12 dezembro 2010

Miguel Ângelo Buonarroti e a inspiração colhida nos bordéis




Os beatos e condenados representados nos frescos da Capela Sistina são retratos obscenos, segundo Elena Lazzarini. Diz ela que Miguel Ângelo, como outros artistas da época, frequentava os «stufe», espécie de banhos turcos semelhantes a bordéis. Foi nesses banhos públicos da capital italiana que o escultor se inspirou para decorar uma das jóias do Vaticano.
Sexo e religião sempre andaram ligados, nem sempre por bons motivos. A Capela Sistina parece ser um bom exemplo.

Assange e Obama

O objectivo do jogo é tentar sacar do portátil de Obama os ficheiros, quando este adormece. O problema é que o presidente tem o sono muito leve. Ora tenta lá.


Via Toca dos Jogos

12 novembro 2010

Henryk Górecki (1933-2010)


Henryk Górecki, compositor polaco, morreu hoje em Katowice. É comparado a compositores como Olivier Messiaen ou Arvo Pärt, pela estrutura musical, pelo temperamento romântico e pelos temas religiosos.
A sua música, inicialmente marcada pelo serialismo e pelo modernismo de Webern, Xenakis e Boulez, revela-se numa Sinfonia nº1, de 1959, recebida com entusiasmo na Polónia. A Sinfonia nº2 surgiria 13 anos depois, para celebrar o 500º aniversário do nascimento de Copérnico. O vanguardismo inicial dá lugar a um lirismo mais acentuado e a um investimento melódico mais tradicional.
Católico devoto, procuraria a partir dali incutir na sua música um sentido espiritual profundo, que atingirá o auge na sua obra mais conhecida, a Sinfonia nº3, construída sobre um lamento do século XV, as palavras que uma adolescente escreveu nas paredes de uma prisão polaca da Gestapo e uma história do folclore da Silésia, em que uma mãe chora o filho perdido na guerra. Conhecida como "Sinfonia das Canções Tristes", tornaria Górecky um caso raro de sucesso, com os mais de um milhão de discos vendidos em 1992.
Na sequência desse êxito, o polaco colaborou com o Kronos Quartet e a Orquestra Sinfónica de Londres.


10 novembro 2010

A diferença entre um vaso e uma tela



O vaso tem sete séculos de vida. A tela tem alguns anos. O vaso remonta à Dinastia Yuan (século XIV) e é raro. A tela é de 1962, tem o título de "Large Coca-Cola”, realizada por Andy Warhol a preto-e-branco.
Ambas as peças foram vendidas em leilão, pela mesma empresa de leilões. O vaso pela Sotheby’s de Londres. A tela pela Sotheby’s de Nova Iorque. A primeira por 3 milhões de euros. A segunda por 25 milhões de euros.
Ou seja: a história tem valor reduzido no mercado de bens culturais de agora. O presente valoriza a especulação e Andy Warhol é o senhor money por excelência.

O jornalismo em Portugal

Uma coisas é vê-los recostados a arrotar bitaites nas colunas semanais. Outra, bem distinta, é vê-los sem make-up. A realidade é suja:

«O director do jornal Sol, José António Saraiva, "lavou as mãos" das notícias sobre o processo "Face Oculta" publicadas por aquele semanário, colocando, na prática, toda a responsabilidade nas jornalistas Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita. A posição do director do Sol foi assumida no processo movido por Rui Pedro Soares, ex-administrador da PT, contra o jornal, os jornalistas e os responsáveis editoriais.» [Fonte: DN]

20 outubro 2010

Há ladrões... e ricos

Quem compra medicamentos? Toda a gente.
Quem paga impostos? Toda a gente? Sim, mas uns pagam, outros fazem de conta. Veja-se quanto paga a indústria farmacêutica em Portugal: 0,16 %. Sim, 0,16 %. Ou seja, quem mais ganha menos paga. Abençoado governo que estimula a indústria. E como essa indústria contribui para a riqueza do país: pagando 0,16% dos seus lucros.
No geral, os 195 laboratórios farmacêuticos tiveram um volume de negócios que ultrapassou os 5 300 000 000 de euros entre 2005 e 2007. Mas pagaram de IRC menos de 9 milhões de euros.
Isto é que é a maneira de fazer negócios à portuguesa. Ganhar muito e depressa.
Que faz o governo? Titubeia, assobia para o lado, teme.

Fonte: 1

19 outubro 2010

Prioridades

Os salários são desnecessários, logo: cortam-se.
As pensões desnecessárias são, por isso: reduzem-se.
Os apoios são excrescências, pelo que vão à vida.
Mas pareceres, estudos e consultadoria são despesas absolutamente essenciais, por isso mantêm-se.
Seminários, publicidade e exposições são absolutamente imprescindíveis. E aumentam-se os gastos com esses itens.
Este Estado é abençoado. Abençoado pela incúria, distracção e ignorância de uma população que nem sequer sabe quanto trabalha para os bancos.
Governar assim é fácil, pois é.
De resto, em tempos de crise as medalhas são o sal da vida, por isso, o governo achou por bem aumentar a verba destinada a artigos honoríficos e de decoração.
Eu adoro este país. É o país onde o humor sempre faz parte da governação e da economia.

