A propósito deste post, vale a pena ver como são as prostitutas quem decide o que fazem e como fazem. E os esquemas de que necessitam para estarem colectadas e poderem ter aquilo que todos têm: acesso ao crédito bancário.
Há muito moralista (alguns soit disant de esquerda) que encara a "mais velha profissão do mundo" segundo os pontos de vista de quem, qual Pilatos, lava as mãos (a consciência) com as suas opiniões, como se assim se resolvesse alguma coisa.
Vejamos alguns excertos da reportagem do DN:
«Apesar de o mercado do sexo ser cada vez mais diverso, ainda há muitas mulheres que vendem o corpo na berma da estrada. A explicação, segundo dizem, prende-se com a segurança. Fugir de um cliente violento numa mata é mais fácil do que gritar e pedir socorro entre quatro paredes.»
Repare-se no caso de Susana, uma prostituta: «A "facilidade" com que ganhou o dinheiro abriu-lhe o caminho. Pediu "a um chulo" que a levasse para um clube em Espanha "só para experimentar" e nunca mais deixou "esta vida". "Não consigo tanto dinheiro como aqui".»
«"é difícil entrar noutro trabalho e manter a vida estabilizada que agora temos", confessa Susana.
Uma opinião partilhada pelas duas mulheres já vividas que, à terça-feira, fazem três horas perto de Alenquer, no IC2. Idalina, 54 anos, e a amiga Madalena, 65 (...)
Ao final da manhã, a mais velha teve três clientes. A mais nova, que assinala o lugar na mata onde se prostitui com uma boneca, só teve um. "Nós só fazemos sexo à antiga. Aí as novas é que põem a boca em todo o lado", atira Madalena, de poucas conversas.
"Ela é que tem sorte. Às vezes tem um cliente que a leva para um quarto e dá-lhe cem euros", diz Idalina. "Se soubesses o trabalho que me dá", responde. Longe vão os anos em que se faziam valer dos atributos do corpo para cativar clientes. Hoje vale-lhes a paciência.
"Acha que as mais novas perdem tempo com eles? Recebem o dinheiro e ao fim de dez minutos mandam-nos embora. Se soubesse as dores com que fico nos joelhos para ganhar aqueles cem euros", diz Madalena, que recusa pormenorizar as circunstâncias que a conduziram ali. Deixa escapar que toda a vida trabalhou em fábricas ou a tomar conta "dos filhos dos outros". E o dinheiro não chega.
Idalina, mais espevitada, não tem problemas em dizer que quem a pôs na estrada foi o marido com quem casou aos 20 anos. Era a única forma de lhe alimentar o vício do álcool.»
«Paula, 32 anos, prefere prostituir-se na mata. "Entre quatro paredes estamos sujeitas a tudo. Podemos gritar que ninguém se mete. Aqui corremos para a estrada e alguém nos acode", diz.
O vestido de ganga justo ao corpo descobre-lhe as pernas. Os atributos físicos de Paula permitem-lhe uma média de dez clientes por dia, "agora em tempo de crise".
Paula lembra-se perfeitamente do dia em que começou a trabalhar como prostituta, há pouco mais de três anos. Trabalhava num lar e estava de relações cortadas com o pai quando soube que ele estava doente com um cancro. "Deixei o orgulho de lado e fui para perto dele. Mas tinha de ganhar dinheiro", conta.
Admite cobrar aos clientes "o preço normal", 20 euros por sexo vaginal e anal e 15 pelo oral. Sem beijos nem carícias. Ao final dos dias mais fracos, pondera baixar o preço do oral em troca de uma boleia para casa. "Quando estou mais stressada não venho. Mas obrigo-me a fazer um dia de trabalho normal, entre as 09.00 e as 18.00", diz.
Se aparece um cliente mais bruto, ou até sujo, Paula não hesita em mostrar-se indisponível.»
Os clientes são de todas as classes sociais. "Desde o peão da obra, ao engenheiro e até jogador de futebol".
Há muito moralista (alguns soit disant de esquerda) que encara a "mais velha profissão do mundo" segundo os pontos de vista de quem, qual Pilatos, lava as mãos (a consciência) com as suas opiniões, como se assim se resolvesse alguma coisa.
