O governo mexe na vida e no dia a dia dos pobres com afinco. Já quando se trata de comunicações, electricidade, aviação, medicamentos e outros monopólios a coisa entope. É fácil empurrar os mais fracos para trás. Mas difícil cuspir nas mãos de quem paga campanhas e garante empregos. 2012 vai ser o ano das grandes descobertas: os portugueses vão descobrir que são capazes de passar fome e saudar o governo, pois troika oblige.
30 dezembro 2011
Ler jornais é deprimir mais
O mundo anda aos tropeções. O país deprime-se e corre o risco de colapsar. No meio disto, a preocupação mor são os bancos. A propaganda ideológica que deforma as ideias da classe média portuguesa (seja alta ou baixa) só encontra paralelo no povo da Coreia do Norte.
E que dizer do texto pindérico do ex-director do Público? Que evidencia uma enorme falta de perspectiva? Que mostra que o capital é muito bom, mas...? Que mostra como há gente extremamente limitada, que se julga importante mas não dá uma para a caixa? Talvez um pouco das três hipóteses. Pois que dizer de um Ocidente que usa e abusa de mão-de-obra barata e depois se queixa? Ou que dizer de um Ocidente que, ávido de lucro, não olha a meios para o conseguir e depois dá por si atascado em dívidas e em aparências?
Quantos empresários portugueses não sonham com o modelo chinês? Pagar mal, mesmo mal, obter lucros colossais e sorrir com as oportunidades de negócio fácil?
28 dezembro 2011
Os portugueses, esses crentes do sul da Europa
Os tugas acreditam que vale a pena apertar o cinto para ver chegar dias melhores - afinal gostam muito mais de Mário Soares do que aquilo que confessam.
Também deve chegar o dia em que vão perceber que Sócrates era muito melhor primeiro-ministro do que parecia. O problema, por ora, é acreditarem que estes sacrifícios vão permitir o desafogo. Ainda não perceberam que todos os analistas externos ao país olham para nós como para a Grécia: como não tendo capacidade económica para pagar custos tão elevados. Recorde-se que estamos a pagar juros de agiota à troika por um empréstimo que serve para muitos enriquecerem, mas que deprime os tugas e os encosta cada vez mais ao desejo de uma ditadura.
No entanto, enquanto durar a fé, num povo que tem N. Sra. de Fátima como imagem, Passos Coelho e amigos podem continuar a esmifrar o povo. No fim, hão-de restar umas migalhas para serem reeleitos, dado que os tugas adoram levar nas trombas com austeridade.
O ano da desgraça visto por
Por exemplo por alguém que parece ter o rei na barriga e dá pelo nome de António Mexia, presidente da EDP, que prevê que "2012 vai ser, ao mesmo tempo, aquele em que demonstramos que somos capazes de fazer melhor e consolidarmos a credibilidade indispensável para que o país possa ter novamente acesso aos mercados e ajudar a resolver o principal problema da economia portuguesa, o seu financiamento."
Já outros, qual velho disco riscado, repetem a ladainha, como António Barreto: "É preciso explicar às pessoas o que lhes está a acontecer. (...) É importante para a coesão nacional e para evitar perturbações insustentáveis".
Como não podia deixar de ser, num país em que as nossas élites se limitam ao consumo de revistas de fait divers e de moda, são os poetas e arquitectos que dizem algo: "(...) há pessoas que estão a chegar ao limiar da dignidade humana", diz Souto Moura. Já M. A. Pina, poeta diz "Como ainda há pouco tempo provou o relatório da OCDE, os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos mais ricos, há cada vez mais insegurança, cada vez mais falta de escrúpulos e cada vez mais a submissão aos ditames do dinheiro e do capital financeiro". "O 'rating' das pessoas, utilizando um termo muito em voga, está cada vez mais como 'lixo', que é o que acontece com estas políticas recessivas que têm sido adoptadas".
Não deixa de ser curioso verificar que certos economistas não hesitam em encontrar paralelismos entre o agora e o período da Segunda Guerra Mundial, como João Ferreira do Amaral: "Vão crescer tendências nacionais e europeias para uma certa forma de actuação política mais musculada. À medida que as dificuldades forem aparecendo, a reacção das autoridades será nesse sentido."
É a economia, estúpido
Fala Ana Sá Lopes:
(...) há uma gigantesca diferença entre as “Draghibonds” e as famosas eurobonds: enquanto as “Draghibonds” funcionam como injecção de dinheiro barato nos bancos, as eurobonds fariam com que o dinheiro barato fosse injectado em países, ou nas dívidas soberanas dos países, para pôr a economia a funcionar e as pessoas desesperadas desses países a arranjar emprego.
Talvez [Mario Draghi] tenha genuinamente acreditado que, ao salvar os bancos (oferecendo-lhes dinheiro a juros de 1%), eles ficariam imediatamente disponíveis para emprestar dinheiro à economia ou aos países em dificuldades. Engano: os bancos, em cujos estatutos não consta a resolução de problemas das pessoas comuns (uma competência dos governos nacionais ou de um governo supranacional europeu, se o houvesse), preocuparam-se simplesmente com salvar a pele e, em vez de se dedicarem a fazer o bem à economia e aos países, depositaram todo o dinheirinho no BCE.
O poder dos alunos
O euro é uma moeda forte? Para que não restem dúvidas Guilherme d'Oliveira Martins esclarece: "Costumo perguntar aos meus alunos se o euro é uma moeda forte ou fraca; todos me dizem que é forte." (ver aqui)
Se os alunos dizem que sim, quem somos nós para contrariá-los?
23 dezembro 2011
A Espanha novamente de olhos postos na inquisição
Espanha vai regredir social, económica e mentalmente. O novo governo prepara-se para mexer na lei do aborto. O argumento é, como sempre, preservar a vida. A vida, como se sabe, é algo que cai do céu... milagrosamente. Alguém que engravidou e não tem condições para ter o filho, vai ser obrigado a tê-lo. Se não tiver dinheiro, não faz mal, a igreja dá uma ajuda e todos esses movimentos ditos pró-vida vão fazer o mesmo. Se a mãe morrer de fome, são coisas que acontecem. Se se suicidar fruto de uma brutal depressão, o movimento pró-vida sorrirá e com esse sorriso a alma da mãe passará da lama ao céu. Já Soraya Saénz de Santamaría, acaso seja violada e engravida carregará, em nome da vida e do amor esse fruto proibido. Amem.