Fontes: a), b), c), d)

16 outubro 2010

Os exemplos vêm sempre de cima

Este governo é particularmente irritante pelos contínuos tiques de autoritarismo de que dá mostras. Sócrates, com maioria absoluta, revelou-se medíocre e, como qualquer medíocre, mostrou os dentes e deu um show de ditadurazinha à maneira salazarista. Com maioria relativa tentou fazer passar a mensagem de que estava tudo bem. Na hora da verdade, o seu ministro principal, chegou tarde e sem trazer tudo o que a lei o obrigava. MAIS EXEMPLOS PARA QUÊ?
Este governo é incompetente para resolver os problemas do país. Sócrates é um péssimo primeiro-ministro. De resto, o Orçamento do Estado "mais difícil" e "importante dos últimos 25 anos" - segundo palavras do tal ministro que se atrasa e não cumpre a lei, de seu nome Teixeira dos Santos - vai entrar sobretudo nos bolsos dos funcionários públicos e da classe média. Mais IRS e IVA, salários mais magros, pensões sem aumento e menos apoios sociais. O resto, é residual. Porque os cortes nas restantes despesas são pouco significativos. Mas, segundo essa sumidade que é TS, "O país precisa de um orçamento e este é o OE que o país precisa".
Que pensa o povo disso? Este povo que continua semi-analfabeto e que ainda não se habituou a viver em democracia? Uma parte significativa diz ámen a tudo. Segundo uma sondagem do Expresso, «a poupança é, para a maioria dos portugueses ouvidos no Barómetro do mês de Agosto, a melhor resposta à crise. 75,3% dos inquiridos vão procurar poupar mais e apenas 6,1% ponderam emigrar.
Apesar da crise e do pacote de medidas anunciado os inquiridos dividem-se quanto à greve geral. Questionados sobre se concordam com a convocação da greve a maioria 47% responde afirmativamente, mas 46,2% dizem que não. Semelhante divisão ocorre quando questionados sobre as alternativas do governo face à eventual reprovação do OE.»
Como por aí se diz, pelo quarto ano consecutivo, assistiu-se a uma rábula na entrega de um documento fundamental: depois do défice errado, da pen drive vazia, da conferência de imprensa a cinco minutos da meia-noite, a sucessão de atrasos que culminou com a falha deste ano o Governo mostra-nos que não trabalhou com tempo os números determinantes e decisivos, voltou a deixar para o fim questões que quer que todos considerem essenciais, e não soube, ou não estava preparado, para as dificuldades que todos anteviam.
O que se continua a dizer através dos actos aos portugueses é tão simples como isto: quem pode abusa, o resto é fazer de conta que se muda para tudo continuar na mesma.

14 outubro 2010

Números, tantos números

A CP teve, em 2009, prejuízos 231 milhões de euros (CP e CP Carga). A 12 de Junho do ano passado, por decreto-lei governamental, passou de Empresa Pública (EP) para Entidade Pública Empresarial (EPE). Um mês depois (13 de Julho), por despacho dos secretários de Estado do Tesouro e Finanças e dos Transportes, foram alterados os vencimentos dos seus gestores. O presidente que ganhava 4.725 euros passou a ganhar 7.225 euros (mais 52 por cento) e os vogais passaram de 4.204,18 euros para 6.791 euros (quase 60 por cento).
A CARRIS que em 2009 teve cerca de 41 milhões de euros de prejuízo, viu, por decisão governamental, os ordenados dos seus gestores igualmente aumentados de forma significativa em Março de 2009. O presidente ganhava 4.204 euros e passou a auferir de um ordenado mensal 6.923 euros (mais 65 por cento). Já os vogais passaram de 3.656 para 6.028 (mais 65 por cento).
Ou seja: o pagode aperta o cinto. O Estado esbanja com uma meia dúzia. Sempre com o aval do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, o tal que dorme mal por causa das medidas que tem de tomar. Ele há cada uma... só mesmo num país dado à crendice!

Contra a obesidade estatal

O Estado existe para servir a população ou para garantir jobs for boys?
Quantos custam os boys ao erário público? Há dinheiro para lhes pagar, quando o número de pobres é já um quarto da população do país?
Diz quem sabe que se cortarmos em 10% a despesa dalguns institutos públicos, seria possível obter poupanças na ordem dos 500 milhões de euros. E se, tal como foi feito recentemente em Espanha, realizássemos fusões, extinções ou reduções mais drásticas nalguns destes institutos, não seria difícil obter economias acima dos 1000 milhões de euros.
Porque não se faz isso? Há dinheiro para esbanjar? Há prazer em ver crescer a pobreza?

13 outubro 2010

A produtividade dos nobres empresários tugas

As diferenças:

Em 1994, só um terço das 200 mil sociedades pagava IRC.
Em 2007, apenas 36 por cento das 379 mil empresas declararam actividade para pagar IRC.

