Este é o meu testamento de Poeta (1994)
30 novembro 2008
D2O, o perfume da eternidade
“D” de deutério (isótopo do hidrogénio de massa atómica 2, em vez de 1). Eis o elixir da juventude, diz o cientista russo Mikhail Shchepinov. Ele, pelo menos, todos os dias sorve uma colher de água pesada – D2O. O sabor é ligeiramente adocicado.
Se um cubo desse líquido fosse colocado num copo, afundar-se-ia em água normal. A água pesada tem os seus perigos, por isso o cientista russo propõe que seja misturada com certo tipo de alimentos.
Para se perceber melhor o que está em causa, convém ver o que entendem os cientistas por envelhecimento.
A teoria mais bem aceite pela comunidade científica é a dos radicais livres, que defende que o corpo humano vai envelhecendo devido a danos irreversíveis provocados às biomoléculas. Os responsáveis por esta destruição são os radicais de oxigénio livres, compostos químicos agressivos que são um produto inevitável resultante do metabolismo das células. Os “estragos” vão sendo acumulados ao longo da vida até que chega o ponto em que os processos bioquímicos básicos do corpo deixam de funcionar. Estes processos estão associados a doenças ligadas à velhice, incluindo Parkinson, Alzheimer, cancro, falhas renais crónicas e diabetes.
O corpo humano produz antioxidantes que eliminam os radicais livres antes que estes possam causar danos. À medida que a idade avança, estes sistemas defensivos acabam também por ser destruídos e o corpo entra num declínio inevitável.
Até agora a maioria dos medicamentos para lutar contra o envelhecimento eram compostos por antioxidantes, como a vitamina C ou beta-caroteno, que serviam para ajudar estes sistemas de defesa, apesar de não haver evidências que o resultado fosse positivo. O bioquímico russo decidiu seguir um caminho diferente. Aproveitando a investigação que já fazia na área dos efeitos dos isótopos, decidiu conjugá-los com os conhecimentos que ia adquirindo sobre as causas do envelhecimento.
O conceito por detrás desta área é o de que a presença de isótopos pesados numa molécula pode diminuir as reacções químicas com outros compostos. Isto acontece porque são formadas ligações mais fortes na molécula. No caso do isótopo de hidrogénio escolhido por Shchepinov, o deutério, as ligações estabelecidas são 80 vezes mais fortes do que aquelas que são estabelecidas com hidrogénio normal.
A ideia é usar este efeito para tornar as biomoléculas mais resistentes aos ataques dos radicais livres. Para isso, o bioquímico defende que apenas seria necessário colocar deutério ou carbono-13 (outro isótopo pesado) nas ligações mais vulneráveis.
O deutério e o carbono-13 parecem ser não tóxicos, portanto a sua ingestão deixa de ser um problema.
Quando Shchepinov apresentou esta ideia (há ano e meio) fez questão de frisar as inúmeras experiências científicas que já provaram que as proteínas, os ácidos gordos e o ADN podem ser ajudados a resistir a danos provocados pelos ataques dos radicais livres recorrendo ao efeito dos isótopos.
No entanto, algumas experiências indicam que a água pesada não é completamente segura. Por isso, a ideia de Shchepinov é a de incorporar isótopos pesados na chamada “iFood”. Este método consistiria em adicionar à nossa dieta aminoácidos (constituintes das proteínas) essenciais - dos 20 aminoácidos utilizados pelos humanos, dez não podem ser produzidos e têm que ser ingeridos na forma de alimentos -, cujas ligações já tivessem sido previamente “fortalecidas”. Segundo o bioquímico russo esta estratégia é completamente segura, porque os átomos de deutério ligados ao carbono nos aminoácidos não são “trocáveis” e portanto não se ligariam à água do corpo. Uma das propostas seria a produção de carne, ovos ou leite enriquecido com deutério ou carbono-13, que seriam dados aos animais como alimento. Por enquanto, a “iFood” continua a ser apenas uma ideia. Até porque, como explica Shchepinov, citado pela “New Scientist”, “os isótopos são caros”.
Mas uma empresa, a Retrotope, não quis dar-se por vencida e lançou um programa de investigação para testar a teoria do bioquímico russo. Uma equipa do Instituto de Biologia do Envelhecimento em Moscovo, Rússia, realizou experiências com moscas da fruta em que os animais foram alimentados com diferentes quantidades de água pesada. Apesar das grandes porções terem provocado a morte da maioria das moscas, aquelas que receberam pequenas quantidades de água viram a sua expectativa de vida aumentar 30 por cento.
É, contudo, ainda muito cedo para saber se no caso dos humanos o efeito seria o mesmo. Shchepinov diz que “estes são testes preliminares e tem que ser reproduzido debaixo de grande leque de condições”: “É possível que o que estamos a observar nas moscas seja o efeito da restrição calórica (a única estratégia até hoje provada que aumenta a expectativa de vida em animais de laboratório), temos que fazer mais experiências”.
Nem toda a gente parece receber esta nova teoria entusiasmado. Alguns cientistas alertam que os danos causados pelos radicais livres sozinhos não podem explicar todas as mudanças biológicas que ocorrem durante o envelhecimento humano. Tom Kirkwood, investigador da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, citado pela “New Scientist”, considera que “a ideia de Shchepinov é interessante, mas já descobrimos que só faz sentido pensar no envelhecimento como resultado de múltiplas causas. O mecanismo por ele sugerido é provavelmente apenas uma pequena parte do puzzle”.
A natureza parece já se ter adiantado ao homem no recurso a isótopos químicos na protecção contra os ataques dos radicais livres. Os bebés e os ratos nascem com uma quantidade muito maior de carbono-13 nos seus corpos do que as mães, ao mesmo tempo que as mulheres quando estão grávidas passam a ter muito menos deste composto. Isto indica que parece haver uma transferência do isótopo para os fetos. Segundo Shchepinov, o que acontece é que o feto em crescimento incorpora de forma selectiva o carbono-13 nas suas proteínas, ADN e outras biomoléculas, para que assim estas se tornem mais resistentes aos ataques dos radicais livres. O bioquímico russo reitera que muitas destas proteínas e moléculas de ADN têm que durar durante toda a vida: “Cada um dos átomos do cérebro de um homem de 100 anos é exactamente o mesmo que ele tinha aos 15 anos".
29 novembro 2008
Um aluno é um aluno, logo tem sempre razão
«Uma professora da Escola EB 2,3 de Jovim, Gondomar, foi ontem agredida a murro, estalada e pontapé por um aluno de 16 anos, tendo recebido tratamento hospitalar.» É bem feita. Devia ter seguido as instruções de Sócrates e de Maria de Lurdes Rodrigues, a saber:
a) Um aluno tem sempre razão;
b) Um aluno é um aluno, logo um futuro cidadão com direito a voto e tem o direito de dar pontapés, murros e estaladas nos seus professores, porque isso faz parte da avaliação;
c) Um aluno que parte os óculos a um professor deve ter avaliação máxima e ser automaticamente inscrito no PS, onde terá direito a cargo elegível para os órgãos locais do partido, podendo vir a tornar-se, no futuro, um possível sucessor do grande líder José.
Quanto à professora desde já se informa que a sua avaliação é insuficiente e é por esta e por outras que há abandono escolar e que a educação em Portugal é o que é. O governo deve ponderar a sua exoneração imediata da corporação. Ao ver o comportamento do aluno deveria tê-lo incentivado e cantado com ele o hino do PS, chamando de imediato a atenção da DRE local e da federação do PS, para que o referido aluno fosse medalhado e mostrado ao país como um exemplo a seguir.
O primeiro-ministro, o governo, o partido - uma voz
Os nazis criaram campos de concentração cujo objectivo era exterminar judeus e outras minorias. Tantos anos depois ainda há quem teime que tudo isso é uma invenção para destruir o grande estadista que foi Adolf.
Durante o magistério de Salazar, Portugal viveu no melhor dos mundos. Fomos o país mais bem sucedido do mundo. De 1933 a 1974, Portugal foi uma nação próspera. Os que pensam o contrário estão a querer destruir a imagem do grande estadista que Salazar foi.
A África do Sul liberou-se há anos do apartheid. Criado em 1948, por lei, vigorou até 1990. Quem se opunha a essa lei só queria diminuir os grandes estadistas que eram os governantes brancos da África do Sul.
As leis são, como se pode ver pelos três casos acima referidos, criações de homens, de grupos, de interesses. Para Sócrates são obra divina e quem está contra as leis do seu governo deve ser excomungado.
Sócrates tornou claro, para quem tivesse dúvidas, que quem não faz o que ele quer está contra o governo. Se ele decide A, é porque A é melhor para o país (Sócrates está em comunicação com Deus 24 horas por dia). E quem disser o contrário é porque defende interesses corporativos.
