01 dezembro 2009

Rir até às lágrimas


Às vezes a gente apenas quer que o mundo seja um lugar limpo, bem vestido, certinho, com risca ao meio. Às vezes a gente está no grau zero da imbecilidade e quase quase feliz. Mas, pouco depois, seja por causa dos trocos que se foram, ou por causa de alguém que nos fez sentir medíocres, abre-se em nós uma raiva fortíssima e só nos apetece declinar adjectivos e mandar todos os diminutivos para aquela parte (o eufemismo come tudo, o eufemismo come tudo). O mais engraçado é que nem o mundo se desvia um milímetro nem Portugal deixa de ser Portugal. Apenas nós nos sentimos mais e menos, menos e mais, numa ondulação que acaba por enjoar.
Assim, cansam-nos todos os tiques urbanos e bem-pensantes, tal como nos cansam os arrotos e as palavras demolhadas em lugar-comum dos bêbebos.
O que nos vale é haver quem olhe para nós com simpatia e nesse instante o desarranjo sossega. E quando o desarranjo sossega até o discurso do D. Duarte Pio parece uma anedota bem contada. E rimos, rimos às gargalhadas, até às lágrimas.
"Numa época conturbada como a que se vive hoje em Portugal, prepara-se, com grande despesismo, a comemoração, em 2010, do centenário da República". Há despesas que incomodam os monárquicos, pois claro.

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