01 outubro 2010

Números são números

Diz António Vilarigues no Público de hoje:

"(...) os que defendem os cortes salariais, todos sem excepção, recebem mensalmente vencimentos equivalentes a 20, 30, 40, 50, 100 e mesmo mais salários mínimos nacionais. Na sua maioria, estão no patamar dos que ganham, em média, mais de 1666 euros por dia. Ou que nas conferências onde debitam as suas "soluções milagrosas" auferem, numa única HORA, o que um trabalhador com o salário mínimo nacional não obtém ao longo de 1 ANO!!! Curiosamente também, quase todos eles assumem (ou assumiram) responsabilidades governativas ou de direcção do "sistema". O que não os impede de se comportarem como virgens vestais."

(...) por que não se tributam a banca e os grandes grupos económicos com a taxa efectiva de IRC de 25% (o que renderia 500 milhões de euros, mínimo)? Ou as transacções em Bolsa (mínimo de 135 milhões de euros)? Ou as transferências financeiras para os offshores (cerca de 2200 milhões de euros, base 2009)? E por que não se tributam os que apostam na economia paralela e clandestina, que significará hoje cerca de 20% a 25% do PIB real? O que se traduziria na recolha, em impostos, de valores da ordem dos 16 mil milhões de euros/ano. Valor que, sublinhe-se, é várias vezes superior aos fundos comunitários."

"Reduzir os salários e as pensões é a solução, proclamam. Mas foram os salários e as pensões que provocaram a crise? Em 1975, a parte que as remunerações, sem incluir as contribuições sociais, representavam do PIB era de 59%. Em 2009, de menos de 34% do PIB!"

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