Entre 1989 e 1996, foram 35 mil milhões de euros de prejuízos fiscais (78 por cento do lucro tributável).
De 1997 a 2002, mais 52,9 mil milhões (56 por cento do lucro tributável).
De 2003 a 2007 foram 44 mil milhões (37 por cento do lucro tributável).

E QUEM PAGA SEMPRE TUDO:

Em 1996, os rendimentos dos assalariados e pensionistas pagavam 86 por cento da receita do IRS.
Os independentes, os agrícolas, industriais, comerciantes, donos de prédios, de capitais e mais-valias pagavam os restantes 14 por cento.
Em 2008, a concentração agravou-se: os assalariados e pensionistas já pagam 92 por cento de todo o IRS.

Em resumo, como diz o título da notícia: «Quinze anos de combate a sério à evasão fiscal tornariam PEC "evitável"»

01 outubro 2010

Números são números

Diz António Vilarigues no Público de hoje:

"(...) os que defendem os cortes salariais, todos sem excepção, recebem mensalmente vencimentos equivalentes a 20, 30, 40, 50, 100 e mesmo mais salários mínimos nacionais. Na sua maioria, estão no patamar dos que ganham, em média, mais de 1666 euros por dia. Ou que nas conferências onde debitam as suas "soluções milagrosas" auferem, numa única HORA, o que um trabalhador com o salário mínimo nacional não obtém ao longo de 1 ANO!!! Curiosamente também, quase todos eles assumem (ou assumiram) responsabilidades governativas ou de direcção do "sistema". O que não os impede de se comportarem como virgens vestais."

(...) por que não se tributam a banca e os grandes grupos económicos com a taxa efectiva de IRC de 25% (o que renderia 500 milhões de euros, mínimo)? Ou as transacções em Bolsa (mínimo de 135 milhões de euros)? Ou as transferências financeiras para os offshores (cerca de 2200 milhões de euros, base 2009)? E por que não se tributam os que apostam na economia paralela e clandestina, que significará hoje cerca de 20% a 25% do PIB real? O que se traduziria na recolha, em impostos, de valores da ordem dos 16 mil milhões de euros/ano. Valor que, sublinhe-se, é várias vezes superior aos fundos comunitários."

"Reduzir os salários e as pensões é a solução, proclamam. Mas foram os salários e as pensões que provocaram a crise? Em 1975, a parte que as remunerações, sem incluir as contribuições sociais, representavam do PIB era de 59%. Em 2009, de menos de 34% do PIB!"

23 setembro 2010

Legislar em benefício próprio

Como é fácil sacudir a água do capote quando em causa estão princípios. Princípios republicanos, como o da equidade, da justiça, da racionalidade. Princípios até de governabilidade.
A secretária regional não deveria ter mudado a lei sabendo que o seu filho iria beneficiar de bolsa. Ao fazê-lo, por mais o governo regional queira atirar areia para os olhos dos açorianos, incorreu em falta grave. Tão grave que, se fôssemos uma democracia a sério, teria de ser demitida imediatamente. Mas, pelos vistos, o que a senhora fez, fê-lo com o conhecimento de César. O que é mais grave ainda. Pois, nesse caso, o próprio César deveria ser demitido.
Como não somos uma democracia a sério, descartam-se responsabilidades e passa-se a mensagem de que vale tudo quando se está no poder. A diferença entre César e João Jardim é, de facto, nenhuma. O mesmo desrespeito pela equidade, pela justiça, pela racionalidade.
O governo pode decidir apoiar o curso X, Y ou Z com avultadas verbas. Pode, fê-lo, fá-lo e continuará a fazê-lo. Já por várias vezes deu tiros nos pés, queimando dinheiros públicos com benesses e prebendas cujos proveitos para a região foram nulos. Mas quem está subsidiodependente olha apenas para a barriga. Mais tarde ou mais cedo há-de chegar a factura, mas por enquanto folgam as costas e tudo parece fácil. Seja. Não se pode pedir ao povo que faça diferente quando os exemplos que colhe de cima são como este aumento dos montantes da bolsa para o filho da senhora secretária.
Alunos há que passam dificuldades porque as bolsas a que têm direito são ínfimas. A senhora secretária aufere um vencimento acima da média nacional. Não se percebe porque alguém com rendimentos líquidos ou brutos elevados tenha direito a bolsas, quando outros sem tais posses se vêem impedidos de beneficiar de bolsas. E não venham dizer que se trata de um curso específico. Porque se o curso de piloto é caro, os salários auferidos pelos que o possuem são elevados. E há o recurso a empréstimos facilmente cumpridos por quem ganha bem. Já no caso de quem tem dificuldades isso é quase uma miragem. Ou seja, no estado em que estão as coisas, não se põe em prática o princípio da equidade. Não. Beneficia-se quem já tem posses em detrimento dos que as não têm.
Estar muito tempo no poder permite estas e outras injustiças. César e o PS estão há tempo demais no governo e dão-se ao luxo de usar o dinheiro dos contribuintes como muito bem lhes apraz, certamente por saberem que as bolsas são migalhas quando comparadas com o que se gasta em empreitadas.
A gestão da coisa pública é sempre feita em benefício de poucos, a troco do suor e do esforço das maiorias.


18 setembro 2010

Assim se destrói a democracia

1) A lei é dura, mas é a lei.
2) Quem faz as leis?
3) Com que intuitos?

De vez em quando somos confrontados com notícias que apenas nos merecem um comentário: nojo!
E gostaríamos de deixar claro que não nos move a ingenuidade de pensar que governantes e/ou legisladores são inocentes no que quer que seja. Mas há limites. Limites impostos pelo bom senso e pelo equilíbrio de poderes. Ora tudo isso parece estar a ser posto em xeque. Apenas para o bem-estar de uma família.
O antigo regime acabou há muito. A ditadura idem. Mas parece haver quem entenda que no meio do Atlântico norte tudo é possível.
Vejamos as personagens envolvidas:
Ana Paula Marques, secretária regional do Trabalho dos Açores; Miguel Marques Malaquias, filho dessa secretária regional; o governo regional dos Açores.
Factos:
Nos Açores, as bolsas de estudo são financiadas com um subsídio equivalente a 65% da remuneração mínima mensal no arquipélago.
A secretária regional decidiu majorar o curso do filho (de Piloto de Linha Aérea) com um subsídio equivalente a 150% da remuneração mínima mensal.
Essa área de formação só passou a fazer parte do regulamento de concessão de bolsas de estudo a partir de Outubro do ano passado, através de uma portaria (n.o 80/2009, de 6 de Outubro de 2009) modificada e assinada pela própria secretária regional, Ana Paula Marques.
Dez meses passados, por despacho de 16 de Agosto, é atribuído a Miguel Marques Malaquias, filho da secretária regional do Trabalho e autora da mudança da portaria, uma bolsa de estudo que se destina a financiar a frequência do curso de Piloto de Linha Aérea, ministrado na Academia Aeronáutica de Évora.
A bolsa de estudo no Continente, no valor de 9500 euros, é acrescida de despesas inerentes à viagem de ida e volta de avião entre Lisboa e o arquipélago.
Como reage o governo quando inquirido sobre estas mordomias?
"Os apoios para os cursos de piloto de aviação civil eram atribuídos através de outros programas: numa primeira fase, até 2007, através do PODESA e, a partir dessa altura e até 2009, por Portaria do Governo." A secretária, Ana Paula Marques, decidiu optar "por integrar esses apoios no regulamento das bolsas de estudo, apenas para tornar a atribuição do subsídio mais transparente", lê-se na nota do gabinete do Governo Regional do Açores, liderado por Carlos César.
Recordemo-nos que há meses outra notícia mostrava como a mulher de Carlos César gastara avultada quantia aos cofres da Região para ir passear ao Canadá.
A isto chamam eles socialismo. Há quem mal tenha dinheiro para comida e medicamentos. Mas, em tempos de crise os membros do governo regional continuam a gastar à tripa forra.

Fonte: i

06 setembro 2010

Tiago Tejo e o o pixelejo




Pixel mais azulejo é igual a pixelejo. Diz o i que Do tédio de estar em casa sem fazer nada - na altura ainda não frequentava o curso de História de Arte, em Lisboa - nasceu o pixelejo, a nova forma de arte urbana "apreciada por miúdos e velhos".
Faz os pixelejos e depois cola-os pela cidade de Lisboa. É um artista cheio de preocupações ambientais: "Há prédios velhos em que falha o padrão de azulejo e muitas vezes ponho um diferente, só para chocar mais", conta. "Vale tudo desde que não estrague nada."

Mais aqui.

Uma das estrelas da guerra do Iraque,


responsável, cúmplice e altamente empenhado em que acontecesse, de seu nome Tony, Tony Blair, foi há dias alvo de um ataque com sapatos e ovos quando chegava a uma livraria em Dublin, Irlanda, para uma sessão de autógrafos da sua autobiografia. Os manifestantes em raiva queriam deixar claro que não esquecem o envolvimento do ex-primeiro-ministro britânico, chamaram-lhe “criminoso de guerra” e recordaram-lhe que tem “sangue nas mãos”.
Como devem calcular, mau grado o incómodo que a coisa momentaneamente provoca, Blair deve estar satisfeito com a publicidade dada à sua autobiografia A Journey. Pois não é suposto figuras assim terem pruridos de consciência (que há muito foi vendida ao diabo).

Banksy em filme

Exit throught the gift shop é o título do filme sobre arte urbana ou sobre Banksy. Estreia no dia 8 de Outubro em Espanha. Deve chegar a Portugal. Quando? Ainda é uma incógnita.
Pode ver-se aqui um excerto ou visitar http://www.avalonproductions.es/exit/ e descarregar de lá os tais 5 minutos de filme (uma amostra, claro).



Mais também aqui.

30 agosto 2010

Allons enfants de la Patrie le jour de gloire est arrivé

A França continua a dar-nos lições importantes: se roubas milhões, és convidado para o Eliseu. Se mendigas, és expulso do país.
Sarkozy é um amigo.
Mas, que diabo, os pobres cheiram mal, vestem mal, não têm o charme de Mr. le Président.
A emigração é uma chatice. Sobretudo a emigração dos pobres. Já a deslocalização faz parte do... mercado global.
Vive la France!

Quoi! des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers
Grand Dieu! par des mains enchaînées
Nos fronts sous le joug se ploieraient!
De viIs despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées!



Ó pra eles muito certos do seu métier. Como se um doce pensamento os inebriasse: "Ide roubar prà vossa terra, pá."

29 agosto 2010

Razões sociológicas para a baixa produtividade portuguesa


[Big Brother] Foi dos programas que mais pessoas das classes A e B atraíram. - José Eduardo Moniz ao i.

Há dias assim 2




Em férias tivemos muitos curiosos de fora. Há dias assim.

Filha, mãe, avó e puta


Gabriela Leite é uma mulher de armas. Podia ter sido socióloga, mas preferiu ser puta. Tinha 22 anos. Agora, quase sexagenária, é candidata ao parlamento brasileiro. Qualquer semelhança com Ilona Staller (Cicciolina) é defeito de visão. No início da década de 90, fundou a Rede Brasileira de Prostitutas e criou a organização não governamental "Davida" para lutar pelos direitos das prostitutas. Em 2005, idealizou a grife "Daspu" para garantir receitas às prostitutas (vendem roupas confeccionadas pelas próprias). O nome é uma provocação à "Daslu", a maior loja de artigos de luxo do Brasil. No ano passado lançou o livro que dá título a este post. Autobiografia de uma mãe solteira que desiste de um vida "normal" para viver a boémia, como ela lhe chama. E aos poucos começou a abrir a boca e a tornar-se incómoda.


"Viver é um risco, você sai na rua e já está se arriscando. Tem um pouco mais de risco do que outras profissões devido à escuridão e à marginalidade, por ser uma coisa escondida debaixo do tapete. Então, onde se proíbe algo, cria-se a máfia. Aí você tem a terra de ninguém, questão muito séria na prostituição. Principalmente na baixa prostituição. Os riscos são maiores. Mas a gente luta para mudar isso. Estou há quase 30 anos militando para mudar toda essa história."

Para ler mais, aqui, aqui e aqui.

Pais empresários



A paternidade já não é o que era. Dantes ameaçavam, berravam, passavam-se. Agora, partem para o negócio. E tornam-se notícia.
Depois de haver notícia, há quem se apresse a destapar pontos de vista. Mesmo que sejam pontos de vista centrados, que desfocam, que aumentam o tanto cinzento do agora.
A notícia vem das bandas do Texas, como não podia deixar de ser (ou não fora o território dos Bush): uma menina deu uma festa em casa, depois das 23h. Os pais estavam em casa, a dormir. Acordaram pelas 2h30 sobressaltados com o barulho... Pais com o sono pesado, não? E como a filha não tinha cumprido o recolher obrigatório, toca de publicar um anúncio a oferecer trabalho infantil gratuito: 30 horas de "babysitting" a quem quisesse. O anúncio, de um quarto de página, pago pelo pai da menina, foi colocado no jornal local "Southlake Journal", no Estado do Texas. E tem estado a correr mundo.
Ora toma, que é para aprenderes.
Assim se fazem Bushes com muita facilidade. Será que se importam se traduzir Bush por Chouriça?
Que lindo sorriso, hein?

Fonte: Expresso


Do regresso

O caracol arrasta-se. Deixa um rasto de baba. Sinal do tempo.

Às vezes é preciso adormecer para acordar. Às vezes acorda-se e está tudo na mesma. Seja como for, é sempre de um problema de visão que se trata. O entendimento não é igual para todos. E não ver é apenas um dos lados da moeda.

19 julho 2010

Arquitectura e BD: um diálogo em Paris

Sendo a BD por definição uma manifestação artística urbana, a cidade é o território natural dos criadores. Umas vezes com características futuristas, noutras mais virados para o retro, a BD proporciona uma viagem fascinante pelas possibilidades da arquitectura.
Isso mesmo se pode ver em Paris na exposição Archi & BD: La Ville Déssinée: 150 autores, mais de 300 obras que vão de 1900 até aos dias de hoje.
Há exemplos para todos os gostos: a cidade reinventada, de António Jorge Gonçalves; divisões e cortes, de Bertall; estruturas e construção, de Chris Ware; interior versus exterior, de Joost Swarte; personagem viva, de Winsor McCay; locais e ruas, de Daniel Clowes; épocas, de Eddie Campbell.
As cidades imaginárias, fantásticas ou artificias, todas elas mais símbolo do que cenário: Neo Tóquio, Gotham, Radiant City, Urbicand, Mega City One, etc.
Além da presença da BD na obra de arquitectos como Sant’Elia, Jean Balladur e gabinetes, BIG, Coop Himmelblau e Herzog & De Meuron.



Découvrez "Archi et BD - La ville dessinée", à découvrir à la Cité de l'Architecture et du Patrimoine sur Culturebox !

Fonte: El País

13 julho 2010

Harvey Pekar (1939-2010)



Filho de imigrantes polacos, nasceu a dia 8 de Outubro de 1939 e morreu ontem, em Cleveland, Ohio. Pekar tornou-se bastante popular quando a sua série de BD, publicada inicialmente em 1976, foi adaptada para o cinema em 2003, com Paul Giamatti no papel do autor. Filme que conquistou o Grande Prémio do Júri de drama no Festival de Sundance.
"American Splendor" é um retrato de Harvey Pekar, que revela o seu pessimismo crónico e cómico, a relação que tinha com os amigos, com a mulher e a sua rotina como arquivista de hospital e coleccionador de discos de vinil.
Pekar era o argumentista. Os desenhos corriam pelas mãos de amigos, como Robert Crumb.
O artista tinha, além de problemas de cancro da próstata e hipertensão, graves crises de depressão. Foi encontrado morto pela mulher.

Tavík František Šimon (1877-1942)









Pintor checo que se dedicou à pintura, ao desenho e à gravura.
Viveu e trabalhou em Paris antes da I Grande Guerra (entre 1904 e 1914), onde foi muito apreciado. Regressou depois à sua Boémia natal e aí viveu durante a Guerra, tendo depois ido para Praga, onde morreu, em 1942. Durante o regime comunista, a sua obra foi esquecida e denegrida. A pouco e pouco tem sido recuperado, contando com muitos admiradores em diversas partes do mundo.
Há um sítio que lhe é inteiramente dedicado e que pode ser visto aqui.

08 julho 2010

Plano Nacional de Leitura: à atenção do


As crianças têm uma imaginação activa, uma inteligência activa. Querem aprender a pensar. Na Idade Média, amarrava-se as crianças ao berço para as imobilizar. Hoje, amarramos a mente das crianças exactamente da mesma forma.
Se me confiarem uma turma de crianças, comprometo-me a fazer com que elas leiam Camões com muitíssimo entusiasmo. É preciso dizer-lhes que são inteligentes e que vão conseguir ler essa obra. As crianças adoram palavras complicadas, termos difíceis, histórias onde não se percebe tudo. Mas a indústria não quer isso, quer tornar as coisas mais simples – e então fazem resumos, simplificam, publicam coisas idiotas para crianças [...]

O facto de nascer num sítio é um puro acaso, não define nada.

Alberto Manguel

Alberto Manguel

Nem toda a gente é leitora, mas acho que, no fundo, é porque as circunstâncias fazem que não sejamos todos leitores. A possibilidade está em todos nós. O que quero dizer é que suponho que há pessoas que nunca se apaixonam, suponho que há pessoas que nunca viajam, suponho que há pessoas que não têm uma certa experiência do mundo. E da mesma maneira, existem muitas pessoas que não são leitoras. Mas a possibilidade está dentro de nós.

Estamos a transformar-nos cada vez mais em meros consumidores. É essencial reflectirmos sobre isso, porque estamos a perder uma liberdade que define a nossa condição humana.

[...] um dos grandes problemas actuais dos bibliotecários é que os jovens que chegam às bibliotecas, e que estão habituados a utilizar a Internet para fazer uma espécie de colagem de informação, não sabem ler. Não sabem percorrer um texto para extrair aquilo que precisam, repensá-lo, dizê-lo com as suas próprias palavras, comentá-lo, associá-lo ou resumi-lo – e sobretudo, memorizá-lo –, actividades que fazem parte da leitura enquanto acto criativo. Estão habituados à ideia de que, como isso está lá e está acessível, já é deles. Não é assim.

A escola, a universidade, deveriam ser o lugar onde a imaginação tem campo livre, onde se aprende a pensar, a reflectir, sem qualquer meta. Mas isso é algo que estamos a eliminar em todo o mundo. Estamos a transformar os centros de ensino em centros de treino. Estamos a criar escravos. Somos a primeira sociedade que entrega os seus filhos à escravidão, sem qualquer sentimento de culpa.
Nesses centros de aprendizagem, estamos a criar seres humanos que não confiam nas suas próprias capacidades e que começam a acreditar que o seu único objectivo na vida é arranjar trabalho para conseguir sobreviver até chegar à reforma – que também já lhes estão a tirar.

Como já disse, há uma perda de prestígio do acto intelectual. Hoje, uma pessoa pode perfeitamente admitir que é estúpida, que passa o seu tempo a jogar jogos de vídeo ou que só se interessa pela moda. Não vai chocar ninguém. Antes, tínhamos vergonha de dizer coisas dessas, mas hoje é realmente espantoso ver o número de pessoas adultas que jogam jogos totalmente imbecis.

Fonte: Público

Abençoada nação

O governo de Portugal é privilegiado em vários domínios, desde logo tem uma imensa massa amorfa de cidadãos que tudo aceitam pacificamente. Segundo o Eurostat, há em Portugal cerca de 2,5 milhões de pobres, dos quais mais de 200 mil em situação de miséria extrema. O número de milionários cresceu 5,5%, de 10400 para 11 mil.
O desemprego aumenta, a população inactiva cresce, o garrote cai sobre os assalariados que pouco ganham. Mas ministros, deputados, directores gerais e muita outra gente continua a banquetear-se à mesa do orçamento. Dizem que é "justiça social".