Ver mais informação em El País.
19 dezembro 2011
Da esfregona
Num mês de tantos óbitos célebres deixamos passar o do inventor da esfregona e das agulhas hipodérmicas, Manuel Jalón Corominas (1925-2011). Corria o ano de 1956. Segundo o próprio, a coisa veio-lhe de informação colhida num hangar norte-americano. Ele pôs-lhe outro novo: lava-solos, mas um homem que as começou a vender optou por esfregona e o nome ficou. Depois da esfregona vieram as agulhas. Claro que Jacob Howe já patenteara, em 1837, o "mop-heads". E há outros registos, posteriores, de patentes de esfregonas. A patente do espanhol diz respeito ao plástico.
Como, quando e para onde fugir? Já
Fala Ana Sá Lopes: "Fica evidente que Pedro Passos Coelho está consciente que o programa do governo-troika vai arrasar uma boa parte dos empregos que restam, vai rebentar com a hipótese de crescimento. Agora, resta a Passos o plano B, que está em marcha e começou agora. O primeiro-ministro esforça-se para comunicar aos portugueses a saída de emergência disponível: o êxodo em massa do país que governa.
Há qualquer coisa de estranhamente comovente, estranhamente trágico, desesperantemente lúcido na declaração de Passos, que revela a sensibilidade do elefante na loja de porcelanas. Não é esperado que um primeiro-ministro incentive a emigração dos cidadãos, mas que lhes resolva os problemas de emprego. Mas não há resolução possível."
Há qualquer coisa de estranhamente comovente, estranhamente trágico, desesperantemente lúcido na declaração de Passos, que revela a sensibilidade do elefante na loja de porcelanas. Não é esperado que um primeiro-ministro incentive a emigração dos cidadãos, mas que lhes resolva os problemas de emprego. Mas não há resolução possível."
É a política
Fala Manuel Caldeira Cabral: "o nível de endividamento da Zona Euro é inferior ao do Japão e dos EUA, e a Zona Euro apresenta um equilíbrio externo que falta aos EUA e ao Reino Unido (ambos com necessidades liquidas de financiamento externo importantes). O mesmo quando se compara o comportamento nos últimos anos, em que o endividamento e a despesa pública (em percentagem do PIB) subiram mais no Japão, EUA e Reino Unido do que na Zona Euro.
EUA, Reino Unido e Japão tiveram mesmo uma evolução pior comportada do que alguns dos PIIGS, incluindo Portugal, no que toca ao aumento da despesa, e ao nível de endividamento.
Se não é o stock de dívida, nem o comportamento particularmente irresponsável dos últimos anos que distinguem a Zona Euro das outras economias desenvolvidas, têm de ser outros factores a fazer com que os mercados estejam a perder a confiança em todos os países da Zona Euro, mas mantenham confiança na divida Inglesa, americana ou japonesa.
A diferença parece estar na desunião política, de lideranças que se têm fixado mais em atribuir culpas e castigos do que em resolver problemas. Está também na contracção monetária que tem estado a ser seguida, que contrasta com as políticas de expansão monetária e desvalorização dos EUA e Reino Unido. Está também na falta de instrumentos fortes de actuação no mercado da dívida e na garantia como financiador de último recurso que o BCE devia assumir, mas não pode. Por fim, está ainda na falta de programas de estímulo ao crescimento, e no acentuar de políticas recessivas a ser seguidas mesmo por Estados como a Alemanha, que têm saldos externos bastante elevados.
O arrastar da crise das dívidas soberanas já levou a perdas de produção em toda a União Europeia superiores a toda a dívida grega."
EUA, Reino Unido e Japão tiveram mesmo uma evolução pior comportada do que alguns dos PIIGS, incluindo Portugal, no que toca ao aumento da despesa, e ao nível de endividamento.
Se não é o stock de dívida, nem o comportamento particularmente irresponsável dos últimos anos que distinguem a Zona Euro das outras economias desenvolvidas, têm de ser outros factores a fazer com que os mercados estejam a perder a confiança em todos os países da Zona Euro, mas mantenham confiança na divida Inglesa, americana ou japonesa.
A diferença parece estar na desunião política, de lideranças que se têm fixado mais em atribuir culpas e castigos do que em resolver problemas. Está também na contracção monetária que tem estado a ser seguida, que contrasta com as políticas de expansão monetária e desvalorização dos EUA e Reino Unido. Está também na falta de instrumentos fortes de actuação no mercado da dívida e na garantia como financiador de último recurso que o BCE devia assumir, mas não pode. Por fim, está ainda na falta de programas de estímulo ao crescimento, e no acentuar de políticas recessivas a ser seguidas mesmo por Estados como a Alemanha, que têm saldos externos bastante elevados.
O arrastar da crise das dívidas soberanas já levou a perdas de produção em toda a União Europeia superiores a toda a dívida grega."
Anda tudo a tratar da vidinha
Fala Pedro Santos Guerreiro: "como aceitar a vergonhosa nomeação em catadupa de "boys" sociais-democratas para cargos de chefia? Não há vergonha no PSD? Ou Passos Coelho não manda no seu partido? O país está quebrado mas anda tudo a tratar da vidinha."
"Os portugueses estão a perder o emprego, os empregados estão a perder salário, os desempregados estão a perder subsídio, a única via apontada pelo próprio Governo para fugir à trituradora é fugir do país: emigrar. Desistir. Os sacrifícios não estão a ser repartidos por todos. E aquilo que nos trouxe até esta ruptura está a permanecer. Estamos a remediar esta crise mas não estamos a prevenir a próxima. O mesmo tipo de pessoas está a tomar o mesmo tipo de decisões, o que só pode levar ao mesmo tipo de resultados."
