26 janeiro 2010

Achegas para o modernismo


Diz a notícia que «A ilustração foi o modo mais fácil para a entrada do modernismo em Portugal. A conclusão é da investigadora Theresa Lobo, que, ao longo de 20 anos, procedeu a um levantamento sobre ilustração portuguesa entre 1910 e 1940.»
No entanto, segundo se pode ler linhas abaixo, não foi bem assim. Diz-se que «os ilustradores portugueses recorreram muito aos magazines, aos jornais e aos cartazes. Estes suportes "eram imensos laboratórios, onde também realizaram as fórmulas de uma modernidade, que, dessa forma, penetrou lentamente na sociedade", refere a investigadora. Nesse sentido, " os magazines eram um campo de experimentação ideal para os novos ilustradores marcarem a sua estética".»
Ora o que se verifica é que os ilustradores, os artistas precisavam de sobreviver e os jornais, as revistas, os magazines foram o ganha-pão. Alguns, pelo seu talento, deixaram seguidores e contribuíram para divulgar o modernismo em Portugal. Mas será preciso ter em conta que Portugal viveu fechado ao mundo durante uma longa ditadura, o que impediu a livre circulação de pessoas e bens. Alguns, poucos, tinham oportunidade de sair do país ou de adquirirem informação proveniente de França.
Indiscutível é a aliança entre as melhores revistas literárias e um certo gosto gráfico. Mas sem objectos ricos como foi comum em França, na Bélgica, na Suíça e noutros países europeus.
Portugal não tinha nem uma burguesia culta nem uma classe média suficientemente letrada para voos maiores.
O modernismo foi coisa de minorias e ainda hoje perdura na sociedade portuguesa um entendimento das artes onde se mistura o naturalismo com o neo-realismo, caldeados com uns laivos de surrealismo serôdio, que configura um caldo requentado que torna difícil a vida a quantos procuram criar. Caldo que o Estado Novo divulgou com fervor, juntamente com o sector intelectual da altura do Partido Comunista.
A pouco e pouco as coisas foram mudando, mais pelo lado da literatura do que das artes plásticas, embora um ou outro nome tenha começado a marcar a diferença.

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