Sócrates já disse que o modelo de avalição que o seu governo quer à viva força aplicar aos professores é o que melhor serve os interesses do país. Quem não concordar que se cale, pois não estar de acordo é um crime e os crimes têm de ser punidos (o pensamento deste Sócrates é sempre assim, básico, rudimentar).
O seu governo não se cansa nem cansará de usar as agências noticiosas e de propaganda para explicar ao país porque é que este modelo de avalição é tão importante (e em meses de blá-blá eu nunca vi isso explicado, mas o problema é certamente meu, que mal sei juntar as letras). Caso contrário estaremos mais 30 anos sem avaliação (já se perguntaram donde vem este número e por que o refere Sócrates? Não? Voltem acima e recomecem a ler).
Sócrates é socialista e muito amigo do nacional. Adolf Hitler era Nacional-Socialista.
Sócrates é engenheiro (sem ter sido avaliado, mas isso que importa?) e como engenheiro que é quer que o país novo seja uma obra com a sua assinatura. As obras que assinou e que as televisões mostraram falam por si, para quê falar em mediocridade, falta de gosto ou falta de preparação? Ele tinha que ganhar o seu, que diabo.
Fissidens exilis Hedw
Um investigador do Museu Nacional de História Natural encontrou uma planta que se julgava extinta em Portugal, numa ribeira das Caldas da Rainha, mais precisamente na ribeira da Quinta da Boneca.
A descoberta da Fissidens exilis Hedw surgiu no âmbito de um estudo ao comportamento das plantas e animais das linhas de água da zona Oeste, desde que as águas dos esgotos têm vindo a ser tratadas.
A descoberta da Fissidens exilis Hedw surgiu no âmbito de um estudo ao comportamento das plantas e animais das linhas de água da zona Oeste, desde que as águas dos esgotos têm vindo a ser tratadas.
A Fissidens exilis é uma planta da família das Fissidentaceae, que vive em taludes geralmente calcários, húmidos e sombrios, não formando geralmente populações de elevada dimensão.
Farhad Hakimzadeh, o vândalo iraniano
Ao longo de sete anos, um gentleman e intelectual iraniano consultou livros na British Library e noutras bibliotecas, e, com um bisturi, foi tirando páginas, mapas e ilustrações. As obras ficaram irremediavelmente danificadas.
O bisturi de Farhad Hakimzadeh estragou 150 livros. Livros raros. Esse acto comprometeu uma parte dos mapas que documentam os primeiros contactos entre europeus e as regiões do Médio Oriente e China.
Fê-lo por dinheiro? Não. Hakimzadeh, 60 anos, é um empresário iraniano que vive no Reino Unido (com passaporte americano), formado em Harvard, editor e conhecido intelectual. Na altura dos acontecimentos era director do Iran Heritage Foundation, uma fundação sem fins lucrativos criada em 1995 para promover e preservar a história, a língua e a cultura do Irão.
O primeiro alerta foi dado em Junho de 2006 por um leitor de uma dessas bibliotecas que requisitou um exemplar de A Relation of Some Yeares Travaille Begunne Anno 1626, de Thomas Herbert, e chamou a atenção dos responsáveis para a falta de algumas páginas.
Especialistas examinaram a obra e confirmaram que as páginas tinham sido meticulosamente cortadas. Foi então montada uma complexa operação para encontrar o autor do crime e também para perceber quais as obras que tinham sido amputadas. Através dos registos electrónicos foi possível fazer uma lista com os nomes de todos os leitores da British Library que tinham requisitado o livro em questão e depois foram examinar outras obras consultadas por essas pessoas. Foi assim que descobriram outros livros estragados - todos relativos ao mesmo período histórico e versando sobre a relação da Europa com a região que hoje designada como Síria e Bangladesh.
As páginas foram cortadas mesmo junto à espinha do livro e os mapas (um dos quais avaliado em 32 mil libras - 38 mil euros) foram removidos dos capítulos, quase sem deixar qualquer rasto. Apesar das evidências, a primeira reacção de Hakimzadeh foi negar tudo. Quando a polícia efectuou buscas em sua casa (Knightsbridge, Londres), em Julho passado, encontrou alguns dos mapas, páginas e ilustrações desaparecidas soltos e outras enxertadas em edições menos valiosas das mesmas obras.
No total, Hakimzadeh tinha requisitados 842 livros, dos quais 150 foram mutilados. Algumas das páginas arrancadas foram recuperadas mas outras continuam desaparecidas.
Uma das obras que ele mutilou é portuguesa, A Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, uma edição de 1620.
Outras obras danificadas por este estranho intelectual:
Istoria de la China i Cristiana empresa hecha en ella, de Matteo Ricci (1621).
Breue relacion, de la peregrinacionque ha hecho de la mayor parte del mundo, de Sebastian Pedro Cubero (1688).
J. G. W’s Ost-Indian – und Persianische Reisen, de Johann Gottlieb Worm (1745).
Mithridates, de Nathaniel Lee (1693).
Novus orbis regionum ac insularum veteribus incognitarum, de Simon Grynaeus (1537)
Historia della Persia, de Giovanni Pasta (1650).
Breue relacion, de la peregrinacionque ha hecho de la mayor parte del mundo, de Sebastian Pedro Cubero (1688).
J. G. W’s Ost-Indian – und Persianische Reisen, de Johann Gottlieb Worm (1745).
Mithridates, de Nathaniel Lee (1693).
Novus orbis regionum ac insularum veteribus incognitarum, de Simon Grynaeus (1537)
Historia della Persia, de Giovanni Pasta (1650).
28 novembro 2008
Frase da semana
Tem a palavra António Guerreiro: «os avaliadores são os sofistas do nosso tempo; a sofística da avaliação resolve sumariamente as questões dos critérios e da legitimidade dos avaliadores; o regime evita acima de tudo que se coloque a pergunta: quem avalia os avaliadores?» in Ao Pé da Letra, Actual / Expresso de 22 de Novembro
Lágrimas de crocodilo
Li o retrato-entrevista que o P2 de hoje dedica a Maria de Lurdes Rodrigues e comovi-me. Coitadinha da sra. ministra, já nem pode ir à temporada de música na Gulbenkian. Ir ao cinema, então... Isto de ser ministro é muito chato, muito chato mesmo. Então quando se é teimoso como Maria de Lurdes Rodrigues (quiçá por causa do que estudou, quiçá pela ambição que a rói por dentro).
Chorei baba e ranho ao saber que até nos aeroportos se reúne com o inenarrável Albino. É preciso uma paixão assolapada para tranformar os aeroportos em sala de reuniões (ou dar-se-á o caso do Albino não passar de um mero lambe-botas?)
Sofri, compungido, o parlamentar pedido de desculpas: "Peço desculpa aos senhores professores por ter causado tanta desmotivação."
Mete dó ver que um amigo de longa data (Manuel Villaverde Cabral, investigador e presidente do conselho directivo do Instituto de Ciências Sociais) não hesita: "Não se pode ser 'autoritário' com os professores", fazer deles "o bode expiatório do insucesso escolar", ser "'liberal' com os alunos e completamente 'populista' com as chamadas famílias - que, de forma geral, não são capazes nem fazem qualquer esforço para apoiar os filhos no processo de aprendizagem -, quando toda a gente sabe que, em qualquer sociedade, os alunos só têm êxito quando os pais entram com a sua quota-parte de esforço!" O sociólogo acha que o raciocínio político de Lurdes Rodrigues foi este: "O sistema educativo não funciona; a culpa é dos professores; o castigo será a avaliação!"
Não pude também deixar de gastar umas embalagens de lenços de papel ao ver que entende que o seu magistério é afim do Coelho de Alice no País das Maravilhas. Terão sido as temporadas de música que lhe abalaram o juízo ou será apenas um tique de sedução?
E depois de tudo, como não carpir, carpir, carpir, até formar uma lagoa maior do que a das Sete Cidades, ao saber que fez o ensino primário no Colégio de Santa Clara da Casa Pia de Lisboa?
De resto, a sra. ministra do governo rosa de Sócrates gosta de dizer: "Ainda me sinto anarquista". E ao vermos um anarquista no governo percebemos tudo. Ela faz o que tem feito para desestabilizar o governo. Ela quer que os professores estejam contra ela e acordem do seu longo sono.
Abençoada Maria.
Fernando Pessoa online
O Arquivo Pessoa é uma base de dados da maior parte da obra pessoana e tem capacidades de pesquisa de texto complexas. A recolha de textos para o projecto baseou-se nas edições principais da obra pessoana, mas não em todas. Estão lá as primeiras edições de cada obra e, em alguns casos, versões posteriores. A edição on-line, no estado actual, reproduz a base de dados editada em 1997 (em CD-ROM), pela Texto Editora e pela Casa Fernando Pessoa.