"Os portugueses estão a perder o emprego, os empregados estão a perder salário, os desempregados estão a perder subsídio, a única via apontada pelo próprio Governo para fugir à trituradora é fugir do país: emigrar. Desistir. Os sacrifícios não estão a ser repartidos por todos. E aquilo que nos trouxe até esta ruptura está a permanecer. Estamos a remediar esta crise mas não estamos a prevenir a próxima. O mesmo tipo de pessoas está a tomar o mesmo tipo de decisões, o que só pode levar ao mesmo tipo de resultados."
18 dezembro 2011
E a EDP vai para...
Angela Dorothea Merkel ou para a E.ON, empresa que oferece menos dinheiro pelos 21,35% do capital da EDP.
Na corrida estão também as brasileiras Eletrobraz e CEMIG e a chinesa CTG (empresa estatal chinesa que ofereceu o preço mais alto, cerca de 2,7 mil milhões de euros).
A Parpública (Fátima Barros, Daniel Bessa e Sérgio Gonçalves do Cabo), a entidade do Estado que está a vender a EDP, escusou-se a fazer um ranking das três propostas que estão em disputa, o que é, no mínimo, estranho.
Outra estranheza é a notícia de favorecimento à empresa alemã, requerida pela física Merkel. Relvas, o ministro, diz que existe “uma comissão de avaliação no âmbito do Ministério das Finanças totalmente transparente”. Mas há quem diga que de transparente tem pouco.
Na corrida estão também as brasileiras Eletrobraz e CEMIG e a chinesa CTG (empresa estatal chinesa que ofereceu o preço mais alto, cerca de 2,7 mil milhões de euros).
A Parpública (Fátima Barros, Daniel Bessa e Sérgio Gonçalves do Cabo), a entidade do Estado que está a vender a EDP, escusou-se a fazer um ranking das três propostas que estão em disputa, o que é, no mínimo, estranho.
Outra estranheza é a notícia de favorecimento à empresa alemã, requerida pela física Merkel. Relvas, o ministro, diz que existe “uma comissão de avaliação no âmbito do Ministério das Finanças totalmente transparente”. Mas há quem diga que de transparente tem pouco.
Na Grécia já há fome entre os que têm emprego
Os professores na Grécia estão preocupados com os vários casos que se têm registado nos últimos meses de alunos que desmaiam nas escolas por fome e desnutrição e já alertaram as autoridades para o caso. Os meios de comunicação deram conta do caso, mas as notícias foram catalogadas de exageros jornalísticos.
A fome é sempre tão exagerada, nada fotogénica. Que chatice. Já não é negra, mas grega.
A fome é sempre tão exagerada, nada fotogénica. Que chatice. Já não é negra, mas grega.
Portugal ainda vai ser um paraíso
Ferraz da Costa defende o fim do subsídio de desemprego e diz: “com o Memorando da troika, que quase suspendeu a democracia em Portugal, era altura de fazermos essa e outras mudanças, como a lei da greve, que tal como existe, com a possibilidade de cinco ou seis dirigentes sindicais a convocarem, só acontece em Portugal e possibilitou um aumento dos salários muito superior à produtividade.”
Pedro Ferraz da Costa que foi em tempos eleito o melhor criador do Festival Internacional do Puro Sangue Lusitano de Portugal e é homem da indústria farmacêutica sabe muito bem que Portugal é o país onde ele e outros como ele ganham fortunas, mas podiam ganhar bastante mais. Para isso, importa que o país faça opções difíceis: empobrecer a maralha, acabar com os direitos e garantias da mesma, aumentar os impostos sobre os particulares ao invés de sobre as empresas, incentive a emigração e baixe salários a essa gentinha que trabalha 8 a 9 horas por dia.
A cereja em cima do bolo é irmos privatizar empresas para as vendermos ao Estado de outros países.
Grandes líderes que temos. Uma salva de palmas, s.f.f..
Pedro Ferraz da Costa que foi em tempos eleito o melhor criador do Festival Internacional do Puro Sangue Lusitano de Portugal e é homem da indústria farmacêutica sabe muito bem que Portugal é o país onde ele e outros como ele ganham fortunas, mas podiam ganhar bastante mais. Para isso, importa que o país faça opções difíceis: empobrecer a maralha, acabar com os direitos e garantias da mesma, aumentar os impostos sobre os particulares ao invés de sobre as empresas, incentive a emigração e baixe salários a essa gentinha que trabalha 8 a 9 horas por dia.
A cereja em cima do bolo é irmos privatizar empresas para as vendermos ao Estado de outros países.
Grandes líderes que temos. Uma salva de palmas, s.f.f..
Da emigração
Já é a segunda vez que alguém do governo sugere a emigração como modo de vida para os portugueses. Agora coube a Passos Coelho a sugestão. Diz ele que Angola e Brasil são destinos a pensar pois têm capacidade para absorver mão-de-obra portuguesa em sectores com “tudo o que tem a ver com tecnologias de informação e do conhecimento, e ainda em áreas muito relacionadas com a saúde, com a educação, com a área ambiental, com comunicações”.
Curiosamente há países a colher os investimentos feitos na educação. Como a Coreia do Sul, que se tornou "num campeão das exportações". Diz-se no Público: "A Coreia do Sul apresentava entre 1980 e 1990, uma posição semelhante à portuguesa no índice de desenvolvimento humano do PNUD, mas desde então disparou para o 15.º lugar, enquanto Portugal caiu alguns postos, para 41.º. A diferença resulta sobretudo dos níveis de instrução da população, que é um dos grandes investimentos das famílias sul-coreanas."
Curiosamente há países a colher os investimentos feitos na educação. Como a Coreia do Sul, que se tornou "num campeão das exportações". Diz-se no Público: "A Coreia do Sul apresentava entre 1980 e 1990, uma posição semelhante à portuguesa no índice de desenvolvimento humano do PNUD, mas desde então disparou para o 15.º lugar, enquanto Portugal caiu alguns postos, para 41.º. A diferença resulta sobretudo dos níveis de instrução da população, que é um dos grandes investimentos das famílias sul-coreanas."
