31 julho 2011
29 julho 2011
Portugal visto da Alemanha
Segundo a “Der Spiegel” e Alexander Jung, que assina o texto, “Muitas coisas em Portugal estão sobredimensionadas e as drásticas consequências deste estilo de vida exorbitante estão agora a manifestar-se”, “as pessoas ficaram habituadas a automóveis velozes e apartamentos pomposos, tudo pago pelo crédito. Mas a aparente riqueza de Portugal era ilusória, porque não tinha qualquer ligação com a real solidez económica do país”.
“O país está num profundo estado de crise, mas parece previsível que o pior ainda está para vir. As taxas de juro estão a subir, pedir crédito é cada vez mais caro, os bancos estão a emprestar menos dinheiro, as empresas pararam de investir, algumas estão a desmoronar-se devido ao aperto do crédito, e a taxa de desemprego continua a aumentar. (...) Muitos portugueses estão, simplesmente, em estado de choque”.
Portugal “é um país que produz muito pouco e consome demasiado”, sofre de assinalável “falta de competitividade e de empreendedorismo”, bem como de “escassez de trabalhadores qualificados”.
Fonte: Jornal de Negócios
“O país está num profundo estado de crise, mas parece previsível que o pior ainda está para vir. As taxas de juro estão a subir, pedir crédito é cada vez mais caro, os bancos estão a emprestar menos dinheiro, as empresas pararam de investir, algumas estão a desmoronar-se devido ao aperto do crédito, e a taxa de desemprego continua a aumentar. (...) Muitos portugueses estão, simplesmente, em estado de choque”.
Portugal “é um país que produz muito pouco e consome demasiado”, sofre de assinalável “falta de competitividade e de empreendedorismo”, bem como de “escassez de trabalhadores qualificados”.
Fonte: Jornal de Negócios
European Film Gateway
São filmes, gente. E mais coisas. Ou, é a porta de acesso gratuito e universal a mais de 400 mil objectos – vídeos, fotografias, cartazes, materiais textuais e sonoros.
O European Film Gateway é coordenado pelo Deutsches Filminnstitut e pode ser utilizado não só por investigadores, jornalistas e criadores, mas também por um público alargado interessado em cinema.
Fonte: Público
O European Film Gateway é coordenado pelo Deutsches Filminnstitut e pode ser utilizado não só por investigadores, jornalistas e criadores, mas também por um público alargado interessado em cinema.
Fonte: Público
28 julho 2011
Ainda a propósito da CGD
Luís de Sousa, presidente da Transparência e Integridade - Associação Cívica (TIAC), vê, com preocupação, os sinais emitidos pelo novo Governo no que toca ao combate à promiscuidade, ao tráfico de influências e à corrupção na gestão do Estado. Sem que haja medidas concretas de prevenção ou combate, há sinais de que os comportamentos do poder em Portugal não tencionam mudar. Nesse sentido vai a nomeação de António Nogueira Leite, antigo secretário de Estado e dirigente do PSD, de Nuno Fernandes Thomaz, antigo secretário de Estado e dirigente do CDS, e do advogado Pedro Rebelo de Sousa para a administração da Caixa Geral de Depósitos, a qual repete a "falta de escrutínio sobre conflito de interesses" e perpetua, diz Luís de Sousa, "um problema que é sempre o mesmo: as velhas práticas mantêm-se, fazem o discurso da ruptura, mas continuam a nomear pessoas de confiança e proximidade política".
27 julho 2011
Outra subida brilhante
A Moody’s, segunda maior agência de “rating” do mundo, declarou que os seus lucros referentes ao segundo trimestre cresceram 56%.
Eles falam falam e depois
O Presidente da Caixa Geral de Depósitos ganhou no ano passado a módica quantia de 560.012,80 Euros. O Vice-Presidente da CGD recebeu 558.891,00 Euros.
António Nogueira Leite, um dos felizes contemplados, que passa a ser vice da CGD, dizia, em maio deste ano: «Portugal precisou de ajuda externa, cara e em condições que vão mudar a vida de todos nós, para poder continuar a assegurar financiamento ao Estado, às famílias e às empresas.» Num artigo onde fala em comendas e culpados. Pois, poois, deixa-os poisar, António, tu é que sabes como as coisas se fazem...