O portal MultiPessoa é "um instrumento didáctico". Na secção Labirinto encontra-se uma selecção antológica de textos de Fernando Pessoa em 13 percursos temáticos organizados em hipertexto, através do qual o leitor pode navegar (Vida e Obra, Obra Pública, Ocultismo, Fausto e Portugal são alguns dos percursos possíveis). Mais tarde, além de ficheiros áudio, será incluída a sessão Pessoana, uma espécie de Wikipédia com citações de textos de crítica literária sobre Pessoa e ainda uma secção de vídeos e jogos.
Fonte: Público
Quando a esmola é muita
Quando a esmola é muita, o pobre desconfia. Quando a teimosia é recorrente, o pobre encolhe os ombros. E à custa desse encolher de ombros, Portugal viveu demasiado tempo sob alçada do Estado Novo. Algo cujos efeitos nefastos ainda se fazem sentir - atraso do país em relação aos demais países da Europa; problemas estruturais e económicos que ainda não conseguimos ultrapassar; falta de participação dos cidadãos na vida comunitária; grande abandono escolar; iliteracia cultural.
Portugal conseguiu realizar, em trinta anos de democracia, progressos notáveis: a vida das pessoas mudou tanto que o bem-estar se tornou quotidiano. Mas ainda há coisas sinistras. Uma delas é a tríade que encabeça o monstro do Ministério da Educação. Figuras baças que, por desconhecimento do que é a realidade do ensino básico e secundário e com as cabeças formatadas por uma cultura pidesca e burocrática, resolveram criar um suposto modelo de avaliação do trabalho do professor que não só não avalia nada, como tem intuitos absolutamente perniciosos, na linha mais soez do Estado Novo: constranger o corpo docente a uma amálgama obediente.
Ora, os professores, nestas três décadas de democracia, foram protagonistas de uma escola diferente, democrática, embora cheia de problemas e de questões mal resolvidas, pois sobre as escolas têm sido despejados decretos-lei atrás de decretos-lei que tudo querem controlar.
Esses professores cresceram com a democracia e a pouco e pouco, desde que esta equipa ministerial iniciou funções, viram-se enxovalhados, amesquinhados e constrangidos a cumprir o despautério de um Cérbero que nem de olhos fechados está desperto, tal a ânsia de agradar ao chefe Sócrates.
O dito modelo de avaliação só é possível porque os professores, ao contrário de outros grupos profissionais, nunca possuiu um código deontológico que definisse as suas funções. Viu-se, por isso, entregue ao famigerado Estatuto cujos efeitos estão à vista: fantochada.
Em que é que isso contribuiu para melhorar a escola e o ensino? Em nada. Mas já piorou as coisas, com mais uma mãozinha ministerial que tenta a todo o custo que a escola seja entendida como um jardim de infância dos 3 aos 19 anos.
A continuarmos neste caminho não há democracia que aguente. Um país sem pessoas bem formadas é um país fantasma. A formação tem custos e o Estado, pelos vistos, não está na disposição de os suportar (até porque eleitoralmente rendem pouco ou nada), mas também não tem coragem para reformular a Constituição e eliminar a gratuitidade do ensino.
O Estado quer que todos andem na escola e está-se nas tintas para a aprendizagem ou para a formação. Até porque estas almas pardas parecem ser da opinião de que a escola pública é para a ralé.
O que lhes interessa, como aos tugas salazarentos, é o que ganha um professor e que essa massa salarial permaneça baixa, pois assim será mais fácil domesticá-lo e conduzi-lo qual títere.
Não lhes interessa que os professores invistam em formação científica, mas que invistam em formação... iliterária, que cumpram o que os cérebros iluminados e Maria e Jorge e Valter decidem.
A tal simplificação é bem a prova de que as iluminárias apenas estão preocupadas com o dinheirinho. Como se estivessem no ministério das finanças. De educação, está visto, não percebem nem querem perceber nada.
27 novembro 2008
6 ESTRATÉGIAS PARA GARANTIR O SEU SUCESSO ESCOLAR
1 – A assiduidade é muito importante para a avaliação. Convém ser dos primeiros a entrar na sala de aula e esperar até que o professor acabe de fazer a chamada, só depois esperar pelo momento certo para sair discretamente pela janela.
2 – Organizar o tempo disponível. Priorizar o sono, o namoro, as refeições, a televisão, a Playstation, a Internet e o convívio com os amigos. Se eventualmente sobrar algum tempo dedicá-lo, de preferência, às tarefas escolares.
3 – Registar objectivos ajuda a garantir a sua concretização. Escrevê-los a lápis é a melhor forma de registo, é mais fácil alterar objectivos do que atingi-los.
4 – Não ignorar as tarefas escolares. Dedicar algum tempo, ao deitar, a inventar uma desculpa válida para não ter feito os TPC's. É fundamental manter um registo de desculpas, para nunca as repetir.
5 – Em caso de dificuldades nas aulas, colocar questões. Por exemplo, perguntar ao professor se a esposa sabe que ele foi visto a tomar um copo com uma rapariga jeitosa no café da esquina vai certamente ajudar a subir as notas.
6 – Não esperar pelo final do período para garantir a positiva. Começar logo a copiar no início do ano lectivo.
2 – Organizar o tempo disponível. Priorizar o sono, o namoro, as refeições, a televisão, a Playstation, a Internet e o convívio com os amigos. Se eventualmente sobrar algum tempo dedicá-lo, de preferência, às tarefas escolares.
3 – Registar objectivos ajuda a garantir a sua concretização. Escrevê-los a lápis é a melhor forma de registo, é mais fácil alterar objectivos do que atingi-los.
4 – Não ignorar as tarefas escolares. Dedicar algum tempo, ao deitar, a inventar uma desculpa válida para não ter feito os TPC's. É fundamental manter um registo de desculpas, para nunca as repetir.
5 – Em caso de dificuldades nas aulas, colocar questões. Por exemplo, perguntar ao professor se a esposa sabe que ele foi visto a tomar um copo com uma rapariga jeitosa no café da esquina vai certamente ajudar a subir as notas.
6 – Não esperar pelo final do período para garantir a positiva. Começar logo a copiar no início do ano lectivo.
[A autoria, ao que sabemos, é de Jorge Seabra, professor]
Acordo ortográfico: ajuda
O acordo ortográfico, pese embora os problemas que vai colocar, é uma realidade e não tarda vai começar o sururu. A Porto Editora, antecipando-se ao desaguizado e querendo fidelizar os interessados por essa coisa que á língua portuguesa, resolveu criar um sítio que coverte o português que escrevemos no português que iremos passar a escrever. Chamaram-lhe Português exacto.
Diz a Porto Editora: Português Exacto «é um sítio com uma estrutura linear, onde rapidamente se pode aceder aos três módulos principais disponibilizados na área central: Conversor do Acordo Ortográfico, Dúvidas Resolvidas e Analisador Morfológico.
Como a própria designação indica, o primeiro módulo converte qualquer palavra escrita na grafia actual para a versão Acordo Ortográfico. O funcionamento não poderia ser mais fácil e prático: na janela superior do módulo insere-se o texto que se pretende converter – por exemplo, “Em Dezembro, será óptimo actualizar e adoptar o projecto” – e, após clicar no respectivo botão, na janela inferior surgirá a sua variante (“Em dezembro, será ótimo atualizar e adotar o projeto”).
De sublinhar que este módulo permite a consulta da mais significativa documentação referente ao Acordo Ortográfico, desde o Guia que explica as mudanças introduzidas aos diplomas oficiais de 1945 e 1990.
No espaço Dúvidas Resolvidas, o utilizador pode esclarecer inúmeras questões e dificuldades ortográficas. Basta digitar uma letra e surge uma lista de exemplos para seleccionar de acordo com a consulta que se quer efectuar. Do lado direito, tem-se acesso a uma relação das dúvidas mais pesquisadas, com comunicação directa à resposta.
Bastante útil é o módulo Analisador Morfológico. De uma forma funcional e imediata, é possível conhecer a classificação morfológica de qualquer vocábulo e, inclusivamente, aceder a tabelas de conjugação verbal (no caso de formas verbais) e de flexão nominal e adjectival (no caso de nomes e adjectivos).
Para além destas ferramentas, o Português Exacto permite uma pesquisa directa na Infopédia, através de uma janela colocada no lado direito do ecrã, e apresenta, diariamente, a Palavra do dia, que consiste no destaque de uma entrada, ou parte de uma entrada, do dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora. Por último, na área Novidades são destacados outros conteúdos linguísticos de interesse para os utilizadores.»
Como a própria designação indica, o primeiro módulo converte qualquer palavra escrita na grafia actual para a versão Acordo Ortográfico. O funcionamento não poderia ser mais fácil e prático: na janela superior do módulo insere-se o texto que se pretende converter – por exemplo, “Em Dezembro, será óptimo actualizar e adoptar o projecto” – e, após clicar no respectivo botão, na janela inferior surgirá a sua variante (“Em dezembro, será ótimo atualizar e adotar o projeto”).