A vingança dos ingleses
E se o euro colapsar? A resposta mais doce vem do reino de sua majestade: aviões, barcos e autocarros para salvar os súbditos das terras indigentes (Portugal e Espanha). Os súbditos de sua majestade gostam de sol e da vida barata da Península Ibérica. Ou seja, adoram o continente. Em Espanha são cerca de um milhão e 55 mil em Portugal.
O Ministério das Relações Exteriores britânico disse que se está a preparar para um "cenário de pesadelo", com milhares de britânicos sem dinheiro a dormir nos aeroportos e sem meios para chegar a casa. Entre os planos de contingência que o governo está a preparar consta o envio de aviões, navios e autocarros.
Há que colher aliados e os dois países podem ser importantes para a política europeia de David Cameron. É que são mais de 50% os que detestam o continente e se afirmam atlânticos.
O Ministério das Relações Exteriores britânico disse que se está a preparar para um "cenário de pesadelo", com milhares de britânicos sem dinheiro a dormir nos aeroportos e sem meios para chegar a casa. Entre os planos de contingência que o governo está a preparar consta o envio de aviões, navios e autocarros.
Há que colher aliados e os dois países podem ser importantes para a política europeia de David Cameron. É que são mais de 50% os que detestam o continente e se afirmam atlânticos.
17 dezembro 2011
Da simpatia por Gonçalo Ribeiro Telles
«a partir de determinada altura foi-se desenvolvendo a ideia de que a agricultura não era uma cultura, mas era uma economia feita exclusivamente para criar uma riqueza material, de financiamento fosse do que fosse. Houve muitos políticos – não se pode dizer todos – que se começaram a convencer-se de que a agricultura era qualquer coisa que não tinha lugar no mundo moderno.
(...) temos mais de meio milhão de fogos vazios, que serviram para construir, mas que estão vazios. Temos uma política florestal, que no fundo é a eucaliptação do país com a correspondente morte das aldeias e da agricultura regional.
A morte das aldeias, a caótica destruição com as urbanizações, o desaparecimento da agricultura.
Hoje não há uma ideia global por causa dos interesses e por causa de as pessoas estarem à espera de coisas que dêem proveito rapidamente. Por isso é que televisão diz todos os dias que há uma floresta a arder quando é um eucaliptal. Todos os dias se diz que há um desenvolvimento numa determinada região, porque os prédios atingiram determinada altura...
Temos auto-estradas, mas não temos caminhos locais de relação com a vida local. Vê-se a vida passar na auto-estrada, mas não se sente. Desprezamos as aldeias porque não fazem parte desse modelo. O próprio povoamento do país não faz parte desse modelo e portanto não há que tratar sequer da sua dignidade como pessoas.
O que me aflige é termos um país de alto a baixo, principalmente no Interior, despovoado e apodrecido.
Acabava com o pandemónio de construir nas melhores terras de cultura, de não promover uma boa circulação da água através das suas linhas naturais e de recuperar os solos através da própria ocupação vegetal. Há uma inércia enorme perante as asneiras cometidas.
Excertos desta entrevista.
(...) temos mais de meio milhão de fogos vazios, que serviram para construir, mas que estão vazios. Temos uma política florestal, que no fundo é a eucaliptação do país com a correspondente morte das aldeias e da agricultura regional.
A morte das aldeias, a caótica destruição com as urbanizações, o desaparecimento da agricultura.
Hoje não há uma ideia global por causa dos interesses e por causa de as pessoas estarem à espera de coisas que dêem proveito rapidamente. Por isso é que televisão diz todos os dias que há uma floresta a arder quando é um eucaliptal. Todos os dias se diz que há um desenvolvimento numa determinada região, porque os prédios atingiram determinada altura...
Temos auto-estradas, mas não temos caminhos locais de relação com a vida local. Vê-se a vida passar na auto-estrada, mas não se sente. Desprezamos as aldeias porque não fazem parte desse modelo. O próprio povoamento do país não faz parte desse modelo e portanto não há que tratar sequer da sua dignidade como pessoas.
O que me aflige é termos um país de alto a baixo, principalmente no Interior, despovoado e apodrecido.
Acabava com o pandemónio de construir nas melhores terras de cultura, de não promover uma boa circulação da água através das suas linhas naturais e de recuperar os solos através da própria ocupação vegetal. Há uma inércia enorme perante as asneiras cometidas.
Excertos desta entrevista.
Da espera
É um gajo porreiro, sempre avisou o país de que isto era péssimo e ia ficar pior. E continua a repetir a coisa. Medina Carreira é um sábio. Como todos os sábios irrita. Porque ninguém gosta que lhe digam: nasceste, pois vais morrer. É que, para afirmações desse calibre, estamos cá nós. O que a gente precisa é que Medina Carreira pense e diga como é que a economia portuguesa pode crescer. Quais são as medidas que impulsionam o crescimento. Mas temo que a sabedoria do homem se limite à arenga do costume.
O país está a seguir um caminho de corte. Os cortes são muito importantes. Se me cortarem as mãos deixo não só de escrever, como de comer. Poupo logo imenso. O pior é que ao cabo de uns dias morro.
Como é que se gera riqueza? Isso é que parece complicar a vida aos sábios. Portugal esteve demasiados anos sob o jugo de um homem como Medina Carreira, que gastava pouco e amealhava muito. Não se vê em que é que isso foi benéfico para o país: analfabetismo enorme, desemprego brutal, emigração elevadíssima, atraso cultural, científico e tecnológico...
Há gente que gosta de ver os outros em baixo para se sentir importante. Será o caso de Medina Carreira e doutros arautos que por aí andam?
A verdade que as estatísticas mostram é que o país se desenvolveu imenso nos últimos 35 anos. Com liberdade e investimento. Agora estamos a retroceder em ambos. Cada vez parece mais difícil perceber-se que as pessoas são o mais importante e não as negociatas.
