Deuses na tempestade

Lembram-se do Neptuno da Horta? Pois agora há um novo rosto, este, captado em New Brunswick, no Canadá.

Taça chinesa do século XVII com motivos pornográficos

A vida no convento de Santana em Lisboa, no século XVII, era um misto de luxo e devoção. Escavações ali realizadas pelos investigadores Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes apontam nesse sentido.
As escavações arqueológicas tiveram início em 2002 e terminaram em 2010, no local onde estão a ser construídos equipamentos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova, onde existia o edifício do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, ao Campo Santana.
No antigo convento, onde chegaram a viver cerca de 300 pessoas (em 1702), das quais 130 religiosas, foi encontrado um conjunto de 35 sepulturas, bem como variadíssimos artefactos que permitem identificar o quotidiano das residentes, fossem elas religiosas ou laicas.
Foram encontradas muitas peças de faiança portuguesa, porcelana chinesa, peças espanholas e italianas. Tudo objectos de grande valor e a que apenas famílias nobres teriam acesso. De entre as peças descobertas encontraram-se porcelanas chinesas da dinastia Ming, uma peça de cerâmica de origem vietnamita e algo até agora inédito: uma taça de porcelana com imagens que constituem uma espécie de manual de práticas sexuais, à semelhança de outras obras da época na filosofia do Kamasutra.
O investigador Mário Varela Gomes explica que aquela "é uma peça única no mundo", porque da época são conhecidas porcelanas chinesas com motivos eróticos, mas sem sexo explícito. "Esta peça ultrapassa tudo o que se conhece da época, já tem conteúdos pornográficos".
Paralelamente aos objectos que mostram a existência de luxo, foram descobertas escovas e pentes, mas também artigos de uso religioso, como um anel de martírio, cruzes e medalhas.

Poesia

A poesia é um caminho que passa directamente sobre a dor, o sofrimento, a morte e desemboca numa encruzilhada onde pairam os antídotos, mas também o silêncio.

A poesia é uma maneira de ver prosaica, que procura limpar o olhar do lixo sonoro e visual com que o uso e o costume envolvem as coisas.

A poesia é uma emoção filtrada por pensamentos e triturada por outras emoções que se cristaliza em palavras. Palavras ácido ou palavras mel.

A poesia também se encontra hoje em filmes que reconstituem processos, ângulos, sombras e tensões afins dos que há séculos se encontram nos versos.

Transformar a desolação em algo que parece poder-se tocar por momentos. Captar a porosidade e estranheza do que acontece dentro de um indivíduo. Resgatar do esquecimento e da morte histórias únicas, tantas vezes absolutos de infortúnio, medo e perda, que se tornam almofada e aconchego para muitos. Dons que a poesia conserva.

A poesia ou uma maneira de entrar despojado na noite escura.