De sublinhar que este módulo permite a consulta da mais significativa documentação referente ao Acordo Ortográfico, desde o Guia que explica as mudanças introduzidas aos diplomas oficiais de 1945 e 1990.
No espaço Dúvidas Resolvidas, o utilizador pode esclarecer inúmeras questões e dificuldades ortográficas. Basta digitar uma letra e surge uma lista de exemplos para seleccionar de acordo com a consulta que se quer efectuar. Do lado direito, tem-se acesso a uma relação das dúvidas mais pesquisadas, com comunicação directa à resposta.
Bastante útil é o módulo Analisador Morfológico. De uma forma funcional e imediata, é possível conhecer a classificação morfológica de qualquer vocábulo e, inclusivamente, aceder a tabelas de conjugação verbal (no caso de formas verbais) e de flexão nominal e adjectival (no caso de nomes e adjectivos).
Para além destas ferramentas, o Português Exacto permite uma pesquisa directa na Infopédia, através de uma janela colocada no lado direito do ecrã, e apresenta, diariamente, a Palavra do dia, que consiste no destaque de uma entrada, ou parte de uma entrada, do dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora. Por último, na área Novidades são destacados outros conteúdos linguísticos de interesse para os utilizadores.»
Amanhã poderão ver a notícia difundida nos jornais.
Tugas: manhosos e...
Se há povo que de tudo sabe e sabe com conhecimento de causa, é o português. Povo católico tanta vezes mais papista do que o papa, pois tem interiorizado um particular conceito de responsabilidade e de cidadania. Trai, mete cunha, aldraba, faz-se de vítima ou de coitadinho conforme os ventos e o ar do tempo.
Segundo o estudo “A Opinião Pública Portuguesa e a Sida – Ultrapassar a Era do Medo”, os tugas não fazem o teste do HIV por... receio. Medo de quê? Medo de pores a nu a hiprocisia em que vivem? Medo de serem seropositivos? Medo de terem uma doença de drógados e maricas?
Não, nada disso. Medo de serem discriminados. É que se há povo que está bem com Deus e o Diabo é o tuga. Concilia o incoliável em três tempos, mas, depois, tem destas coisas, receios de discriminação. O Tuga nasceu para viver em rebanho (será tara ibérica, do tempo em que o gado era um dos esteios da sobrevivência?) e a sida, está visto, é um estigma.
Qunado se trata de comportamentos de riscos, o Tuga é todo pelo natural, não tem medo de nada. A seguir vêm-lhe os calafrios.
O Tuga é um monumento europeu. E deveria ser acautelada a sua preservação. Pois se há coisa que ponha em risco a espécie é a sida. Essa coisa que o Tuga julga ser uma infecção mental e não passa de um vírus.
26 novembro 2008
Encélado
Na superfície de Encélado, uma das 31 luas de Saturno, há colunas de vapor de água que produzem jorros de gases de alta densidade. Isso mesmo diz o artigo de uma investigação publicada na britânica revista científica Nature. Os estudiosos do Jet Propulsion Laboratory (JPL), do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA), chegaram a essa conclusão depois de analisarem as imagens tomadas pela sonda Cassini (projecto conjunto da NASA e da Agência Espacial Europeia).
Quando a Cassini passou perto desse satélite de Saturno, em 2005, captou uma coluna de vapor de água a jorrar por umas fissuras do seu pólo sul. Os cientistas verificaram que entre essa coluna de vapor se destacavam jorros de gás de alta densidade. Pensam tratar-se de água líquida, com gás acelerado a velocidade supersónica em canais que funcionam como a boca de uma mangueira.
Odontochelys semitestacea, a mãe das tartarugas
Um fóssil surpreendentemente bem preservado de 220 milhões de anos, encontrado no sudoeste da China, parece trazer respostas quanto a um polémico debate sobre a evolução dos répteis: como é que as tartarugas desenvolveram as suas carapaças?
O fóssil da Odontochelys semitestacea - cerca de 10 milhões de anos mais antigo do que a anterior ossada de tartaruga - mostra que a protecção externa desse animal provinha directamente das costelas e da coluna vertebral e não da pele, como acreditavam alguns biólogos.
Os três exemplares adultos, bem conservados, desta nova espécie foram encontrados em 2007, na provincia de Ghizou. Apresentam características desconhecidas, tais como a presença de dentes e uma caparaça dorsal incompleta.
Serpentes Auriverdes
As fotografias ardem nas horas em que ardem em mim
pele, carne, uma boca branca com bagos de insónia. Atirado com pedras
coloco a cabeça nos orifícios da fuga. E quando chegas e abres a porta
a árvore onde o sol brilha e que olho há 50 horas
desaparece debaixo do teu desespero
o trabalho e a casa sem mundo, o barulho do êxodo que lá fora entra
nas tuas e nas minhas mãos
para fugir não temos força, ganhámos o torpor amarelo da rendição
como quem come carne de semelhantes. Olhamo-nos
e bolinhas de algodão caem à nossa volta,
pólens de luz eléctrica
a nossa voz sem palavras e sem fim
não é capaz de parar o murro que nos vicia
pergunto se vais ajudar no piquete
já lá estive, o povo que se foda, só lá estamos nós a pregar aos peixinhos
que se incendeie tudo com gasolina e espanquemos o governador civil.
João Almeida, A Formiga Argentina, Averno, 2005
pele, carne, uma boca branca com bagos de insónia. Atirado com pedras
coloco a cabeça nos orifícios da fuga. E quando chegas e abres a porta
a árvore onde o sol brilha e que olho há 50 horas
desaparece debaixo do teu desespero
o trabalho e a casa sem mundo, o barulho do êxodo que lá fora entra
nas tuas e nas minhas mãos
para fugir não temos força, ganhámos o torpor amarelo da rendição
como quem come carne de semelhantes. Olhamo-nos
e bolinhas de algodão caem à nossa volta,
pólens de luz eléctrica
a nossa voz sem palavras e sem fim
não é capaz de parar o murro que nos vicia
pergunto se vais ajudar no piquete
já lá estive, o povo que se foda, só lá estamos nós a pregar aos peixinhos
que se incendeie tudo com gasolina e espanquemos o governador civil.
João Almeida, A Formiga Argentina, Averno, 2005
Prendas de Natal
Para quem gosta de surpreender nas prendas de Natal, sugerimos alguns belos livros, todos de uma editora com tanto de discreta quanto de criteriosa, a Averno. Os pedidos podem ser feitos através dos endereços que encontra na página da editora.
Além destes que escolhemos, outros estão (ainda) disponíveis. As tiragens são reduzidas, os textos do melhor que por cá se edita, os objectos (os livros) preciosos: autênticas peças de coleccção.
De Vítor Nogueira, Comércio Tradicional.
De Manuel de Freitas, Brynt Kobolt.
De Henry James, Colaboração.
De Manuel de Freitas, Brynt Kobolt.
De Henry James, Colaboração.
De Jorge Roque, Broto Sofro.
Batman (1939-2008)
Batman não chega aos 70 anos. Bye bye homem morcego. Mas uma questão permanece? E Bruce Wayne? Também vai desta para melhor?
O desenlace da história poderá ser visto no mais recente número da série - "R.I.P. Batman". Um dos maiores mistérios é quem será o responsável pelo seu desaparecimento.
Batman é o alter-ego de Bruce Wayne, empresário e filantropo bilionário, que perdeu os pais quando ainda era miúdo. Terá sido essa a razão que o fez desenvolver as suas capacidades de lutador contra o mal e o banditismo. Pois o ter sido testemunha do assassinato dos pais levou-o a querer compreender a mente criminosa. Treinou todo o tipo de artes marciais e técnicas de combate (como os pais foram mortos com tiros de revólver, sempre teve aversão a armas de fogo), buscando a perfeição física e intelectual. Criou um uniforme inspirado no que o amedrontava em criança: morcegos.
Ao contrário de outros super-heróis, Batman não tem qualquer poder sobre-humano, servindo-se apenas do intelecto, da tecnologia, do dinheiro e de um físico altamente treinado. A sua casa é uma mistura de castelo gótico e laboratório, possuindo uma caverna com tecnologia de ponta.
Bruce Wayne terá nascido em 1910, filho do Dr. Thomas Wayne e de Martha. Bruce foi para a Mansão Wayne onde teve uma vida feliz e saudável até os oito anos, quando seus pais foram mortos por Joe Chill, um ladrãozeco, quando voltavam para casa depois de assistir a um filme. A educação de Bruce esteve a cargo de seu tio, Philip Wayne.