Como algumas vozes solitárias dizem por aí não se pode pagar quando não há dinheiro. Não se pode pagar quando o desemprego sobe, o consumo baixa, a recessão se agrava. Mesmo que queiram atirar areia para os olhos da gente e digam que agora é assim mas daqui a nada vamos crescer. Não vamos. A continuar assim vamos piorar. Para crescer é preciso mudar de paradigmas. Aqui e ali há gente a mostrar caminhos: certos produtos agrícolas, turismo, restauração, cultura e mais. Para crescermos precisamos de apoiar as actividades certas e de correr riscos com as apostas.
Parece que enquanto não houver tumultos sociais não se vai poder mudar de paradigma. Resta-nos então ir esperando.
O país está a seguir um caminho de corte. Os cortes são muito importantes. Se me cortarem as mãos deixo não só de escrever, como de comer. Poupo logo imenso. O pior é que ao cabo de uns dias morro.
Como é que se gera riqueza? Isso é que parece complicar a vida aos sábios. Portugal esteve demasiados anos sob o jugo de um homem como Medina Carreira, que gastava pouco e amealhava muito. Não se vê em que é que isso foi benéfico para o país: analfabetismo enorme, desemprego brutal, emigração elevadíssima, atraso cultural, científico e tecnológico...
Há gente que gosta de ver os outros em baixo para se sentir importante. Será o caso de Medina Carreira e doutros arautos que por aí andam?
A verdade que as estatísticas mostram é que o país se desenvolveu imenso nos últimos 35 anos. Com liberdade e investimento. Agora estamos a retroceder em ambos. Cada vez parece mais difícil perceber-se que as pessoas são o mais importante e não as negociatas.
Como algumas vozes solitárias dizem por aí não se pode pagar quando não há dinheiro. Não se pode pagar quando o desemprego sobe, o consumo baixa, a recessão se agrava. Mesmo que queiram atirar areia para os olhos da gente e digam que agora é assim mas daqui a nada vamos crescer. Não vamos. A continuar assim vamos piorar. Para crescer é preciso mudar de paradigmas. Aqui e ali há gente a mostrar caminhos: certos produtos agrícolas, turismo, restauração, cultura e mais. Para crescermos precisamos de apoiar as actividades certas e de correr riscos com as apostas.
Parece que enquanto não houver tumultos sociais não se vai poder mudar de paradigma. Resta-nos então ir esperando.
13 dezembro 2011
Do bosão de Higgs ou a Partícula de Deus
Os cientistas andam atrás de Deus. O caso não é para menos. Há muito para explicar. Quando o encontrarem, digam alguma coisa e preparem um chat. Gostava de lhe perguntar algumas coisas. Por favor ligar para 112 e deixar mensagem.
Da poupança
A taxa de poupança das famílias portuguesas desceu de quase 24% do rendimento disponível em 1985 para 10% no final dos anos 1990, mantendo-se praticamente estável desde então. Recordemos que por então os juros começaram a descer e a inflação manteve-se alta. No entanto, para os estudiosos isso deveu-se ao desenvolvimento do Estado social e à facilidade no acesso ao crédito.
Hoje, a taxa de poupança ronda os 10 por cento, mas dizem que deveria ser o dobro, já que 20 por cento é a taxa que “parece garantir alguma solidez” à economia de um país.
O que agora se pretende é que se consuma menos e amealhe mais. Para que as pessoas vivam melhor? Não, para que o país seja sustentável. Ou será para que alguns continuem a cavar o fosso da desigualdade?
Hoje, a taxa de poupança ronda os 10 por cento, mas dizem que deveria ser o dobro, já que 20 por cento é a taxa que “parece garantir alguma solidez” à economia de um país.
O que agora se pretende é que se consuma menos e amealhe mais. Para que as pessoas vivam melhor? Não, para que o país seja sustentável. Ou será para que alguns continuem a cavar o fosso da desigualdade?
Adoro números
Portugal é o terceiro país da Zona Euro mais pobre. O nosso PIB 'per capita' medido em paridades de poder de compra (PPC) continuou, em 2010, num valor inferior à média da União Europeia, alcançando, tal como em 2009, um valor equivalente a 80 por cento dessa média. Em 2004 era de 75%.
Portugal é um país pobre comparado com os mais ricos. Mas não é um país pobre. Ou não era. Que aos poucos estamos a empobrecer e, por isso, o nosso Passos Coelho já anda todo contente a dizer que este ano o défice público não será superior a 4,5% do PIB, quando o exigido no acordo com a troika era de 5,9%. É um défice artificial, não é um défice autêntico, pois os seis mil milhões de fundos de pensões da banca permitem reduzir o défice contabilisticamente mas não realmente.
Já a taxa de desemprego em Portugal subiu para os 12,9%, acima da média dos países da zona euro, que está nos 10,3%.
Portugal continua um país altamente desigual. O número de pobres é assustador: mais de 50 % da população - basta olhar para isenções e apoios do Estado. E como dizem certos estudiosos "Os ricos têm melhor qualidade de vida nos países mais igualitários". Só EUA, Turquia, Israel e México são mais desiguais.
Podemos andar com números para trás e para a frente, que vamos sempre dar ao mesmo: precisamos de mudanças quer ao nível da economia quer sobretudo da educação (cultura e maneira de pensar).
Portugal é um país pobre comparado com os mais ricos. Mas não é um país pobre. Ou não era. Que aos poucos estamos a empobrecer e, por isso, o nosso Passos Coelho já anda todo contente a dizer que este ano o défice público não será superior a 4,5% do PIB, quando o exigido no acordo com a troika era de 5,9%. É um défice artificial, não é um défice autêntico, pois os seis mil milhões de fundos de pensões da banca permitem reduzir o défice contabilisticamente mas não realmente.
Já a taxa de desemprego em Portugal subiu para os 12,9%, acima da média dos países da zona euro, que está nos 10,3%.
Portugal continua um país altamente desigual. O número de pobres é assustador: mais de 50 % da população - basta olhar para isenções e apoios do Estado. E como dizem certos estudiosos "Os ricos têm melhor qualidade de vida nos países mais igualitários". Só EUA, Turquia, Israel e México são mais desiguais.
