12 março 2008

As línguas também morrem


De Espanha, pela mão do diário ABC, chega-nos a notícia da morte de Marie Smith Jones, aos 89 anos. Quando uma notícia começa assim, traz água no bico. De facto, essa morte significou o desaparecimento do eyak. Marie Smith Jones era a última representante de uma minúscula tribo do Alasca que falava eyak. No Alasca e nas ilhas Aleutianas vivem 63.390 nativos, 14.800 dos quais possuem ainda idiomas originais. O eyak de Marie Smith Jones era uma das três mil línguas em perigo de extinção, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Todos os dias morrem pessoas que falam algumas dessas línguas em vias de extinção.

O mundo das línguas está na proporção inversa da população mundial: 96% das línguas são faladas por apenas 4% da população mundial e mais de 80% dos idiomas são endémicos (e confinados a um só país). Mais de metade da população mundial serve-se de uma das oito línguas com maior difusão: o chinês (1.200 milhões), o inglês (478 milhões), o hindi (437 milhões), o espanhol (400 milhões), o português (230 milhões), o russo, árabe e o francês. Desequilíbrio que leva os cientistas a preverem o desaparecimento de 95% das línguas vivas neste século. Alguns estudiosos defendem que, a cada duas semanas, morre uma língua.

Os índices de extinção são muito elevados nas zonas onde há maior diversidade linguística: em África (onde mais de 200 línguas contam com menos de 500 falantes), na América, na Ásia (particularmente na Índia), na Oceânia, mas também na Europa. Para que uma língua sobreviva, dizem os especialistas, necessita, no mínimo, de cem mil falantes.

O bielorrusso e o tártaro estão potencialmente ameaçados. No grupo dos seriamente ameaçados estão: o ladino, aramaico, árabe cipriota, o yiddish, o gascão, o languedoquiano, o provençal, o alpino-provençal, o franco-provençal, o romani, o normando, o bretão e mais, muito mais.

Sem comentários: