29 novembro 2011

Olarilolé


A banca avisa, a troika está a atirar-nos para as areias movediças da morte certa: serão menos 46 mil milhões que desaparecem da economia portuguesa, com o inevitável asfixiamento das empresas e das pessoas.
“A intervenção dos reguladores está a desarticular o sistema financeiro europeu”, diz o banqueiro Fernando Ulrich.
Ora, no mesmo dia, ficámos a saber que um americano de provecta idade devolveu a uma loja o dinheiro que roubara há 60 anos, com juros. Se a medida fosse seguida pelos mercados, poderíamos viver em paz.
Basta recordar que o dinheiro nada é, apenas um instrumento para suportar transacções. O dinheiro serve apenas para facilitar as transacções comerciais — não produz nenhum bem real. O objectivo da economia é, em princípio, manter e promover o bem-estar das pessoas. Mas há quem sempre queira apropriar-se do que é de todos. Os gulosos podem ter vários nomes: especuladores, agiotas, mercenários, traficantes, débeis mentais. A população aprende desde muito cedo a venerar os traficantes, pelo bem-estar que ostentam. Porque a escola é, grosso-modo, omissa quanto aos fundamentos e bases da economia. O conhecimento é segredo e este é a alma do negócio, por isso a economia é sempre um assunto mal estudado que fica para um pequeno grupo de especialistas (os quais, como se tem visto no caso europeu, falham em toda a linha, excepto na manutenção do seu alto nível de vida).
Mário Soares que não é economista, mas político e que se orgulha de o ser, diz que "estamos a cortar tudo e não estamos a construir nada para obter maior crescimento económico e para reduzir o desemprego. Se assim continuar, daqui a um ano vamos estar pior do que estamos hoje. Para que nos serve então a austeridade que vem aí?"
Se ouvirmos os economistas eles enrolam o discurso para acabarem por admitir que não sabem como é que Portugal vai poder crescer. Porque sabem que Portugal vai empobrecer e o empobrecimento é o contrário do crescimento.
No entanto o país tem recursos: pessoas; território; oceano; competências; massa crítica. Ou seja, pode encontrar maneiras de dar a volta à crise se conseguir envolver na solução o maior número de pessoas. Para o fazer tem de haver espírito de missão por parte de todos e não apenas dos sofredores do costume. E o que se vê é que são apenas os do costume que vão pagar a factura para, no fim, estarem pior. E sem que se veja sinal de a justiça funcionar para com quantos são os grandes responsáveis pelos buracos (sejam eles os do BPN, do BPP, da Madeira, das empresas públicas, das más gestões administrativas, das autarquias).
A mensagem é muito clara: fode-te Zé, para que o Samuel, o Pedro, o Jorge e amigos te continuem a foder. E Zé, não faças ondas, sê bem comportado, como sempre, paga e está caladinho.

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