Podemos andar com números para trás e para a frente, que vamos sempre dar ao mesmo: precisamos de mudanças quer ao nível da economia quer sobretudo da educação (cultura e maneira de pensar).
12 dezembro 2011
Vem aí a fome
Pela primeira vez, desde que há registo, o volume de bens alimentares consumidos caiu. A crise já chegou à mesa dos portugueses.
Daqueles que concordam connosco
Chama-se Filipe de Botton e é um dos líderes da Logoplaste. Diz ele que “O maior problema que existe em Portugal é a classe empresarial. (...)somos pouco formados, pouco cosmopolitas, (...) falta em Portugal capacidade de liderança”.
Fonte
Fonte
10 dezembro 2011
Da cultura segundo o secretário de estado
Há por aí muita gente dada aos oxímoros, talvez pelas afinidades entre a retórica e a política. Assim, não há dia em que não sejamos surpreendidos pelos muitos vãos da ironia. Hoje, acordamos com as crenças do vate-escritor-secretário-de-estado-da-cultura que, ou inspirado pelo aroma intenso de um charuto, ou pela riqueza calórica de algum tinto encorpado, propõe ao gentio deixar de comer um bife e batata frita para ir... (não seja pesporrente, leitor, muito menos malicioso) ao cinema.
Não há nada melhor, em tempos de "cortes na nossa vida” do que uma ida ao cinema. Só o cheiro a pipoca sacia, o que é bom para a linha e para o colesterol. Acresce o ruído das pedras de gelo da cola que acabam logo com a sede. O nosso Francisco José Viegas pensa à frente e adivinha uma “mudança de hábitos”. Os compatriotas deixarão de comer e de beber para se tornarem grandes consumidores de "cultura".
A gente percebe que as cadeiras onde se sentam tão doutas individualidades são elaboradas com materiais preclaros que não só proporcionam um incremento da fé como tornam os governantes em profetas.
Não há nada melhor, em tempos de "cortes na nossa vida” do que uma ida ao cinema. Só o cheiro a pipoca sacia, o que é bom para a linha e para o colesterol. Acresce o ruído das pedras de gelo da cola que acabam logo com a sede. O nosso Francisco José Viegas pensa à frente e adivinha uma “mudança de hábitos”. Os compatriotas deixarão de comer e de beber para se tornarem grandes consumidores de "cultura".
A gente percebe que as cadeiras onde se sentam tão doutas individualidades são elaboradas com materiais preclaros que não só proporcionam um incremento da fé como tornam os governantes em profetas.
Do namoro
Vasco Pulido Valente e Manuel Alegre reintroduzem o duelo amoroso na imprensa portuguesa. Hoje, Manuel Alegre afirma que lhe apetece dar a Pulido Valente "com brandura, umas bengaladas", depois de ter tecido algumas considerações sobre o que é, para o nosso vate, o amor: algo que se manifesta do avesso, fruto de uma "espécie de pudor".
Vasco Pulido Valente zurzira há tempos Manuel Alegre, num dos seus artigos do Público. Nós, leitores entediados, aguardamos mais umas linhas destas missivas amorosas no Portugal dos inícios do século XXI.
Vasco Pulido Valente zurzira há tempos Manuel Alegre, num dos seus artigos do Público. Nós, leitores entediados, aguardamos mais umas linhas destas missivas amorosas no Portugal dos inícios do século XXI.
08 dezembro 2011
Outros estudos
Os números têm origem nos Censos deste ano. Que indicam que entre 2001 e 2011 quase duplicou o número de pessoas com curso superior – são agora cerca de 1,2 milhões. Esta tendência também se verifica no ensino secundário. No entanto, apenas 12% da população possui o ensino superior completo e 13% o secundário. E ainda há 19% da população sem qualquer nível de ensino.
São as mulheres quem possui qualificações mais elevadas, sendo 61% dos licenciados do sexo feminino, mas são também as mulheres que predominam no grupo de pessoas sem qualquer escolaridade.
Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de crianças (até aos 14 anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses têm 65 ou mais anos de idade. E há 21,4% a viver sozinhos, mormente no interior do país, na região Centro e Sul e nos municípios de Lisboa e Porto. Apesar do aumento dos divórcios, os casados continuam a representar grande parte da população: são 47%, face a 40% de solteiros, 7% de viúvos e 6% de divorciados. Os solteiros são mais homens (51,6%), os divorciados mais mulheres (58,6%).
Fonte: Público
São as mulheres quem possui qualificações mais elevadas, sendo 61% dos licenciados do sexo feminino, mas são também as mulheres que predominam no grupo de pessoas sem qualquer escolaridade.
Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de crianças (até aos 14 anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses têm 65 ou mais anos de idade. E há 21,4% a viver sozinhos, mormente no interior do país, na região Centro e Sul e nos municípios de Lisboa e Porto. Apesar do aumento dos divórcios, os casados continuam a representar grande parte da população: são 47%, face a 40% de solteiros, 7% de viúvos e 6% de divorciados. Os solteiros são mais homens (51,6%), os divorciados mais mulheres (58,6%).
Fonte: Público
Dos estudos que acabam na imprensa
A partir de um estudo limitado em população representativa e noutros itens de um estudo rigoroso parte-se para as generalizações, socialmente atractivas e que parecem confirmar lugares comuns. O busílis é apenas o de o estudo não obedecer a critérios rigorosos e dar aso a banalizações.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Ohio, nos EUA, reuniu 283 estudantes (163 do sexo masculino e 120 do sexo feminino, entre os 18 e os 25 anos) para perceber as diferenças entre os pensamento de homens e mulheres ao longo de um dia. Divididos em três grupos, foi pedido aos participantes que, durante uma semana, cada vez que pensassem em sexo, comida ou descanso, consoante o grupo onde estavam inseridos, activassem um contador.
O resultado mostra que enquanto os homens pensam, em média, 19 vezes por dia em sexo, as mulheres apenas pensam 10 vezes.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Ohio, nos EUA, reuniu 283 estudantes (163 do sexo masculino e 120 do sexo feminino, entre os 18 e os 25 anos) para perceber as diferenças entre os pensamento de homens e mulheres ao longo de um dia. Divididos em três grupos, foi pedido aos participantes que, durante uma semana, cada vez que pensassem em sexo, comida ou descanso, consoante o grupo onde estavam inseridos, activassem um contador.
O resultado mostra que enquanto os homens pensam, em média, 19 vezes por dia em sexo, as mulheres apenas pensam 10 vezes.
Da conspiração
O homem ficou conhecido pelo seu voraz apetite sexual. Mas não apenas por isso. Aos olhos do mundo tornou-se um agressor e um violador. Foi preso. E acabou fora da corrida às presidenciais francesas. Falou-se em complot. E volta a falar-se, depois da divulgação das imagens de segurança do hotel.
Os acontecimentos datam de 14 de maio. Nas imagens das câmaras de segurança do Hotel Sofitel de Nova York, é possível ver Strauss-Kahn a deixar o hotel calmamente, indo embora de táxi. Pouco depois, a empregada Nafissatou Diallo sai de um elevador e conversa com outros funcionários. Em seguida, surge no que aparenta ser uma área de acesso exclusivo da equipe do hotel, gesticulando junto a uma supervisora e aos funcionários, aparentemente seguranças. Quase uma hora depois de Strauss-Kahn ter deixado o hotel, esses dois seguranças vão para uma área reservada e aparecem a dançar e a abraçar-se, como se comemorassem algo, no que a emissora francesa BFM designa como “dança da alegria”.
A 25 de novembro, o jornalista norte-americano Edward Jay Epstein publicara na revista “The New York Review of Books” um artigo em que analisava estas mesmas imagens e dizia que a atitude dos funcionários era de comemoração dum golpe bem sucedido contra DSK.
Os acontecimentos datam de 14 de maio. Nas imagens das câmaras de segurança do Hotel Sofitel de Nova York, é possível ver Strauss-Kahn a deixar o hotel calmamente, indo embora de táxi. Pouco depois, a empregada Nafissatou Diallo sai de um elevador e conversa com outros funcionários. Em seguida, surge no que aparenta ser uma área de acesso exclusivo da equipe do hotel, gesticulando junto a uma supervisora e aos funcionários, aparentemente seguranças. Quase uma hora depois de Strauss-Kahn ter deixado o hotel, esses dois seguranças vão para uma área reservada e aparecem a dançar e a abraçar-se, como se comemorassem algo, no que a emissora francesa BFM designa como “dança da alegria”.
A 25 de novembro, o jornalista norte-americano Edward Jay Epstein publicara na revista “The New York Review of Books” um artigo em que analisava estas mesmas imagens e dizia que a atitude dos funcionários era de comemoração dum golpe bem sucedido contra DSK.
04 dezembro 2011
#AntiSec PT
A mensagem: «estamos aqui para combater a corrupção, expondo online a transparência que este sistema não permite existir.. e este sistema está a falhar.»
(...)
«2011 é o ano das revoluções e dos maiores hacks da história (até ao momento..) e estamos a criar um caminho para a revolução global. vamos defender o povo da corrupção policial e expor os corruptos que criaram a crise neste sistema com interesses sombrios.
Iremos também apoiar todos os movimentos que apresentam soluções concretas para substituir este sistema corrupto.
Denunciem a corrupção pelo nosso e mail, e juntem-se a nós no IRC.
Não somos Anonymous. Nem somos LulSecPortugal.
Somos o movimento #AntiSecPT»
A nossa língua não é o forte deste "grupo". Mas dominam a informática e provocam danos em sítios online. Estão por aqui e aqui.
Supostamente estão do lado do povo. O único problema é: que povo?
(...)
«2011 é o ano das revoluções e dos maiores hacks da história (até ao momento..) e estamos a criar um caminho para a revolução global. vamos defender o povo da corrupção policial e expor os corruptos que criaram a crise neste sistema com interesses sombrios.
Iremos também apoiar todos os movimentos que apresentam soluções concretas para substituir este sistema corrupto.
Denunciem a corrupção pelo nosso e mail, e juntem-se a nós no IRC.
Não somos Anonymous. Nem somos LulSecPortugal.
Somos o movimento #AntiSecPT»
A nossa língua não é o forte deste "grupo". Mas dominam a informática e provocam danos em sítios online. Estão por aqui e aqui.
Supostamente estão do lado do povo. O único problema é: que povo?
Da realidade portuguesa segundo um ponto de vista
A cultura em Portugal é sinónimo de álcool e fumo, pelo menos esse é o ponto de vista do nosso primeiro-ministro e do ministro das finanças.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
02 dezembro 2011
Retrato de um português de hoje pintado há séculos
O quadro, datado de 1633, não pertencia ainda à lista de obras de Rembrandt. Agora já pertence. Por baixo detectou-se um auto-retrato inacabado do pintor holandês.
De dimensões pequenas (15cmx20cm), terá sido pintado por Rembrandt aos 24 anos, numa altura em que a sua reputação de retratista começava a crescer.
Os exames de raio-X, com recurso a uma técnica de espectrometria de fluorescência de macro raio-X que permitem detectar pigmentos escondidos em camadas de tinta, feitos à obra revelam que por baixo do retrato de um homem velho, de olhar carregado e triste, está um auto-retrato incompleto do pintor, cujos detalhes faciais não estão desenhados, mas os traços gerais correspondem a uma impressão de 1633 que tem uma inscrição que dizem ser de Rembrandt.
De dimensões pequenas (15cmx20cm), terá sido pintado por Rembrandt aos 24 anos, numa altura em que a sua reputação de retratista começava a crescer.
Os exames de raio-X, com recurso a uma técnica de espectrometria de fluorescência de macro raio-X que permitem detectar pigmentos escondidos em camadas de tinta, feitos à obra revelam que por baixo do retrato de um homem velho, de olhar carregado e triste, está um auto-retrato incompleto do pintor, cujos detalhes faciais não estão desenhados, mas os traços gerais correspondem a uma impressão de 1633 que tem uma inscrição que dizem ser de Rembrandt.