Os anos foram passando e Batman manteve-se sempre um homem robusto e próspero, apaixonado, atencioso, implacável. As peripécias da sua vida, as aventuras foram acompanhando as épocas, conseguindo sempre seduzir leitores. No último quartel do século XX, chegou ao celulóide e já houve vários filmes de Batman.
Em qualquer história do Batman surge a figura do mordomo, Alfred Thaddeus Crane Pennyworth. É um mordomo altamente dotado, não só com conhecimentos de medicina como de tecnologia.
25 novembro 2008
Maria de Lurdes Rodrigues vista por nuestros hermanos
La escuela está que arde. Una palabra maldita, evaluación, ha movilizado a los docentes. El 8 de noviembre, 120.000 maestros tomaron las calles de Lisboa para protestar. En marzo se habían manifestado 100.000. Hay unanimidad al señalar el malestar: el Estatuto de la Carrera Docente, de 2007, que divide el profesorado entre maestros titulares y maestros a secas, a partir del balance del trabajo realizado los últimos siete años. Y muchos llevan más de 20. Una evaluación que valora más a quien ocupa un cargo que a quien imparte clases.
La ministra de Educación, Maria de Lurdes Rodrigues, bestia negra de los sindicatos, finalmente ha anunciado, después de un Consejo de Ministros extraordinario, que el Gobierno retira por un año los aspectos más cuestionados. La mejora de los resultados escolares y la reducción del absentismo escolar ya no son criterios obligatorios de valuación. Hace una semana, el Ministerio estimaba inconcebible no contemplar las notas de los alumnos a la hora de evaluar a los maestros. La presencia del evaluador en las clases, condición que la ministra considera esencial y que levanta ampollas, también desaparece, excepto para los que aspiren a la calificación máxima. Éstos sí tendrán que someterse a la observación del evaluador, lo que no deja de ser una práctica discriminatoria.
La ministra de Educación, Maria de Lurdes Rodrigues, bestia negra de los sindicatos, finalmente ha anunciado, después de un Consejo de Ministros extraordinario, que el Gobierno retira por un año los aspectos más cuestionados. La mejora de los resultados escolares y la reducción del absentismo escolar ya no son criterios obligatorios de valuación. Hace una semana, el Ministerio estimaba inconcebible no contemplar las notas de los alumnos a la hora de evaluar a los maestros. La presencia del evaluador en las clases, condición que la ministra considera esencial y que levanta ampollas, también desaparece, excepto para los que aspiren a la calificación máxima. Éstos sí tendrán que someterse a la observación del evaluador, lo que no deja de ser una práctica discriminatoria.
in El País
Migas à Alentejana
Preparação
Corta-se o entrecosto e a carne em pedaços regulares e barra-se bem com os alhos pisados e a massa de pimentão. Reserva-se (um dia).
Corta-se o toucinho em bocadinhos. Numa "tigela de fogo" (de barro vidrado, muito estreita em baixo e larga em cima) levam-se a fritar as carnes e o toucinho juntando uma pinguinha de água para não deixar queimar. Retiram-se as carnes à medida que forem alourando.
A gordura (pingo) resultante da fritura das carnes é passada por um passador.
Tem-se o pão cortado em fatias. Deita-se o pão na tigela, rega-se com um pouco de água a ferver e bate-se imediatamente com uma colher de pau, esmagando-o. Tempera-se com o pingo necessário, batendo as migas. Estas devem ficar bem temperadas mas não encharcadas de gordura.
Sacode-se a tigela, sobre o lume, enrolando as migas numa omeleta grossa. A esta operação dá-se o nome de "enrolar as migas".
Quando as migas estiverem envolvidas numa crosta dourada e fina, colocam-se na travessa, untam-se com pingo e enfeitam-se com as carnes e com gomos de laranja.
Corta-se o toucinho em bocadinhos. Numa "tigela de fogo" (de barro vidrado, muito estreita em baixo e larga em cima) levam-se a fritar as carnes e o toucinho juntando uma pinguinha de água para não deixar queimar. Retiram-se as carnes à medida que forem alourando.
A gordura (pingo) resultante da fritura das carnes é passada por um passador.
Tem-se o pão cortado em fatias. Deita-se o pão na tigela, rega-se com um pouco de água a ferver e bate-se imediatamente com uma colher de pau, esmagando-o. Tempera-se com o pingo necessário, batendo as migas. Estas devem ficar bem temperadas mas não encharcadas de gordura.
Sacode-se a tigela, sobre o lume, enrolando as migas numa omeleta grossa. A esta operação dá-se o nome de "enrolar as migas".
Quando as migas estiverem envolvidas numa crosta dourada e fina, colocam-se na travessa, untam-se com pingo e enfeitam-se com as carnes e com gomos de laranja.
Ingredientes
500 g de entrecosto;
250 g de lombo ou costeletas de porco sem osso;
150 g de toucinho salgado;
800 g de pão de trigo caseiro duro;
3 dentes de alho;
3 colheres de sopa de massa de pimentão;
2 laranjas;
sal.
250 g de lombo ou costeletas de porco sem osso;
150 g de toucinho salgado;
800 g de pão de trigo caseiro duro;
3 dentes de alho;
3 colheres de sopa de massa de pimentão;
2 laranjas;
sal.
Bolinhos de cenoura, requeijão e ervas aromáticas
Preparação
Picam-se duas das cenouras, espreme-se o requeijão para tirar o soro, colocam-se ambos os ingredientes num copo alto de plástico, junta-se o azeite e as claras e bate-se com a varinha mágica até formar uma espécie de papa.
Pega-se nesse preparado e põe-se numa taça, junta-se a outra cenoura picada, o cebolinho, os orégãos e a salsa e mistura-se bem. A pouco e pouco, junta-se farinha, de forma a ganhar consistência e ficar uma massa espessa.
Depois, tempera-se com sal e pimenta a gosto, mistura-se bem, distribui-se a massa por forminhas de papel e leva-se ao forno (cerca de 35 minutos a 180ºC).
Um bom acompanhamento é a alface.
Um bom acompanhamento é a alface.
Ingredientes
1 requeijão
3 cenouras médias
3 colheres (sopa) de azeite
2 claras
2 colheres (sopa) de cebolinho picado
1/2 colher (sopa) orégãos
farinha q.b.
sal, pimenta e salsa q.b.
A Igreja mais feliz do planeta
Qual é a receita para ser feliz, segundo o pastor da Igreja da Amizade? Sexo, sexo diário. Sete dias seguidos de sexo para fortalecer o casamento e a família.
“Sexo é algo fantástico, e foi Deus que o inventou”, diz o pastor do Texas, Ed Young.
24 novembro 2008
Miguel Azguime - Itinerário do Sal
Miguel Azguime ganhou o Prémio Music Theatre Now, do Instituto Internacional do Teatro(ITI), com a ópera electroacústica e multimédia "Itinerário do Sal", na categoria "Other Forms Beyond Opera" (Outras Formas para Além da Ópera).
O galardão, a que concorreram 149 obras de teatro musicado de 32 países, foi atribuído pela primeira vez, no fim-de-semana, em Berlim, durante conferências e apresentações das 18 peças laureadas promovidas pelo ITI.
Avaliar é preciso
Este governo precisa urgentemente de ser avaliado. É que segundo dados vindos a lume o governo prepara-se para gastar mais 2,7 mil milhões de euros, grande parte por causa desse negócio chamado BPN. Para quem não previa gastar mais de 400 milhões, algo não bate certo. Ou os ministros se enganaram a fazer contas ou estamos a endividar-nos para pagar jogadas mal calculadas no xadrez da alta-finança.
O mexilhão já mal tem para remédios e paparoca. Mas não se pode aumentar pensões de quem trabalhou a vida inteira. Pode-se, no entanto, gastar o que não há para fazer de conta que continua a haver.
A avaliação será feita em acto eleitoral.
Aos saltos... um coelhinho de olhos vermelhos
O dia hoje amanheceu com céu limpo e o sol dá um ar da sua graça, embora corra uma aragem fresca. Em dias como o de hoje algo pula e aos pulos o mundo avança (hoje deu-nos para estas homilias poéticas): a Casa Pia volta às parangonas, depois da histeria e de o assunto ter deixado cicatrizes no PS. Cavaco Silva sentiu-se apertado e emitiu um comunicado sobre a sua não ligação ao BPN. O assunto ainda vai continuar a fazer correr tinta, tanto mais que a vítima é agora o PSD. Por falar em PSD, esse partido continua à espera do messias que o leve à vitória. E já vão qutro líderes queimados. Se o PS repetir a maioria será que o PSD aguenta ou ir-se-á desfazendo aos poucos?
A pouco e pouco, a Europa tenta fórmulas para evitar os efeitos da crise. Aquilo que parecia o ai jesus de todos os governos revela-se, afinal, facilmente contornável. Ou seja, a ganância financeira continua a ditar a política económica.