O nós de que fala tem uma ênfase ligeiramente oposta à que parece indicar. Nogueira Leite, como nós, sofre muito com a crise. Tanto sofre que lá está ele na cadeira de vice. Assim se mostra ao povo como viver bem não custa.
António Nogueira Leite, um dos felizes contemplados, que passa a ser vice da CGD, dizia, em maio deste ano: «Portugal precisou de ajuda externa, cara e em condições que vão mudar a vida de todos nós, para poder continuar a assegurar financiamento ao Estado, às famílias e às empresas.» Num artigo onde fala em comendas e culpados. Pois, poois, deixa-os poisar, António, tu é que sabes como as coisas se fazem...
O nós de que fala tem uma ênfase ligeiramente oposta à que parece indicar. Nogueira Leite, como nós, sofre muito com a crise. Tanto sofre que lá está ele na cadeira de vice. Assim se mostra ao povo como viver bem não custa.
A obscenidade
O óbvio: as fortunas engordaram (as maiores fortunas de Portugal cresceram 18% em 2011 ). A crise é para as maiorias.
O obsceno: dizer, como em certo jornal, que «Em época em que é impossível deixar de ouvir falar, diariamente, de crise - ele é nos jornais, na televisão, nos transportes, na rua e até num relaxante passeio à beira-mar - notícias como este "Top 10" das fortunas portuguesas da revista Exame soam como uma lufada de ar fresco. Assim, deixa-se de ouvir falar de cintos que se apertam e vacas que emagrecem para ficar a saber que o conjunto das 25 maiores fortunas de Portugal cresceu 17,4 mil milhões apenas no espaço de um ano. Ou seja, somam mais 17,8% do que em 2010.
Outro dado reconfortante que a edição de Agosto da revista Exame realça é que o conjunto das 25 maiores fortunas portuguesas equivale a 10,1% do Produto Interno Bruto português de 2010, a preços de mercado.»
Não sei como pode isso ser reconfortante quando a maioria tem de fazer contas e poupar na comida e noutros bens para poder aguentar o barco.
O obsceno: dizer, como em certo jornal, que «Em época em que é impossível deixar de ouvir falar, diariamente, de crise - ele é nos jornais, na televisão, nos transportes, na rua e até num relaxante passeio à beira-mar - notícias como este "Top 10" das fortunas portuguesas da revista Exame soam como uma lufada de ar fresco. Assim, deixa-se de ouvir falar de cintos que se apertam e vacas que emagrecem para ficar a saber que o conjunto das 25 maiores fortunas de Portugal cresceu 17,4 mil milhões apenas no espaço de um ano. Ou seja, somam mais 17,8% do que em 2010.
Outro dado reconfortante que a edição de Agosto da revista Exame realça é que o conjunto das 25 maiores fortunas portuguesas equivale a 10,1% do Produto Interno Bruto português de 2010, a preços de mercado.»
Não sei como pode isso ser reconfortante quando a maioria tem de fazer contas e poupar na comida e noutros bens para poder aguentar o barco.
26 julho 2011
25 julho 2011
24 julho 2011
22 julho 2011
Na Bienal de Cerveira a arte entrou no WC
Os artistas não gostaram e dizem que se sentem insultados. Obras de um indiano numa despensa, de um português num vão de escada e de um italiano na casa de banho das senhoras são apenas alguns dos exemplos da forma como a exposição estava organizada no pólo da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira instalado no Castelo.
A XVI Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, decorre entre 16 de Julho e 17 de Setembro e apresenta ao público seis linhas curatoriais: de Carlos Casteleira (“Ecúmeno”), Fátima Lambert (“Arqueologia do Detalhe”), João Mourão e Luís Silva ("Como proteger-se do tigre”), Orlando Britto Jinorio ("Construyendo Redes"), Lourenço Egreja e Paulo Reis ("Quatro apontamentos e um não lugar") e Solange Farkas ("Tempos em suspensão").
