Li o retrato-entrevista que o P2 de hoje dedica a Maria de Lurdes Rodrigues e comovi-me. Coitadinha da sra. ministra, já nem pode ir à temporada de música na Gulbenkian. Ir ao cinema, então... Isto de ser ministro é muito chato, muito chato mesmo. Então quando se é teimoso como Maria de Lurdes Rodrigues (quiçá por causa do que estudou, quiçá pela ambição que a rói por dentro).
Chorei baba e ranho ao saber que até nos aeroportos se reúne com o inenarrável Albino. É preciso uma paixão assolapada para tranformar os aeroportos em sala de reuniões (ou dar-se-á o caso do Albino não passar de um mero lambe-botas?)
Sofri, compungido, o parlamentar pedido de desculpas: "Peço desculpa aos senhores professores por ter causado tanta desmotivação."
Mete dó ver que um amigo de longa data (Manuel Villaverde Cabral, investigador e presidente do conselho directivo do Instituto de Ciências Sociais) não hesita: "Não se pode ser 'autoritário' com os professores", fazer deles "o bode expiatório do insucesso escolar", ser "'liberal' com os alunos e completamente 'populista' com as chamadas famílias - que, de forma geral, não são capazes nem fazem qualquer esforço para apoiar os filhos no processo de aprendizagem -, quando toda a gente sabe que, em qualquer sociedade, os alunos só têm êxito quando os pais entram com a sua quota-parte de esforço!" O sociólogo acha que o raciocínio político de Lurdes Rodrigues foi este: "O sistema educativo não funciona; a culpa é dos professores; o castigo será a avaliação!"
Não pude também deixar de gastar umas embalagens de lenços de papel ao ver que entende que o seu magistério é afim do Coelho de Alice no País das Maravilhas. Terão sido as temporadas de música que lhe abalaram o juízo ou será apenas um tique de sedução?
E depois de tudo, como não carpir, carpir, carpir, até formar uma lagoa maior do que a das Sete Cidades, ao saber que fez o ensino primário no Colégio de Santa Clara da Casa Pia de Lisboa?
De resto, a sra. ministra do governo rosa de Sócrates gosta de dizer: "Ainda me sinto anarquista". E ao vermos um anarquista no governo percebemos tudo. Ela faz o que tem feito para desestabilizar o governo. Ela quer que os professores estejam contra ela e acordem do seu longo sono.
Abençoada Maria.
Música tem ela dado; não precisa de ir à Gulbenkian.
ResponderEliminarNa sua livraria mais próxima!
ResponderEliminarPreço Verde!
A MINISTRA ANARQUISTA
(Excerto)
“E claro que toda esta táctica se aplica ao que eu chamei o período de preparação para a revolução social. Arruinadas as defesas da classe docente, e reduzida a sociedade inteira ao estado de aceitação das doutrinas anarquistas, faltando só fazer a avaliação, então, para o golpe final, é que não pode continuar a classe unida. E, nessa altura, já a comunicação social estará controlada.
A táctica a que me refiro […] diz respeito à acção anarquista contra os professores, […] grupo a que eu pertencia.
Era esse — até que enfim! — o verdadeiro processo anarquista. Juntos, nada valíamos, que importasse, e, ainda por cima, nos tiranizávamos, e nos estorvávamos uns aos outros e às nossas teorias. Separados, pouco também conseguiríamos, mas ao menos não estorvávamos as contas do ministro das finanças[…].
Então é que eu vi com que bestas e com que cobardões estava metida! Desmascararam-se. Aquela corja tinha nascido para escravos. Queriam ser professores à custa alheia. Queriam a progressão, logo que fossem os outros que lha arranjassem, logo que lhes fosse dada como um rei dá um título! Quase todos eles são assim, os grandes lacaios!
— E você, escamou-se?
— Se me escamei! Enfureci-me! Pus-me aos coices. Dei por paus e por pedras. Quase que me peguei com dois ou três deles. E acabei por me vir embora. Isolei-me. Veio-me um nojo àquela carneirada toda, que você não imagina! Quase que descri do anarquismo da avaliação. Quase que decidi não me importar mais com tudo aquilo. Mas, passados uns dias, voltei a mim. Pensei que o ideal da avaliação anarquista estava acima destas quezílias. Eles não queriam avaliar e ser avaliados?
Avaliaria eu.”
FERNANDO PESSOA, O BANQUEIRO ANARQUISTA, Adaptado
Interessante ver como se dá (ou tenta dar) a volta ao assunto!
ResponderEliminarAgora até anarquista a srº era ..ou é ...ou sei lá... O que interessa é ver qual o melhor "perfil" para a "fotografia2 a apresentar ao consumidor menos atento, ou seja, em linguagem empresarial e "marketinzada": "alguém está a tentar vender a arca frigorífica aos pinguins"!!!
Manuela