28 dezembro 2011

O ano da desgraça visto por

Por exemplo por alguém que parece ter o rei na barriga e dá pelo nome de António Mexia, presidente da EDP, que prevê que "2012 vai ser, ao mesmo tempo, aquele em que demonstramos que somos capazes de fazer melhor e consolidarmos a credibilidade indispensável para que o país possa ter novamente acesso aos mercados e ajudar a resolver o principal problema da economia portuguesa, o seu financiamento."

Já outros, qual velho disco riscado, repetem a ladainha, como António Barreto: "É preciso explicar às pessoas o que lhes está a acontecer. (...) É importante para a coesão nacional e para evitar perturbações insustentáveis".

Como não podia deixar de ser, num país em que as nossas élites se limitam ao consumo de revistas de fait divers e de moda, são os poetas e arquitectos que dizem algo: "(...) há pessoas que estão a chegar ao limiar da dignidade humana", diz Souto Moura. Já M. A. Pina, poeta diz "Como ainda há pouco tempo provou o relatório da OCDE, os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos mais ricos, há cada vez mais insegurança, cada vez mais falta de escrúpulos e cada vez mais a submissão aos ditames do dinheiro e do capital financeiro". "O 'rating' das pessoas, utilizando um termo muito em voga, está cada vez mais como 'lixo', que é o que acontece com estas políticas recessivas que têm sido adoptadas".

Não deixa de ser curioso verificar que certos economistas não hesitam em encontrar paralelismos entre o agora e o período da Segunda Guerra Mundial, como João Ferreira do Amaral: "Vão crescer tendências nacionais e europeias para uma certa forma de actuação política mais musculada. À medida que as dificuldades forem aparecendo, a reacção das autoridades será nesse sentido."

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