Há ainda espaço para outros projectos, da responsabilidade de José Alberto Ferreira, Pedro Oliver, Daniel Rangel, Silvestre Pestana, bem como a exposição do Concurso Internacional e artistas convidados, uma homenagem a José Rodrigues, workshops, ateliês infantis e residências artísticas, conferências, debates, concertos e filmes.
A XVI Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, decorre entre 16 de Julho e 17 de Setembro e apresenta ao público seis linhas curatoriais: de Carlos Casteleira (“Ecúmeno”), Fátima Lambert (“Arqueologia do Detalhe”), João Mourão e Luís Silva ("Como proteger-se do tigre”), Orlando Britto Jinorio ("Construyendo Redes"), Lourenço Egreja e Paulo Reis ("Quatro apontamentos e um não lugar") e Solange Farkas ("Tempos em suspensão").
Há ainda espaço para outros projectos, da responsabilidade de José Alberto Ferreira, Pedro Oliver, Daniel Rangel, Silvestre Pestana, bem como a exposição do Concurso Internacional e artistas convidados, uma homenagem a José Rodrigues, workshops, ateliês infantis e residências artísticas, conferências, debates, concertos e filmes.
As opiniões dividem-se
O ministro das Finanças justificou esta manhã no Parlamento o carácter preventivo do imposto extraordinário, dizendo que impede que se vá "de PEC em PEC até ao desastre final".
Paulo Trigo Pereira, professor do ISEG/UTL, diz, em artigo no Público, que deverá ser necessária mais alguma medida, dado que a receita do imposto extraordinário não parece ser suficiente para cobrir o défice, pois, no essencial, a consolidação continua a ser feita pela receita e não pela despesa.
Os números divulgados pela Direcção-geral do Orçamento (DGO) mostram que as pastas de Encargos Gerais do Estado, Presidência do Conselho de Ministros, Defesa, Administração Interna e Cultura apresentam uma evolução dos gastos com remunerações certas e permanentes que fica longe, sequer, do corte médio de 5%. A despesa com salários destes cinco ministérios até Junho ultrapassou os mil milhões de euros - o que representa 25,9% do total de despesas com vencimentos verificado até metade do ano.
Más notícias, portanto.
Paulo Trigo Pereira, professor do ISEG/UTL, diz, em artigo no Público, que deverá ser necessária mais alguma medida, dado que a receita do imposto extraordinário não parece ser suficiente para cobrir o défice, pois, no essencial, a consolidação continua a ser feita pela receita e não pela despesa.
Os números divulgados pela Direcção-geral do Orçamento (DGO) mostram que as pastas de Encargos Gerais do Estado, Presidência do Conselho de Ministros, Defesa, Administração Interna e Cultura apresentam uma evolução dos gastos com remunerações certas e permanentes que fica longe, sequer, do corte médio de 5%. A despesa com salários destes cinco ministérios até Junho ultrapassou os mil milhões de euros - o que representa 25,9% do total de despesas com vencimentos verificado até metade do ano.
Más notícias, portanto.
21 julho 2011
A moral dos empréstimos é boa quando pagas tu e eu
Quando se pede dinheiro emprestado, tem de se pagar juros. Quando prazo é curto, a coisa dói. Quando o prazo é dilatado, paga-se menos de cada vez, mas muito mais no cômputo geral.
Toda a gente parece muito contente com a notícia de que o juro a pagar por Portugal vai baixar, mas a nossa douta e profissionalíssima imprensa não se deu ao trabalho de fazer contas e dizer quanto é que vamos ter de pagar mais. O importante é dar voz ao senhor primeiro-ministro para continuar a educar o povo da nação.
Há alguns que teimam em gritar aqui d'el-rei, mas isso faz parte do entretenimento: “Nunca tivemos algo de semelhante na nossa História ao nível da dívida. No futuro, ou temos alguma coisa de diferente, ou esta situação da dívida externa bloqueia completamente o nosso crescimento económico” (João Ferreira do Amaral).
Toda a gente parece muito contente com a notícia de que o juro a pagar por Portugal vai baixar, mas a nossa douta e profissionalíssima imprensa não se deu ao trabalho de fazer contas e dizer quanto é que vamos ter de pagar mais. O importante é dar voz ao senhor primeiro-ministro para continuar a educar o povo da nação.