A ganância tem outro rosto: o cimento. No país vizinho consome-se com fartura. Para fazer crescer a economia. O pior é que daqui a alguns anos será esse mesmo cimento o busílis da questão e haverá quem exija ao Estado que limpe o que deixou sujar, isso se quiser manter o tão desejado turismo. Será possível conciliar turismo de massas com turismo de dieta vegetarina?
Poderíamos continuar neste rol de miudezas um tanto ou quanto deprimentes, mas preferimos terminá-lo com uma boa notícia. O coração sofre tantos atentados que às vezes claudica. Ora, uma equipa liderada por Lino Ferreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e do Biocant – Centro de Inovação e Biotecnologia, pôs em marcha um projecto que procura desenvolver novas terapias com células estaminais para a regeneração do músculo cardíaco pós-enfarte. E foi por isso premiado. Parabéns. E haja saúde!
23 novembro 2008
Does the Royal Family like Poornography?, de Jasper Joffe
A galeria Sartorial Contemporary, em pleno centro de Londres, acolhe desde 18 de Novembro quadros de membros da família real britânica lado a lado com outros do mesmo artista que mostram cenas de sexo oral e anal.
A exposição de Jasper Joffe leva o título de Does the Royal Family like Poornography?. Das dezoito telas de grande formato, oito retratam membros da família real nas poses a que já estamos habituados, embora as cores sejam acrílicos puros. Os restantes são cenas de sexo.
Diz o artista, «A família real é constantemente fotografada tal como se fotografam os modelos pornográficos, com a diferença de que aparece vestida.» E acrescenta, «Não creio que tenha faltado ao respeito. A família real e a pornografia existem. A única coisa que fiz foi juntá-las. Estou certo de que o príncipe Filipe já viu pornografia, pois serviu na Marinha Real».
Outros quadros de Jasper Joffe podem ser vistos aqui.
Monty Python e a pirataria
Os Monty Python assitiram durante anos à pirataria de que eram alvo os seus sketches humorísticos. Resolveram, por isso, criar eles próprios um canal no YouTube.
Dizem, aos piratas, «sabemos quem sois, sabemos onde viveis e podíamos perseguir-vos de maneiras tão horríveis que nem dizemos. Mas tendo em conta que somos uns tipos extraordinariamente porreiros, encontrámos a melhor maneira de recuperar o que é nosso: criámos o nosso próprio canal no YouTube.»
O governo por VPV
Vasco Pulido Valente diz, na última página do Público de hoje: «Uma pessoa abre o jornal ou liga a televisão e revê, pasmado, a velha propaganda antidemocrática de 1930. Umas vezes, subtil; outras vezes, muito taxativa e franca. Umas vezes, melancólica, outras vezes, quase triunfante. A miséria geral e perspectiva de uma miséria maior, a fraqueza do regime e uma irritação crescente anunciam o caos.»
22 novembro 2008
A esquizóide cruzada de Maria de Lurdes Rodrigues
Os artigos de opinião de São José Almeida, jornalista do Público, são sempre lidos aqui na casa do Pisca. Há neles um olhar fresco, capaz de detectar pontos que ficam obscurecidos entre a propaganda e o frenesim das agências noticiosas.
Excertos do de hoje: «Durante mais de três anos Maria de Lurdes Rodrigues, com absoluto apoio de José Sócrates, foi esticando a corda, forçando a pressão sobre os professores. Sempre com uma táctica de afronta directa. Sempre insistindo na demagogia de que o mau funcionamento da escola era responsabilidade dos professores. Sempre assumindo um tom de insulto de quem considera que os professores são pessoas mal formadas, que estão de má-fé nas escolas, que escolheram ou aceitaram leccionar apenas para fazerem uma carreira fácil (?), relativamente bem remunerada (?) e que permite estar de papo para o ar (?), gozando a vida.
Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma mastodôntica estrutura de poder que envia directivas em cascata para as escolas. Quando é sabido que nada se passa numa escola sem que haja autorização, ordens, licença da 5 de Outubro ou da 24 de Julho. Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma espécie de Titanic à beira de se afundar, ingovernável e cheio de pequenos poderes autoritários e de tiranetes patéticos, como já afirmei aqui (PÚBLICO 17/06/2006). Maria de Lurdes Rodrigues achou que podia atirar-se aos professores, como se eles fossem a origem de tudo o que corre mal no mundo da educação, como se fossem bandidos, que é preciso admoestar.
Ou seja, Maria de Lurdes Rodrigues elegeu os professores como bodes expiatórios de um sistema de ensino, apontando-os como uma cambada de preguiçosos e calões, aproveitadores dos dinheiros públicos e que se estão nas tintas para os alunos. E assumiu-se a si como a salvadora do sistema, que ia moralizar a classe docente, impor regras, acabar com a balda da escola pública. Ora, ao fim de três anos, a esquizóide cruzada de Maria de Lurdes Rodrigues resultou naquilo que era previsível. Os professores fartaram-se de ser insultados, fartaram-se de ser tratados como párias. E Maria de Lurdes Rodrigues bateu contra a parede.»
(...)
«É pena que Maria de Lurdes Rodrigues dê o dito por não dito e vá abastardando o seu modelo de avaliação, que garantia perfeito, com pequenas alterações tácticas, que não resolvem nada do problema de fundo, só mostram a sua incapacidade para o lugar que ocupa. É pena que o Governo não perceba que não se governa satisfazendo as reivindicações da rua, mas também não se pode governar ignorando o pulsar da rua. É pena que o PS tenha esquecido que é Governo.»
(...)
«Quanto à reforma de José Socrátes e do PS para a educação: qual era mesmo o objectivo? Melhorar a escola pública? Era?»
Pranto pela cidade do Porto
Foi, no século XIX, uma cidade rica em peripécias, em vida, em história e cultura. A pouco e pouco foi perdendo importância, para uma Lisboa cada vez mais centralista. Hoje é uma cidade quase morta.
Gaia e Matosinhos recolheram os centros comerciais, e a cidade para a qual foram feitas muitas promessas (a última teve o nome de Porto 2001) está a perder gente, vida, dinamismo. O actual presidente da câmara, bem como os antecessores, nada fizeram para revitalizar a cidade. As obras da Porto 2001 complicaram a vida à população e aos turistas e muitos deixaram de lá pôr os pés. O comércio foi-se ressentindo. Junte-se ao caldo azedo a migração da população jovem para as periferias ou para outros países e tem-se uma cidade que necessita urgentemente de captar população para o seu interior. Há centenas, senão milhares de casas devolutas. Há gente que gostaria de viver no centro da cidade, mas não pode, quer pelo preço, quer por falta de estacionamento. A vida cultural da cidade esmoreceu. Os cinemas fecharam portas. Os teatros ficaram sem dinheiro, pois para Rui Rio tudo o que não corresponda ao seu gosto de iletrado não serve.
Os comerciantes parece que acordaram agora. Agora que se aproximam as movimentações para as eleições autárquicas. Ainda bem. Já vá vai sendo tempo de o Porto debater a sua situação.
Mulher bate no homem. Homem bate na mulher
Gosto muito de ti, pás, pás! Oh, como gosto de ti, pof, pof! À estalada e ao pontapé nos entendemos.
Ela lembra-se sempre que começamos a namorar há cinco meses e a primeira bofetada foi três dias depois. Ai como eu gosto dela.
Este será o tipo mais recorrente de violência física. Ele bate nela. Mas também há o inverso: ela bate nele.
E o que parece caricato, para não dizer absurdo, é o pão nosso de cada dia. Às vezes, o fim é trágico. Senão, veja-se: Cátia discutiu com o namorado, X. Aquilo foi um filme pegado. Na noite de quarta-feira terá ido a uma festa com o namorado e um grupo de amigos, nas redondezas. No final, por volta das 05.00, pararam numa bomba de gasolina. Cátia estava furiosa. Alguém a viu pontapear o Mercedes do namorado, aos gritos. A certa altura, terá agredido o jovem com uma cabeçada, partindo-lhe um dente. Entre discussões e agressões, o namorado decidiu ir para a viatura. Quando arrancava, Cátia lançou-se para o interior através da janela do condutor. Não se sabe o que se passou dentro do carro. Apenas que mais adiante o carro parou e Cátia saiu. O carro deu a volta para voltar ao posto de gasolina. Cátia atravessou a estrada para ir atrás dele, em direcção ao parque de uma bomba de gasolina, e nesse instante foi colhida por uma carrinha de uma empresa de panificação. Teve morte imediata. O acidente deu-se por volta das 05.30 em Vale Figueira, S. João da Talha, Loures. [in DN]
21 novembro 2008
A cores e a preto e branco
São fotos, senhor. Dois milhões de fotografias da Life, essa revista que durante gerações entreteve o mundo. Totalmente grátis. Muitas das fotos agora disponíveis nunca foram publicadas. As mais antigas remontam a 1860.
