António Carrapatoso, "chairman" da Vodafone, é um dos consultores do PSD. As suas ideias para Portugal passam pela máxima menos Estado, melhor Estado. Como? Carrapatoso acredita que um Estado forte e independente ao serviço dos cidadãos é aquele que desempenha com eficiência e eficácia todas as funções e actividades (mas só estas) que a iniciativa e o interesse individual dos cidadãos e das suas instituições privadas não conseguem garantir. Ou seja, no seu entendimento, áreas como a Educação e a Saúde não devem estar nas mãos do Estado, mas nas mãos de privados. Embora o Estado deva conservar a tutela dessas áreas, pagando os serviços prestados pelos privados. Acredita, portanto, que aquilo que move as empresas é o bem-estar e não o lucro. Ora, como facilmente se observa, a lei da oferta e da procura determina o custo elevado da prestação de serviços essenciais (como é o da saúde). A indústria farmacêutica fica com uma grande fatia do bolo e os prestadores de outros serviços (diagnóstico, tratamento,...) com o resto. Por enquanto, apesar de uma campanha sistemática contra o Serviço Nacional de Saúde, este tem-se revelado favorável aos cidadãos. A saúde em Portugal deu um salto gigantesco nas últimas três décadas. Mas parece-nos que no dia em que os serviços de saúde ficarem massivamente na mão de privados, assistiremos a situações complicadas, pois a delimitação de quem são os "realmente" carecidos empurrará os mais desfavorecidos para os guetos do desleixo e deixará a classe média portuguesa (cujos rendimentos são grosso modo muito baixos) a braços com a impotência.
Já quanto à educação, o caso é um pouco mais complicado. Embora consuma menos orçamento, para os gestores o que sempre parece estar em causa são os vencimentos dos professores. Parentes pobres na escala social, encontram-se remetidos a uma actividade onde cada vez interessa menos o cunho científico (o rigor) e mais o sucesso educativo (de uma população em quase tudo avessa ao rigor e, por isso, afastada dos desafios que o tempo lhes coloca).
À escola pública pede-se tudo e mais alguma coisa, mas investe-se mais em faz de conta do que em promover a formação adequada dos cidadãos (embora haja quem dentro da escola pública tudo faça para alcançar tão nobre propósito - algo que muitos pensam existir apenas em colégios ou escolas privadas, destinadas a classes altas). A articulação entre empresas, instituições e escolas é rudimentar. De resto, o problema do país, como se tem verificado, está mais no lado das empresas do que no dos que nelas trabalham. Continuam a funcionar em moldes arcaicos e a apostar em baixos salários, mesmo quando obtêm mais-valias substanciais.
Seria tempo de o Estado promover a articulação entre empresas e escola, estimulando (ao nível dos impostos) o contributo daquelas junto destas, até como estímulo para os alunos.
Passar o ensino para as mãos de privados não se afigura estimulante, pois isso mais uma vez beneficiaria apenas os grandes centros urbanos, onde há população suficiente para justificar concorrência. Nos outros sítios assistiríamos apenas às pequenas coutadas e/ou ditaduras que promovem a boçalidade, o servilismo e outras pechas que 48 anos de controlo nos legaram.
Já quanto à educação, o caso é um pouco mais complicado. Embora consuma menos orçamento, para os gestores o que sempre parece estar em causa são os vencimentos dos professores. Parentes pobres na escala social, encontram-se remetidos a uma actividade onde cada vez interessa menos o cunho científico (o rigor) e mais o sucesso educativo (de uma população em quase tudo avessa ao rigor e, por isso, afastada dos desafios que o tempo lhes coloca).
À escola pública pede-se tudo e mais alguma coisa, mas investe-se mais em faz de conta do que em promover a formação adequada dos cidadãos (embora haja quem dentro da escola pública tudo faça para alcançar tão nobre propósito - algo que muitos pensam existir apenas em colégios ou escolas privadas, destinadas a classes altas). A articulação entre empresas, instituições e escolas é rudimentar. De resto, o problema do país, como se tem verificado, está mais no lado das empresas do que no dos que nelas trabalham. Continuam a funcionar em moldes arcaicos e a apostar em baixos salários, mesmo quando obtêm mais-valias substanciais.
Seria tempo de o Estado promover a articulação entre empresas e escola, estimulando (ao nível dos impostos) o contributo daquelas junto destas, até como estímulo para os alunos.
Passar o ensino para as mãos de privados não se afigura estimulante, pois isso mais uma vez beneficiaria apenas os grandes centros urbanos, onde há população suficiente para justificar concorrência. Nos outros sítios assistiríamos apenas às pequenas coutadas e/ou ditaduras que promovem a boçalidade, o servilismo e outras pechas que 48 anos de controlo nos legaram.
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