O polvo dos Spy Files
Há dezenas de empresas a vender tecnologia para vigilância de pessoas a governos (ditaduras ou ditas democracias). A informação é fornecida pela WikiLeaks, que afirma que se vendem equipamentos para “registar a localização de todos os telemóveis numa cidade, com uma precisão de 50 metros” e software para “infectar todos os utilizadores de Facebook ou utilizadores de smartphone de um sector inteiro da população”. Para além disto, há quem venda vírus informáticos e outro software malicioso para ser instalado em computadores específicos, tecnologia de rastreamento por GPS e material para interceptar ligações de Internet.
O Big Brother é uma realidade que passou da literatura e do cinema para o dia a dia.
Para ver mais, ir aqui.
O Big Brother é uma realidade que passou da literatura e do cinema para o dia a dia.
Para ver mais, ir aqui.
Christa Wolf (1929-2011)
Morreu ontem, em Berlim, Christa Wolf, autora de "Cassandra" e "Medeia. Vozes", "Três Histórias Inverosímeis" (publicados em Portugal pela Cotovia) e "Acidente: notícias de um dia" (Publicações D. Quixote).
«A curiosidade é um mau hábito das mulheres e dos gatos, ao passo que o homem é ávido de conhecimento e tem sede de saber.» (THI, pág. 94)
Nas obras da escritora, as mulheres estão sempre no centro das atenções. Mulheres que se sentem estranhas, desajustadas num mundo masculino e que questionam os lugares comuns da dominação e do poder.
«A curiosidade é um mau hábito das mulheres e dos gatos, ao passo que o homem é ávido de conhecimento e tem sede de saber.» (THI, pág. 94)
Nas obras da escritora, as mulheres estão sempre no centro das atenções. Mulheres que se sentem estranhas, desajustadas num mundo masculino e que questionam os lugares comuns da dominação e do poder.
Portugal e o imenso buraco nas contas do Estado
Milhão para aqui, milhão para ali. Parece uma dança. Quando o maestro de serviço era rosa, todos diziam que a culpa era de Sócrates. Agora que é laranja, vai-se suportando, à falta de algo credível (as eleições foram há pouco tempo). Mas os sinais de alerta mantêm-se acesos e os cortes continuam a todo o vapor.
Há quem se questione sobre o que anda por aí a dizer Passos Coelho, ao mesmo tempo que fala do encaixe de 6 mil milhões com o fundo de pensões da banca:
«Seis mil milhões é muito mais do que se previa, correspondendo a mais de 3% do PIB. Ou o Estado terá um défice afinal inferior a 5,9% ou teremos também "despesas extraordinárias" ainda este ano. Pela experiência, a segunda hipótese é mais provável: estes seis mil milhões são um enorme tapete para debaixo do qual o Estado ainda vai varrer muito lixo. Buracos nas empresas municipais? Nas PPP? No BPN? Que esqueletos saltarão do armário para aninhar no conforto do fundo de pensões?
Mais: se o o défice orçamental deste ano for formalmente de 5,9% mas substancialmente acima de 9% (5,9% mais os 3% e picos do fundo), então a redução para 4,5% comprometida para 2012 será de uma violência quântica. Talvez assim se perceba a entrevista do primeiro-ministro de há dois dias, para preparar o discurso da derrapagem do défice e da recessão económica de 2012, prenunciado mais medidas de austeridade. Cristalino, não é?» (Diz Pedro Santos Guerreiro)
Para que o jogo não seja assim tão cristalino, o ministro Branco dá-lhe esse tom vago, que serve ao sim, ao não e que alguns dizem ser nim. «Todos os sectores da sociedade portuguesa, todas as áreas da governação são solidários no esforço que o povo português está a fazer para ultrapassar este momento. Não é só o sector da Defesa, da Educação, da Saúde. Temos feito tudo o que é necessário para ultrapassar este momento».
E como nisto de alta finança vale tudo, havemos de pagar no futuro estes seis mil milhões com mais dívida, mais impostos, mais cortes. Olé!
Há quem se questione sobre o que anda por aí a dizer Passos Coelho, ao mesmo tempo que fala do encaixe de 6 mil milhões com o fundo de pensões da banca:
«Seis mil milhões é muito mais do que se previa, correspondendo a mais de 3% do PIB. Ou o Estado terá um défice afinal inferior a 5,9% ou teremos também "despesas extraordinárias" ainda este ano. Pela experiência, a segunda hipótese é mais provável: estes seis mil milhões são um enorme tapete para debaixo do qual o Estado ainda vai varrer muito lixo. Buracos nas empresas municipais? Nas PPP? No BPN? Que esqueletos saltarão do armário para aninhar no conforto do fundo de pensões?
Mais: se o o défice orçamental deste ano for formalmente de 5,9% mas substancialmente acima de 9% (5,9% mais os 3% e picos do fundo), então a redução para 4,5% comprometida para 2012 será de uma violência quântica. Talvez assim se perceba a entrevista do primeiro-ministro de há dois dias, para preparar o discurso da derrapagem do défice e da recessão económica de 2012, prenunciado mais medidas de austeridade. Cristalino, não é?» (Diz Pedro Santos Guerreiro)
Para que o jogo não seja assim tão cristalino, o ministro Branco dá-lhe esse tom vago, que serve ao sim, ao não e que alguns dizem ser nim. «Todos os sectores da sociedade portuguesa, todas as áreas da governação são solidários no esforço que o povo português está a fazer para ultrapassar este momento. Não é só o sector da Defesa, da Educação, da Saúde. Temos feito tudo o que é necessário para ultrapassar este momento».
E como nisto de alta finança vale tudo, havemos de pagar no futuro estes seis mil milhões com mais dívida, mais impostos, mais cortes. Olé!
A alta qualidade da construção civil portuguesa
Infiltrações, azulejos que descolam, entre outros detalhes. Ver, por exemplo, o que acontece aqui.