sobre o governo é enorme."
"A Constituição deveria proibir a organização de sindicatos ou associações sindicais dos órgãos de soberania. Ou então permitiria a todos. Um sindicato de ministros, um sindicato de secretários de Estado, um sindicato de generais, sindicatos de tudo. Os juízes, eles próprios, se puseram na posição de funcionários públicos ao criar sindicatos. Têm exigências e ameaças de greve como se fossem funcionários públicos, mas depois dizem nós não somos funcionários públicos, nós somos órgãos de soberania. Querem o melhor de dois mundos e é o grupo profissional que em Portugal melhor conseguiu isso e é por isso que a justiça está refém destes aparelhos da justiça."
Fonte: i
"Muitos deles envolveram personalidades políticas, personalidades dos partidos, dinheiros, autorizações, adjudicações, concursos ou escutas telefónicas, e vemos que em todos estes casos houve fugas de informação, houve quebra do segredo de justiça. Houve informação dada deliberadamente por operadores de justiça e eu estou convencido que os responsáveis são obviamente os procuradores e os juízes. Mas é muito curioso que todos estes episódios lamentáveis, obscenos, tenham sempre envolvido políticos ou ex-políticos, ou empresas que financiam os partidos ou estão a eles ligadas ou a empresas ou instituições que estão interessadas em adjudicações e concursos. Há um universo que era necessário investigar em conjunto. Pegar em dez ou 15 destes processos e ver como a justiça capturou a política. A capacidade de lóbi, de chantagem ou de ameaça que alguns corpos ligados à justiça têm de exercer sobre o governo é enorme."
"A Constituição deveria proibir a organização de sindicatos ou associações sindicais dos órgãos de soberania. Ou então permitiria a todos. Um sindicato de ministros, um sindicato de secretários de Estado, um sindicato de generais, sindicatos de tudo. Os juízes, eles próprios, se puseram na posição de funcionários públicos ao criar sindicatos. Têm exigências e ameaças de greve como se fossem funcionários públicos, mas depois dizem nós não somos funcionários públicos, nós somos órgãos de soberania. Querem o melhor de dois mundos e é o grupo profissional que em Portugal melhor conseguiu isso e é por isso que a justiça está refém destes aparelhos da justiça."
Fonte: i
Portugal e Finlândia
Portugal... é uma nação.
Poderia tratar-se de uma piada futebolística, mas não. É apenas um vídeo caseiro para consumo estrangeiro. Um modo de fazer cócegas a quem vive no meio do gelo.
E um modo também de nos mostrar que não somos tão maus quanto pensamos. Não é que isso mude nada. Os problemas económicos da pátria portuguesa repetem-se há muito. As crises têm sido uma constante da nossa história. Saímos delas sempre sob a direcção de elites bem preparadas. Algo que, manifestamente, parece faltar nos dias de hoje.
As elites andam divididas. Falta-lhes formação filosófica e histórica. Falta-lhes, portanto, política, esse termo maldito, sem o qual não se percebe como pode um país ser orientado, impulsionado, governado.
Poderia tratar-se de uma piada futebolística, mas não. É apenas um vídeo caseiro para consumo estrangeiro. Um modo de fazer cócegas a quem vive no meio do gelo.
E um modo também de nos mostrar que não somos tão maus quanto pensamos. Não é que isso mude nada. Os problemas económicos da pátria portuguesa repetem-se há muito. As crises têm sido uma constante da nossa história. Saímos delas sempre sob a direcção de elites bem preparadas. Algo que, manifestamente, parece faltar nos dias de hoje.
As elites andam divididas. Falta-lhes formação filosófica e histórica. Falta-lhes, portanto, política, esse termo maldito, sem o qual não se percebe como pode um país ser orientado, impulsionado, governado.
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