Há alguns que teimam em gritar aqui d'el-rei, mas isso faz parte do entretenimento: “Nunca tivemos algo de semelhante na nossa História ao nível da dívida. No futuro, ou temos alguma coisa de diferente, ou esta situação da dívida externa bloqueia completamente o nosso crescimento económico” (João Ferreira do Amaral).
Contra a classe média, destruir destruir
Os portugueses andam meio adormecidos. O governo não quer que isso aconteça.
Os portugueses adoram esta governo. O governo não gosta lá muito disso.
Vai daí, para resolver o assunto, o governo faz o que pode para esganar os portugueses. Tira-lhes dinheiro do subsídio de natal, aumenta astronomicamente os transportes públicos, põe-no a pagar taxas moderadoras e muitas novas medidas devem vir por aí fora.
O governo quer que o estado de graça que lhe tem sido dado pelos portugueses sofra um desgaste acelerado, a ver se no próximo ano pode mexer onde mais é preciso: nas benesses para os grupos económicos e bancos, concedendo-lhes ragalias à custa dessa corja infinda que são os assalariados de baixo custo.
Viva o governo! Viva!
Mais meia dúzia de meses e os portugueses vão começar a deitar as mãos à cabeça e a pedir que Sócrates volte.
Passos Coelho, que achava indigno os PECs, tem apertado mais os portugueses que Sócrates. E vai continuar. Enquanto o país não se partir ao meio, o governo não descansa.
Esta dos transportes públicos é uma boa medida: fazer com que se ande mais de carro, se consuma mais gasolina e gasóleo, para agravar mais a dívida externa e ter mais argumentos para esganar os portugueses.
Os portugueses adoram esta governo. O governo não gosta lá muito disso.
Vai daí, para resolver o assunto, o governo faz o que pode para esganar os portugueses. Tira-lhes dinheiro do subsídio de natal, aumenta astronomicamente os transportes públicos, põe-no a pagar taxas moderadoras e muitas novas medidas devem vir por aí fora.
O governo quer que o estado de graça que lhe tem sido dado pelos portugueses sofra um desgaste acelerado, a ver se no próximo ano pode mexer onde mais é preciso: nas benesses para os grupos económicos e bancos, concedendo-lhes ragalias à custa dessa corja infinda que são os assalariados de baixo custo.
Viva o governo! Viva!
Mais meia dúzia de meses e os portugueses vão começar a deitar as mãos à cabeça e a pedir que Sócrates volte.
Passos Coelho, que achava indigno os PECs, tem apertado mais os portugueses que Sócrates. E vai continuar. Enquanto o país não se partir ao meio, o governo não descansa.
Esta dos transportes públicos é uma boa medida: fazer com que se ande mais de carro, se consuma mais gasolina e gasóleo, para agravar mais a dívida externa e ter mais argumentos para esganar os portugueses.
18 julho 2011
A liberdade da baleia
Estava enredada numa rede de pesca de nylon e não se conseguia mexer. Corria risco de vida. Michael Fishbach deu com a baleia aflita e resolveu ajudá-la, mal percebeu que estava em más condições. Uma hora de trabalho árduo a cortar o nylon e com algum receio de que a baleia pudesse, num movimento brusco, provocar danos.
Tal não aconteceu. No fim, liberta, pulou. E uma criança no barco diz: porque está livre.
A liberdade, tão preciosa.
Tal não aconteceu. No fim, liberta, pulou. E uma criança no barco diz: porque está livre.
A liberdade, tão preciosa.
17 julho 2011
Palavras de um quase pessimista
Fala Miguel Cadilhe, antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva:
É claro que me custa ver hoje os destinos da UE submetidos a uma Alemanha que, como pessoas mais sábias do que eu disseram, não está à altura dos problemas. Nós podemos estar à beira de uma germanização de parte da Europa.
A população está preparada para os sacrifícios e é bom que haja uma boa distribuição dos sacrifícios.
o risco de execução e o risco social podem conjugar-se no pior sentido. Isto é, os nossos governantes podem assustar-se e sucumbir perante a agitação social, tentando reduzir o ritmo de execução do memorando. Isso, a meu ver, é pior, muito pior do que as consequências da austeridade bem executada.