Portugal e uma certa cultura


A crise tem mexido e inquietado quem em Portugal se dedica aos negócios da cultura e está dependente do Estado ou dos dinheiros públicos para realizar as suas actividades, muitas vezes por questões que têm a ver com a forma da lei.
Realizadores e produtores de filmes, museus e outros manifestam-se publicamente contra a política do governo de há tempos a esta parte.
A cultura de que falamos dá poucos votos. Não é popular, no sentido em que o analfabetismo da população passa ao lado de quase tudo. E embarra numa classe dirigente também ela grosso modo semi-analfabeta e muito preocupada com a sobrevivência política.
Portugal é um país europeu que sofre ainda consequências de políticas que fecharam o território nacional e os seus habitantes ao mundo. Mas que sempre alimentou uma classe empresarial pouco criativa e muito dada a fazer depressa grandes fortunas. Só nas duas últimas décadas se notou uma certa aposta no binómio I&D, investigação e design. E os resultados dessa aposta parecem ganhos para alguns. Mas ainda se continua a laborar muito na base da mão de obra barata, em salários miseráveis e num tipo de estratégia empresarial quase obsoleta. Em Portugal os empresários ganham para "investir" em automóveis, vivendas e outros luxos afins, num sinal claro de miséria mental.
Que os governantes olhem sistematicamente para a cultura como um prolongamento da propaganda ou como um desperdício evidencia a ignorância que os norteia. A cultura está intimamente ligada à vida dos nossos dias. Basta olhar para aquilo que as pessoas têm por bom e que desejam, falemos de bens de primeira necessidade ou de outro tipo de bens.
Apesar de dar emprego a muita gente, o Estado continua a ter uma dinâmica pesada, mais preocupada com o custo do que em perceber como é em cultura que se deve falar de investimento, criação e potenciação de energia vital.
É fácil confundir marketing e propaganda com actividade cultural porque ambos trabalham ao nível da percepção e da criação de discursos que são assimilados pelas pessoas e as podem inspirar a ser melhores profissionais, melhores cidadãos, melhores pessoas. (Quando nos ficamos pelo marketing, a preocupação é quase só financeira, tendo em vista o lucro de alguns).
Por isso é doloroso ver que os agentes culturais têm de vir para as páginas dos jornais (1, 2, 3)reclamar pelo que deveria ser o cumprimento de um imperativo nacional. E mais doloroso é quando se vê como os supostos representantes do povo, por ele eleitos se incomodam tanto em viajar em económica ou em executiva (em tempos de crise e de contenção) mas não se preocupam com a sobrevivência nacional. Fazem-nos, é certo, dentro da velha tradição lusa de olharem para os umbigos e para as suas carteiras e benesses. Fazem-no demonstrando uma vez mais que o país é miserável não pela falta de produtividade das pessoas em geral, mas pela falta de produtividade deste tipo de gestores/legisladores.

01 julho 2010

Daqui a um ano temos a casa de Manuel de Arriaga


O Solar dos Arriagas, cuja edificação teve lugar durante a primeira metade do século XIX, é actualmente designado como Casa Manuel de Arriaga, por aí ter nascido (a 8 de Julho de 1840) e vivido até aos 18 anos Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, que se tornaria, em 1911, o primeiro Presidente da República Portuguesa.
A reabilitação do edifício custará aos cofres da Região Autónoma dos Açores um milhão de euros. O projecto de arquitectura e especialidades é da responsabilidade do ateliê dos arquitectos Rui Pinto e Ana Robalo. Na casa haverá um espaço em que se evoca a personalidade mas também ideais e valores da República. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2011.

Vida no planeta Terra




A vida pluricelular terá surgido no planeta há 2,1 mil milhões de anos e não há 600 milhões, como se pensava até hoje. O recuo temporal deve-se à descoberta, em África, de uma série de fósseis complexos com 2,1 mil milhões de anos, por um grupo internacional de cientistas, liderado por Abderrazak El Albani, da Universidade de Poitiers, em França. Os organismos descobertos teriam vivido em água do mar, em ambiente raso e com pouco oxigénio.
As primeiras formas de vida na Terra surgiram há 3,5 mil milhões de anos e não passavam de seres unicelulares (com uma única célula), como as bactérias, e sem núcleo interno para "guardar" o material genético. Estes seres sem núcleo celular são os chamados procariotes. Os mais complexos, com núcleo celular, são designados eucariotes.
Em Franceville, a equipa de El Albani encontrou mais de duas centenas de fósseis com dimensões entre um e 12 centímetros, pluricelulares e eucariotes. Têm uma forma arredondada e em espiral - a equipa confirmou sem margem para dúvidas a sua origem biológica - e a sua datação acabou por explodir como uma bomba: 2,1 mil milhões de anos.
O eucariote (com núcleo celular) mais antigo que se conhecia, chamado Grypania spiralis, tem 1,6 mil milhões de anos e, mesmo assim, era composto de uma única célula. Daí a alteração radical que esta descoberta vem implicar na visão que a ciência tem sobre a evolução da vida na Terra.
Vem tudo explicado no artigo Large colonial organisms with coordinated growth in oxygenated environments 2.1 Gyr ago (doi:10.1038/nature09166), de Abderrazak El Albani e outros, que pode ser lido na Nature. Ou, para quem for assinante, aqui.

