23 setembro 2010

Legislar em benefício próprio

Como é fácil sacudir a água do capote quando em causa estão princípios. Princípios republicanos, como o da equidade, da justiça, da racionalidade. Princípios até de governabilidade.
A secretária regional não deveria ter mudado a lei sabendo que o seu filho iria beneficiar de bolsa. Ao fazê-lo, por mais o governo regional queira atirar areia para os olhos dos açorianos, incorreu em falta grave. Tão grave que, se fôssemos uma democracia a sério, teria de ser demitida imediatamente. Mas, pelos vistos, o que a senhora fez, fê-lo com o conhecimento de César. O que é mais grave ainda. Pois, nesse caso, o próprio César deveria ser demitido.
Como não somos uma democracia a sério, descartam-se responsabilidades e passa-se a mensagem de que vale tudo quando se está no poder. A diferença entre César e João Jardim é, de facto, nenhuma. O mesmo desrespeito pela equidade, pela justiça, pela racionalidade.
O governo pode decidir apoiar o curso X, Y ou Z com avultadas verbas. Pode, fê-lo, fá-lo e continuará a fazê-lo. Já por várias vezes deu tiros nos pés, queimando dinheiros públicos com benesses e prebendas cujos proveitos para a região foram nulos. Mas quem está subsidiodependente olha apenas para a barriga. Mais tarde ou mais cedo há-de chegar a factura, mas por enquanto folgam as costas e tudo parece fácil. Seja. Não se pode pedir ao povo que faça diferente quando os exemplos que colhe de cima são como este aumento dos montantes da bolsa para o filho da senhora secretária.
Alunos há que passam dificuldades porque as bolsas a que têm direito são ínfimas. A senhora secretária aufere um vencimento acima da média nacional. Não se percebe porque alguém com rendimentos líquidos ou brutos elevados tenha direito a bolsas, quando outros sem tais posses se vêem impedidos de beneficiar de bolsas. E não venham dizer que se trata de um curso específico. Porque se o curso de piloto é caro, os salários auferidos pelos que o possuem são elevados. E há o recurso a empréstimos facilmente cumpridos por quem ganha bem. Já no caso de quem tem dificuldades isso é quase uma miragem. Ou seja, no estado em que estão as coisas, não se põe em prática o princípio da equidade. Não. Beneficia-se quem já tem posses em detrimento dos que as não têm.
Estar muito tempo no poder permite estas e outras injustiças. César e o PS estão há tempo demais no governo e dão-se ao luxo de usar o dinheiro dos contribuintes como muito bem lhes apraz, certamente por saberem que as bolsas são migalhas quando comparadas com o que se gasta em empreitadas.
A gestão da coisa pública é sempre feita em benefício de poucos, a troco do suor e do esforço das maiorias.


18 setembro 2010

Assim se destrói a democracia

1) A lei é dura, mas é a lei.
2) Quem faz as leis?
3) Com que intuitos?

De vez em quando somos confrontados com notícias que apenas nos merecem um comentário: nojo!
E gostaríamos de deixar claro que não nos move a ingenuidade de pensar que governantes e/ou legisladores são inocentes no que quer que seja. Mas há limites. Limites impostos pelo bom senso e pelo equilíbrio de poderes. Ora tudo isso parece estar a ser posto em xeque. Apenas para o bem-estar de uma família.
O antigo regime acabou há muito. A ditadura idem. Mas parece haver quem entenda que no meio do Atlântico norte tudo é possível.
Vejamos as personagens envolvidas:
Ana Paula Marques, secretária regional do Trabalho dos Açores; Miguel Marques Malaquias, filho dessa secretária regional; o governo regional dos Açores.
Factos:
Nos Açores, as bolsas de estudo são financiadas com um subsídio equivalente a 65% da remuneração mínima mensal no arquipélago.
A secretária regional decidiu majorar o curso do filho (de Piloto de Linha Aérea) com um subsídio equivalente a 150% da remuneração mínima mensal.
Essa área de formação só passou a fazer parte do regulamento de concessão de bolsas de estudo a partir de Outubro do ano passado, através de uma portaria (n.o 80/2009, de 6 de Outubro de 2009) modificada e assinada pela própria secretária regional, Ana Paula Marques.
Dez meses passados, por despacho de 16 de Agosto, é atribuído a Miguel Marques Malaquias, filho da secretária regional do Trabalho e autora da mudança da portaria, uma bolsa de estudo que se destina a financiar a frequência do curso de Piloto de Linha Aérea, ministrado na Academia Aeronáutica de Évora.
A bolsa de estudo no Continente, no valor de 9500 euros, é acrescida de despesas inerentes à viagem de ida e volta de avião entre Lisboa e o arquipélago.
Como reage o governo quando inquirido sobre estas mordomias?
"Os apoios para os cursos de piloto de aviação civil eram atribuídos através de outros programas: numa primeira fase, até 2007, através do PODESA e, a partir dessa altura e até 2009, por Portaria do Governo." A secretária, Ana Paula Marques, decidiu optar "por integrar esses apoios no regulamento das bolsas de estudo, apenas para tornar a atribuição do subsídio mais transparente", lê-se na nota do gabinete do Governo Regional do Açores, liderado por Carlos César.
Recordemo-nos que há meses outra notícia mostrava como a mulher de Carlos César gastara avultada quantia aos cofres da Região para ir passear ao Canadá.
A isto chamam eles socialismo. Há quem mal tenha dinheiro para comida e medicamentos. Mas, em tempos de crise os membros do governo regional continuam a gastar à tripa forra.

Fonte: i

06 setembro 2010

Tiago Tejo e o o pixelejo




Pixel mais azulejo é igual a pixelejo. Diz o i que Do tédio de estar em casa sem fazer nada - na altura ainda não frequentava o curso de História de Arte, em Lisboa - nasceu o pixelejo, a nova forma de arte urbana "apreciada por miúdos e velhos".
Faz os pixelejos e depois cola-os pela cidade de Lisboa. É um artista cheio de preocupações ambientais: "Há prédios velhos em que falha o padrão de azulejo e muitas vezes ponho um diferente, só para chocar mais", conta. "Vale tudo desde que não estrague nada."

Mais aqui.

Uma das estrelas da guerra do Iraque,


responsável, cúmplice e altamente empenhado em que acontecesse, de seu nome Tony, Tony Blair, foi há dias alvo de um ataque com sapatos e ovos quando chegava a uma livraria em Dublin, Irlanda, para uma sessão de autógrafos da sua autobiografia. Os manifestantes em raiva queriam deixar claro que não esquecem o envolvimento do ex-primeiro-ministro britânico, chamaram-lhe “criminoso de guerra” e recordaram-lhe que tem “sangue nas mãos”.
Como devem calcular, mau grado o incómodo que a coisa momentaneamente provoca, Blair deve estar satisfeito com a publicidade dada à sua autobiografia A Journey. Pois não é suposto figuras assim terem pruridos de consciência (que há muito foi vendida ao diabo).

Banksy em filme

Exit throught the gift shop é o título do filme sobre arte urbana ou sobre Banksy. Estreia no dia 8 de Outubro em Espanha. Deve chegar a Portugal. Quando? Ainda é uma incógnita.
Pode ver-se aqui um excerto ou visitar http://www.avalonproductions.es/exit/ e descarregar de lá os tais 5 minutos de filme (uma amostra, claro).



Mais também aqui.