Não podemos cair na utopia de pretender uma distribuição igualitária. Mas devemos procurar o mais possível que essa justa distribuição de sacrifícios seja, e repito-me, visivelmente procurada pelos políticos, pelos governantes.
Eu acho que as principais promessas eleitorais, em democracia, devem ser cumpridas. Tenho pena que, logo nos primeiros dias, a palavra tenha sido quebrada.
Com as medidas actualmente em curso, acha que Portugal tem condições para pagar a dívida?
Depende do crescimento económico e da redução dos défices externos. Quer uma coisa quer outra não estão totalmente ao nosso alcance. O crescimento económico depende da procura externa, assim como o défice externo. Podemos procurar vender produtos com qualidade e a bom preço - mas atenção que o preço está condicionado pelo euro forte e nós não mandamos nele. Mas quanto ao crescimento económico, o que é que os nossos políticos podem fazer por ele? Os políticos podem e devem fazer reformas estruturais...
Moody"s pode ter dúvidas quanto ao ritmo de execução. Também pode ter dúvidas de que, mesmo executando bem, seja insuficiente. Mas a Moody"s justificou o corte também porque tem dúvidas sobre o crescimento. E aí, eu dou-lhes razão. O crescimento económico não dá para pagar dívidas, dá é para fazer mais dívidas.
É claro que me custa ver hoje os destinos da UE submetidos a uma Alemanha que, como pessoas mais sábias do que eu disseram, não está à altura dos problemas. Nós podemos estar à beira de uma germanização de parte da Europa.
A população está preparada para os sacrifícios e é bom que haja uma boa distribuição dos sacrifícios.
o risco de execução e o risco social podem conjugar-se no pior sentido. Isto é, os nossos governantes podem assustar-se e sucumbir perante a agitação social, tentando reduzir o ritmo de execução do memorando. Isso, a meu ver, é pior, muito pior do que as consequências da austeridade bem executada.
Não podemos cair na utopia de pretender uma distribuição igualitária. Mas devemos procurar o mais possível que essa justa distribuição de sacrifícios seja, e repito-me, visivelmente procurada pelos políticos, pelos governantes.
Eu acho que as principais promessas eleitorais, em democracia, devem ser cumpridas. Tenho pena que, logo nos primeiros dias, a palavra tenha sido quebrada.
Com as medidas actualmente em curso, acha que Portugal tem condições para pagar a dívida?
Depende do crescimento económico e da redução dos défices externos. Quer uma coisa quer outra não estão totalmente ao nosso alcance. O crescimento económico depende da procura externa, assim como o défice externo. Podemos procurar vender produtos com qualidade e a bom preço - mas atenção que o preço está condicionado pelo euro forte e nós não mandamos nele. Mas quanto ao crescimento económico, o que é que os nossos políticos podem fazer por ele? Os políticos podem e devem fazer reformas estruturais...
Moody"s pode ter dúvidas quanto ao ritmo de execução. Também pode ter dúvidas de que, mesmo executando bem, seja insuficiente. Mas a Moody"s justificou o corte também porque tem dúvidas sobre o crescimento. E aí, eu dou-lhes razão. O crescimento económico não dá para pagar dívidas, dá é para fazer mais dívidas.
Dieta de optimismo
Às vezes é domingo e acorda-se virado para a lua, que tem, entre outros méritos, o de estar associada ao delírio. Pois hoje é domingo e inspirados por esse satélite lançamos aqui um manifesto contra Oprah Winfrey, Ellen DeGeneres, Rhonda Byrne, Spencer Johnson e Harvey Mackay, entre outros. Também não nos merecem simpatia pessoas como Joyce Meyer, Creflo Dollar ou Benny Hinn. Tão pouco todos quantos acham que o mundo está dividido em dois, de um lado os que pensam positivo e do outro os pessimistas depressivos. Já sabemos que Deus prefere os ricos, os que pensam positivo e todos quantos acossam e humilham os incautos com as supostas verdades do pensamento positivo.
Se o desemprego oferece oportunidades que todos esses milionários se despojem dos seus bens e os doem aos necessitados.
Se a doença é a porta para nos tornarmos mais espirituais, sensíveis e evoluídos que oferecem as suas fortunas a hospitais e a centros de tratamento.