Fontes: 1 e 2

30 junho 2010

É um carro? Não, é um avião.


O “Transition”, como é chamado, é um veículo movido a gasolina, com tracção nas rodas dianteiras, para circular nas ruas, e um propulsor para o voo. Com as asas dobradas, cabe numa garagem normal. Tem capacidade para dois passageiros, atinge a velocidade de 185km/h no ar, com uma autonomia de voo de mais de 700 km e pode passar de carro a avião em 30 segundos.
O carro-avião é obra da Terrafugia e será lançado no mercado ao convidativo preço de 163 mil euros.

28 junho 2010

Otto Muehl


O corpo, as relações com o corpo, seja pelo excreta (urina, fezes, suor), seja pelas pulsões (eróticas, emocionais), seja por uma necessidade de explorar, controlar, provocar as reacções humanas perante o corpo conduziram Otto Muehl ao Accionismo vienense (considerado um dos movimentos mais estranhos e radicais da história da arte).
Nascido em 1925, Muehl fez estudos no pós guerra, em que participou. Na década de 1960 inicia a chamada “action painting”, com pinturas materiais. Desse período são também as esculturas de dejectos e sucata, parcialmente coloridas, tendo por elementos-base materiais naturais (areia, madeira e pedra, por exemplo). Em 1962, relaciona-se com Hermann Nitsch e Adolf Frohner, no Perinetkeller, em Viena. O encontro mudaria o rumo das artes na Áustria e transformaria o Accionismo vienense num movimento de carácter internacional. No ano seguinte, ocorrem as primeiras performances do grupo, descritas como “a celebração de um naturalismo psicofísico”.
A partir de 1966 começa uma cooperação estreita entre Muehl e o accionista Günther Brus. O corpo humano passa a ser entendido não só como material pertinente às acções, mas também como parte essencial das mesmas. Desde então, é possível acompanhar o nascimento das chamadas “acções totais”.

Escândalos, censura, perseguição judicial e prisão tornam-se uma constante na vida de Muehl. Que mais tarde viria a ser detido sob acusação de pederastia e violação, ficando na cadeia sete anos.
O teor e o alcance das acções ultrapassam as fronteiras da Áustria em finais dessa década e inícios da de 70, e o nome de Otto Muehl, bem como a sua arte, surgem indissociados de temas que eram desconfortáveis às sociedades capitalistas pós-industriais, comprometidas desde os anos 50 com a implantação e a difusão do Estado de bem-estar social.
Em finais de 1969, Muehl aparece na acção “Stille Nacht” (Noite feliz), em que um porco foi dilacerado e o seu sangue, bem como a urina e os excrementos eram atirados ao corpo de uma mulher nua, enquanto se ouviam canções tradicionais de Natal.
O nome de Muehl e do seu grupo accionista começam a ser relacionados com o recém-criado RAF (Rote Armee Fraktion), na Alemanha, depois conhecido como Baader-Meinhof. A ligação era absurda, dado que membros deste grupo o consideravam anal-fascista e burguês, mas à propaganda do Estado convinha que essa associação fosse feita, para criar anti-corpos junto dos cidadãos.

Em 1971 Muehl cria, em Viena, uma comunidade experimental que transladará, em 1974, para Friedrichshof, a este da capital. Orgias envolvendo crianças, muito álcool, estupefacientes e outros excessos atraíram cerca de seis centenas de curiosos deram mau resultado. A coisa ainda assim durou até 1990. No ano seguinte Muehl foi detido e passou quase sete anos no cárcere. Depois de ter sido libertado, acabou a viver no nosso país, no Algarve, juntamente com a mulher e outros seguidores das duas ideias, onde ainda reside.
A sua obra tem sido alvo de retrospectivas nalguns museus.
Aqui podem ser vistas algumas das curtas-metragens que realizou entre finais de 60 e inícios de 70. E aqui está a página do artista.
Este texto foi redigido a partir de várias fontes (1,2,3 e 4).

26 junho 2010

Tony Blair, um herói dos nossos economistas


O povo é crente. O povo é pacífico. O povo ouve os líderes. Os líderes actuam muitas vezes em causa própria, defendendo não o seu país, mas o seu próprio bolso. Tony Blair tem-se revelado um bom exemplo.
«O ex-primeiro-ministro britânico prestou serviços de consultadoria à companhia petrolífera sul-coreana UI Energy Corporation em 2008. Ao longo de dois anos tentou impedir que o acordo fosse público, devido à sua "natureza sensível". Mas agora soube-se que recebeu muito por ele. Só não se sabe quanto. "O que era talvez mais sensível para o senhor Blair era que a UI tinha vastos interesses no Iraque, país que se abriu às companhias estrangeiras depois de as tropas britânicas terem ajudado os EUA a derrubar Saddam Hussein [em 2003]", escreveu recentemente o Daily Telegraph.»
O corolário do seu trabalho a favor da paz será o de se tornar presidente da BP.