Vejamos alguns excertos da reportagem do DN:
«Apesar de o mercado do sexo ser cada vez mais diverso, ainda há muitas mulheres que vendem o corpo na berma da estrada. A explicação, segundo dizem, prende-se com a segurança. Fugir de um cliente violento numa mata é mais fácil do que gritar e pedir socorro entre quatro paredes.»
Repare-se no caso de Susana, uma prostituta: «A "facilidade" com que ganhou o dinheiro abriu-lhe o caminho. Pediu "a um chulo" que a levasse para um clube em Espanha "só para experimentar" e nunca mais deixou "esta vida". "Não consigo tanto dinheiro como aqui".»
«"é difícil entrar noutro trabalho e manter a vida estabilizada que agora temos", confessa Susana.
Uma opinião partilhada pelas duas mulheres já vividas que, à terça-feira, fazem três horas perto de Alenquer, no IC2. Idalina, 54 anos, e a amiga Madalena, 65 (...)
Ao final da manhã, a mais velha teve três clientes. A mais nova, que assinala o lugar na mata onde se prostitui com uma boneca, só teve um. "Nós só fazemos sexo à antiga. Aí as novas é que põem a boca em todo o lado", atira Madalena, de poucas conversas.
"Ela é que tem sorte. Às vezes tem um cliente que a leva para um quarto e dá-lhe cem euros", diz Idalina. "Se soubesses o trabalho que me dá", responde. Longe vão os anos em que se faziam valer dos atributos do corpo para cativar clientes. Hoje vale-lhes a paciência.
"Acha que as mais novas perdem tempo com eles? Recebem o dinheiro e ao fim de dez minutos mandam-nos embora. Se soubesse as dores com que fico nos joelhos para ganhar aqueles cem euros", diz Madalena, que recusa pormenorizar as circunstâncias que a conduziram ali. Deixa escapar que toda a vida trabalhou em fábricas ou a tomar conta "dos filhos dos outros". E o dinheiro não chega.
Idalina, mais espevitada, não tem problemas em dizer que quem a pôs na estrada foi o marido com quem casou aos 20 anos. Era a única forma de lhe alimentar o vício do álcool.»
«Paula, 32 anos, prefere prostituir-se na mata. "Entre quatro paredes estamos sujeitas a tudo. Podemos gritar que ninguém se mete. Aqui corremos para a estrada e alguém nos acode", diz.
O vestido de ganga justo ao corpo descobre-lhe as pernas. Os atributos físicos de Paula permitem-lhe uma média de dez clientes por dia, "agora em tempo de crise".
Paula lembra-se perfeitamente do dia em que começou a trabalhar como prostituta, há pouco mais de três anos. Trabalhava num lar e estava de relações cortadas com o pai quando soube que ele estava doente com um cancro. "Deixei o orgulho de lado e fui para perto dele. Mas tinha de ganhar dinheiro", conta.
Admite cobrar aos clientes "o preço normal", 20 euros por sexo vaginal e anal e 15 pelo oral. Sem beijos nem carícias. Ao final dos dias mais fracos, pondera baixar o preço do oral em troca de uma boleia para casa. "Quando estou mais stressada não venho. Mas obrigo-me a fazer um dia de trabalho normal, entre as 09.00 e as 18.00", diz.
Se aparece um cliente mais bruto, ou até sujo, Paula não hesita em mostrar-se indisponível.»
Os clientes são de todas as classes sociais. "Desde o peão da obra, ao engenheiro e até jogador de futebol".
O facto de ser de esquerda obriga-me a ser contra a prostituição por uma questão de humanismo.
ResponderEliminarE, como já escrevi, o chocante não é o sexo. É o dinheiro. Porque a dignidade humana não pode ser vendida nem comprada.
Não vejo as prostitutas como criminosas, ao contrário dos clientes e dos proxenetas. Mas quero uma sociedade que lhes dê a oportunidade de se realizarem enquanto pessoas. Qual delas, em criança, sonhava ser prostituta?