Se o pessimismo não cria empregos, parece óbvio que também o optimismo não os cria.
Aliás, há coisas que "a crise" mostra bem. A que nos afecta a nós, aos gregos e aos irlandeses tem proporcionado, como diz Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, "ganhos para os alemães, porque recebemos da Irlanda e de Portugal juros acima dos refinanciamentos que fizemos, e a diferença reverte a favor do orçamento alemão".
O que se diz aos cancerosos, aos desapossados dos seus bens e a nós, portugueses, é que se tivermos fé, se pensarmos positivo, vamos sair da crise, como se esta dependesse da nossa vontade e dos nossos gestos.
A falácia, tantas vezes repetida e por tanta gente, acaba por fazer parte do "pensamento" do cidadão comum. A um ou outro ainda lhes pode passar pela cabeça a dúvida, mas logo a afasta, como se fosse um crime.
O pensamento positivo não passa disso mesmo, de um método brilhante de controlo social, ao dizer que não há nada de mau na economia, mas que o mal está dentro de cada um de nós, que não soubemos seguir o trilho correcto.
Do mesmo modo que o aumento de policiamento, o controlo nos aeroportos e o mais é supostamente para a nossa segurança, embora sirva sobretudo para nos tratar como gado e para limitar a nossa liberdade e individualidade. Como se cada um de nós fosse um potencial terrorista.
Voltando à Europa, há já "notáveis" (ver artigo de Teresa de Sousa no Público de hoje) a pôr o dedo na ferida e a dar o nome aos bois: "Não cabe aos contribuintes pagar por investimentos das instituições financeiras que acharam acertado comprar a dívida grega".
"(...) a Europa tem de ir bastante mais longe na regulação dos bancos e dos mercados financeiros e esforçar-se por que o mesmo aconteça a nível mundial. Esta crise foi também o resultado da falta de prevenção e de regulação dos mercados por parte das autoridades europeias."
Se o desemprego oferece oportunidades que todos esses milionários se despojem dos seus bens e os doem aos necessitados.
Se a doença é a porta para nos tornarmos mais espirituais, sensíveis e evoluídos que oferecem as suas fortunas a hospitais e a centros de tratamento.
Se o pessimismo não cria empregos, parece óbvio que também o optimismo não os cria.
Aliás, há coisas que "a crise" mostra bem. A que nos afecta a nós, aos gregos e aos irlandeses tem proporcionado, como diz Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, "ganhos para os alemães, porque recebemos da Irlanda e de Portugal juros acima dos refinanciamentos que fizemos, e a diferença reverte a favor do orçamento alemão".
O que se diz aos cancerosos, aos desapossados dos seus bens e a nós, portugueses, é que se tivermos fé, se pensarmos positivo, vamos sair da crise, como se esta dependesse da nossa vontade e dos nossos gestos.
A falácia, tantas vezes repetida e por tanta gente, acaba por fazer parte do "pensamento" do cidadão comum. A um ou outro ainda lhes pode passar pela cabeça a dúvida, mas logo a afasta, como se fosse um crime.
O pensamento positivo não passa disso mesmo, de um método brilhante de controlo social, ao dizer que não há nada de mau na economia, mas que o mal está dentro de cada um de nós, que não soubemos seguir o trilho correcto.
Do mesmo modo que o aumento de policiamento, o controlo nos aeroportos e o mais é supostamente para a nossa segurança, embora sirva sobretudo para nos tratar como gado e para limitar a nossa liberdade e individualidade. Como se cada um de nós fosse um potencial terrorista.
Voltando à Europa, há já "notáveis" (ver artigo de Teresa de Sousa no Público de hoje) a pôr o dedo na ferida e a dar o nome aos bois: "Não cabe aos contribuintes pagar por investimentos das instituições financeiras que acharam acertado comprar a dívida grega".
"(...) a Europa tem de ir bastante mais longe na regulação dos bancos e dos mercados financeiros e esforçar-se por que o mesmo aconteça a nível mundial. Esta crise foi também o resultado da falta de prevenção e de regulação dos mercados por parte das autoridades europeias."
16 julho 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)