Uma parceria Google e Life que dá isto. Mark, Twain, Picasso, Marilyn Monroe, Neil Armstrong. Comboios, aviões, As duas grandes guerras e outros momentos bélicos que marcaram o século XX. A crise de 1929 e as consequências. Missões espaciais norte-americanas. E mais.
A Life saiu para a rua no ano de 1883 e morreu há dois anos.
Europeana, a biblioteca digital da UE
Mais de dois milhões de obras dos 27 Estados-membros da União Europeia num sítio: Europeana. Infelizmente, começou hoje e já está indisponível. Excesso de visitas. Pode ficar com uma ideia indo a outra ligação: aqui.
Acessível, em todas as línguas da UE, a biblioteca multimédia europeia conta com material fornecido por mais de 1000 organizações culturais de toda a Europa, incluindo Museus, como o Louvre de Paris, que forneceram digitalizações de quadros e objectos das suas colecções. Ali se podem consultar livros, mapas, gravações, fotografias, documentos de arquivo, pinturas e filmes do acervo das bibliotecas nacionais e instituições culturais dos 27 Estados-Membros da UE.
Diálogo... de surdos
Dar-se-á o caso de o Governo ter um problema do foro otorrinolaringológico? É que depois de tanto diálogo, depois de tanta reunião ainda não percebeu o que já todos perceberam: que a dita avaliação não avalia nada, pois não passa de devaneio burocrático de um governo de faz de conta.
Educar é uma ciência e uma arte. Arte porque não tem regras fixas, ou seja, cada caso é um caso, cada circunstância é única. Ciência porque tem método, levanta problemas, coloca hipóteses, procura soluções.
Para o governo é uma religião. Ele diz como é (Sócrates é um iluminado e Maria de Lurdes a discípula que segue o mestre) e todos fazem como ele diz.
Curiosamente, o governo apenas diz que a avalição é assim e ponto. Porquê? Porque procura a qualidade do ensino? Não. Se fosse esse o caso saberia que leis fazer. Trata-se tão-só de poupar em salários. Repetimos: poupar em salários. O resto é para inglês ver.
Um governo para agir precisa de ter um programa de acção. Como é do domínio público, este governo deitou o programa que tinha no caixote do lixo e governa ao sabor de interesses e de momentos.
Não tem uma ideia que seja para a educação. Sublinhamos: uma ideia. Nada! A acção do governo, como a de antecessores, limita-se a atrapalhar a vida das escolas com despachos e decretos-lei. E sempre com o olho posto nas estatísticas internacionais, porque os governantes têm ambições, sonham com tachos mais atractivos em países onde se ganha muito mais do que em Portugal.
Já houve debates na sociedade civil por causa do eduquês. Que fez o governo? "Dialogou", ou seja, fez ouvidos de mercador, ignorou pontos de vista e opções. Persistiu no que já tinha. Porque assim é mais fácil, atira-se com a culpa para o lado mais fraco: os professores.
Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues desprezam os professores. Porque... ganham pouco e têm fraca representatividade social, embora tenham nas mãos mais de um milhão de alunos. Desprezam-nos porque os professores nunca fizeram uso desse poder. NUNCA!
Nem agora.
Os professores limitam-se a ter bom senso e a fazer o que podem para que o maior número de alunos alcance bons resultados, para que progridam, para que sejam cidadãos activos. O seu papel é diminuto. As escolas são sempre o reflexo do que as rodeia: política, económica, social e culturalmente. E seja em que domínio for, o país é débil. A classe política é medíocre (o governo aí está para o provar). A maioria dos portugueses têm salários de países de terceiro mundo, para que meia dúzia possa ganhar o que os congéneres dos países ricos não ganham (apenas nos referimos a salários pagos pelo erário público). A sociedade continua a reger-se por valores onde a cunha, a pequena vigarice e a pequena corrupção são sinónimos de sobrevivência. A cultura é o somatório disso tudo.
Que fez o governo, este governo, para mudar isso? Nada. Prometeu muito, mas sempre que o assunto toca nos grandes interesses, cala-se muito bem caladinho e faz de conta que faz (preço dos medicamentos, impostos, benesses de gestores, prazos e custos de obras públicas, acordos com empresas, etc.).
Isto da educação é um circo que lhe dá jeito, embora a conjuntura nem por um momento dê sinal de lhe facilitar a vida. A crise já fez estragos (BPN e o mais que aí está a pôr o nariz de fora), o desemprego aumenta, o consumo baixa, os salários e pensões não sobem...
O que se pedia era que ao menos revelassem inteligência e percebessem que abrir mão da avaliação era um sinal para negociar de outra maneira. Mas não, queimam cartuchos e habilidades para mostrar que não cedem. Não cedem? É só darem-se ao trabalho de ver os anúncios feitos por Sócrates com pompa e circunstância e ver onde param os resultados. Apenas isso.
A Ministra do Simplex
Primeiro enriça (complica). E teima que é assim. Depois vai a cem e tira três para dizer ao mundo que simplificou. Para que a máquina de propaganda do governo passe para a opinião pública a ideia de que a ministra está a facilitar o diálogo.
Talvez seja a proximidade da quadra natalícia. E Maria de Lurdes Rodrigues acredite no Pai Natal e deseje que o país também acredite nisso - afinal somos um dos países que mais gasta no euromilhões.
De resto, na prática continua tudo igual. E à enésima entrevista a nação já sabe quem é MRL, o que pensa, o que diz querer. Aquilo parece uma velha cassete riscada: dá sempre a mesma música e encrava. Ainda hoje ou amanhã assistiremos a mais um choradinho da senhora ministra, sempre tão aberta ao diálogo. Ela fala os outros dizem amém. Caso contrário ela chora e diz que passa muito tempo a dialogar.
Talvez Sócrates, tecnológico como é, deva oferecer aos seus ministros um ipod como prenda de Natal. Pelo menos à sua estimada Ministra da Redução Salarial - que outra coisa não pretende.
20 novembro 2008
Copérnico (1473-1543)
e o seu retrato mais conhecido
Quem era? O que fez? Eu, confesso, não faço ideia. Podem ajudar-me?
Pergunto isto porque descobriram na Polónia uns restos de alguém que dizem ser Nicolau Copérnico, um herege que ousou dizer (credo, cruzes, canhoto) que o Sol não andava à volta da Terra.
Parece que é dele a seguinte frase: "O que é na verdade mais belo do que o céu, que, certamente, contém todos os atributos da beleza? Isto é proclamado pelos seus verdadeiros nomes, caelum e mundus, este último significando clareza e ornamento, como a escultura antiga."
Uma ajudinha, por favor? Quem foi?
Dizem que receava os militantes da ignorância, sempre prontos a incinerar cientistas ou vegetais. Dizem ainda que para ele a ciência devia circular apenas entre os iniciados e os amigos. Já que era a água pura que, se derramada no chão onde imperavam os brutos, se tornava lama.
Seria um poeta?
A guerra dos números, à pressa
O Ministério usa as armas que pode. Faz o que fazem todos quanto têm de gerir: tentar levar a água ao seu moinho.
Avaliemos os procedimentos. Um e-mail da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE), em que se convida os docentes a apresentar os seus objectivos individuais através de uma ferramenta informática criada para tal. Poupa-se papel, logo é ecologicamente bom.
Para que se faz isto? Para que que o processo arranque e o ME disponha dos dados. De resto, garante que "não há nada de ilegal" na possibilidade de os professores preencherem os seus objectivos individuais, um dos primeiros passos do processo de avaliação, numa aplicação electrónica disponível no sítio na Internet da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação.
A definição de objectivos deixa de ser discutida de forma directa entre avaliado e avaliador. Algo que só devia acontecer, nos termos da legislação em vigor, em entrevista do professor com o seu avaliador, devendo ficar arquivado na escola, no processo respectivo.
Assim, o ME salta por cima da lei e diz que não é ilegal. Insuficiente.
Os professores e educadores sabem que não existe qualquer obrigatoriedade legal de prazo para a entrega dos tais objectivos. Mas nem todos os professores sabem isso e habituados que estão a fazer o que o ME ordena, podem cair na esparrela. Este modo de entender a coisa com armadilhas é pouco dignificante e mostra que o ME não olha a meios para alcançar objectivos. Logo, os professores devem responder na mesma moeda, lutando pelos seus. Se assim for o ME mais uma vez sai derrotado. Mais um insuficiente.
Em resumo: não aprovado.
O governo começa a temer tanta reprovação e... (cenas daos próximos capítulos mais logo).
