25 janeiro 2010

Falhas da medicina

Em muitos aspectos, a medicina é um jogo de possibilidades. Jogo que, nas mãos da indústria farmacêutica, permite encaixes de muitos milhões. Se a isso lhe associarmos medos primários e manipulação da opinião pública, temos o caldo ideal para o embuste perfeito.
Há quem grite aqui d'el-rei há muito. Há quem insista, depois de verificado o exagero, num escândalo. O presidente da comissão de Saúde da assembleia parlamentar do Conselho da Europa, Wolfgang Wodarg, considerou que no caso da gripe A se assistiu "ao maior escândalo médico do século" e acusou a OMS de ter "relações impróprias" com as empresas do sector farmacêutico. Na sua opinião, o alarme era escusado o e custou muito dinheiro aos governos - só na Europa, foram gastos 5 mil milhões de euros com as vacinas, nota, acrescentando que este investimento resultou da pressão da indústria farmacêutica.
Os governos abriram os cordões à bolsa para mostrar à população dos seus países que estavam empenhados em cuidar da saúde pública. O problema é terem gasto quantias exorbitantes com algo que se revelou um flop. Só em Portugal, os impactos financeiros directos da gripe A nos custos do Estado português ascendiam, em Outubro passado, a 67,5 milhões de euros com a compra de vacinas. Por apurar estão ainda os custos indirectos (perdas em IRS, as contribuições para a Segurança Social e subsídio de doença), dependendo da evolução da pandemia, mas um estudo efectuado pela Deloitte, em colaboração com a Intelligent Life Solutions, refere que os custos para o Estado estão estimados em 330 a 500 milhões de euros. Se se contar com o absentismo laboral, a Deloitte estima que a gripe A poderá originar uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) nacional entre os 0,3 e os 0,45 por cento, ou seja, entre os 490 e os 740 milhões de euros.

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