Educar para a independência
Diz Pedro Lomba na sua crónica do DN: «Só podemos fazer coisas se soubermos primeiro aquilo que existe. Nem sempre sabemos porque obter informação implica custos e é um processo naturalmente desigual. O nosso "conhecimento" depende dos meios que frequentamos, das pessoas que conhecemos ou do que lemos. Além disso, a responsabilidade pessoal não é a virtude mais bem distribuída do mundo, porque supõe uma vontade de fazer escolhas próprias e correr riscos por isso. A sociedade portuguesa já é hostil à concorrência. O espaço é pequeno, os recursos escassos e toda a gente vive no pânico de perder o que já tem. Essa é uma constatação generalizável a quase tudo, até mesmo a "benefícios" que o "sistema" proporciona sem qualquer espécie de justificação. As pessoas que sabiam que a Câmara de Lisboa distribuía casas de graça estavam em óbvia vantagem sobre quaisquer outros potenciais "interessados" e assim se queriam manter.
O mundo de hoje é aberto e o que não existe "cá dentro" pode-se sempre tentar descobrir "lá fora". Os portugueses precisam de interiorizar toda uma nova cultura "internacionalizada" que lhes permita usar tudo o que para aí há de oportunidades e que nem sempre conhecem. O Estado tem aqui uma função imprescindível: garantir por todos os meios que a informação está disponível para todos. A isto chama-se educar para a independência.»
Grande, robotizada, fechada
Falamos da Livraria Byblos, localizada num edifício nas Amoreiras (Lisboa), com 150 mil títulos, uma área de 3.300 metros quadrados e um sofisticado sistema de identificação por radiofrequência.
A Byblos é uma empresa de Américo Areal, que vendera a editora ASA a Miguel Pais do Amaral e anunciara a entrada no negócio de livraria com pompa e circunstância. Inaugurada em Dezembro de 2007, a Byblos não chega sequer a ter um ano de vida. Fechou.
Dívidas a fornecedores e outros problemas de tesouraria ditaram a sorte da megaloja.
Areal esperava facturar 10 milhões por ano. Pelos vistos não chegou lá.
Porque se investe tanto em tipos de livrarias que já existem?
Grátis? Ou a caminho da ruína?
Por enquanto é cedo, tanto mais que todos os governos têm medo. Gastam-se fortunas em propaganda e o dinheiro não é elástico. Por isso, corta-se onde dói menos: na educação. Porque a gente bem pode pagar colégios e ter o que os outros não têm nem nunca terão.
Escola grátis é escola sem dinheiro. Soa bem encher a boca com integrar, incluir e outros verbos politicamente correctos, mas pagar o que isso custa é que ninguém gosta. Gastam-se fortunas com a inclusão e todo o ensino está a orientar-se para a mediocridade: vale mais um aluno problemático do que cinco bons. Ao aluno problemático dá-se tudo: leis, material, tolerância para lá dos limites do razoável, dinheiro. Os resultados são o que são. Mas qualquer governante gosta de mostrar essa consciência social. O problema é que a pouco e pouco a degradação da escola pública é maior, pois os alunos rapidamente percebem que são reis e senhores de um sistema que, na verdade, se está nas tintas para eles.
Passou-se, em três ou quatro lustros, do oito para o oitenta. Em nome da democracia, dos direitos, da igualdade. Mas e os deveres, a responsabilidade, o esforço?
Integrar sai muito caro e o povo de um país tem de saber quanto custa e decidir se quer ou não que isso seja assim. Os governos não podem, a pretexto dos ares do momento, cortar para "poupar", quando logo a seguir gastam muito mais em propaganda ou a salvar bancos.
Se o Estado quer que a escola seja um imenso parque de entretenimento tem de abrir os cordões à bolsa e pagar aos que vão entreter. Se o Estado quer que os alunos aprendam, conheçam, saibam, tem de se deixar de tangas e dar o nome aos bois.
De resto, onde é que está provado que o homem nasce bom e é o meio que o estraga?
19 novembro 2008
Mammuthus primigenius
Há cerca de 1,6 milhões de anos apareceram os mamutes. Viveram em África, na Europa, na Ásia e na América do Norte, acabando por demandar a norte regiões mais frias. Desaparecerem há dez mil anos.
Os mamutes-lanudos (Mammuthus primigenius) gostavam imenso do frio. Não admira portanto que alguns deles, quando morreram, tenham ficado presos e muito bem conservados no solo gelado da Sibéria. Mesmo o pêlo que os cobria sobreviveu até aos dias de hoje, durante milhares de anos, no permafrost.
Webb Miller e Stephan Schuster, da Universidade Estadual da Pensilvânia, conseguiram agora reconstituir a gigantesca molécula de ADN contida no núcleo das células de mamute – e começar a desvendar os segredos mais íntimos da evolução e da biologia destes mamíferos pré-históricos. É o primeiro genoma de um animal de uma espécie extinta.
Utilizaram como material de base, para extrair o ADN, o pêlo de uma múmia de mamute com 20 mil anos e de outra com 60 mil, ambas da Sibéria. O ADN capilar apresenta duas vantagens em relação ao ADN dos ossos, que é o habitualmente disponível nos restos fósseis: resiste melhor às intempéries, “porque o invólucro do pêlo o protege como uma embalagem de plástico biológico” e resiste melhor à contaminação pelo ADN de bactérias ou fungos, algo que pode fazer com que o ADN sequenciado nem sempre pertença ao animal e torna ainda mais árdua a autenticação dos genes.
Os cientistas conseguiram obter algumas pistas acerca da história deste antigo elefante e dos seus parentes actuais: divergiram há cerca de seis milhões de anos e deram origem a dois grupos há dois milhões de anos, que formaram duas subpopulações na Sibéria. Apenas uma delas sobreviveu até há dez mil anos (a outra ter-se-á extinto há 45 mil). As diferenças genéticas entre os mamutes e os elefantes modernos são mais pequenas do que se pensava. Ao contrário dos humanos e dos chimpanzés, que se separaram mais ou menos na mesma altura e que rapidamente deram origem a espécies diferentes, os mamutes e os elefantes evoluíram de forma mais gradual.
O trabalho agora publicado mostra que é mesmo possível sequenciar o ADN de espécies extintas. A próxima etapa nesta saga será a da sequenciação da totalidade do genoma do homem de Neandertal, extinto há uns 30 mil anos, que Svante Pääbo, do Instituto Max-Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, espera completar num futuro não muito longínquo (em Agosto, a equipa de Pääbo publicou a sequência do ADN mitocondrial daquele homem primitivo). Aí saber-se-á, finalmente, o que nos separa e nos aproxima desse homem pré-histórico.
Fonte: Público
National Geographic Games
O grupo National Geographic anunciou a criação do National Geographic Games (NGG), que produzirá videojogos orientados para a exploração do mundo e da natureza.
Herod's Lost Tomb é o primeiro jogo e... grátis. Sim, leu bem. Pode descarregá-lo do sítio do National Geographic.
Ainda este mês serão lançados mais jogos: o National Geographic Panda e o National Geographic Africa.
18 novembro 2008
Sapiência e opinião
Quando se avalia para dizer que se avalia ou quando a avalição tem como finalidade limitar o mérito, resta o vazio ou a brincadeira.
O Estado tem escolas mas não sabe como avaliá-las. Porque a política do governo e do partido que o sustenta é omissa quanto à educação.
O assunto parece simples, mas é complicado. Se o governo tem apenas como objectivos poupar nos salários e parecer bem nas estatísticas, é porque não tem uma ideia válida. Limita-se a gerir o vazio, criando mais vazio (de que os magalhães são um bom exemplo).
A questão de fundo continua arredada dos debates: que educação? que escolas? que tipo de ensino?
Se isso fosse claro, avaliar era simples. Assim, continuaremos a fazer de conta que todos sabemos muito bem o que é a educação e a dizer que os professores são uns malandros que não querem ser avaliados. Se lhe juntarmos o ressentimento de quantos, mesmo adultos, continuam a pensar que foi o professor A ou B que lhes tramou a vida, facilmente concluimos que o problema não é a avaliação mas como castigar esses malditos que leccionam. E que inventam tudo: programas, políticas, comportamentos e o resto.
Os professores (que Maria de Lurdes Rodrigues desprezou e a quem apelidou de professorzecos, acreditando, como tantos, que um professor só é gente se é professor universitário) têm vindo a mostrar-se e os resultados estão à vista. São muito melhores do que todos pensavam. Estão muito melhor preparados do que parecia. Sabem o que fazem e o valor que têm.
Pela primeira vez são eles que falam. E como são eles que falam a população pode perceber o que pensam. Até há pouco falavam os sindicatos e gentinha que escreve para jornais e tem espaço na TV que da escola sabe mada. Agora falam os professores e, convenhamos, sabe bem ouvi-los.
São a prova de quem ainda há muita qualidade na escola pública. Se isso não se converte em resultados convém perguntar aos políticos o porquê?
É que são eles quem há décadas produzem leis contraditórias e tentam com remendos de circunstância evitar o debate necessário: que escola? que ensino? que futuro?