02 dezembro 2009

A miséria mental dos nossos dias


Por alguma razão os julgamentos na praça pública configuram um atentado aos direitos dos indivíduos. Mas... os jornais precisam de vender papel, as rádios e televisões precisam de espectáculo para aumentar audiências e receber dividendos publicitários. E a populaça, mesmo que não esteja por dentro do assunto, logo que lhe cheire a sangue, vem a terreiro com as suas facas e foices e gritos e dedos acusadores. Mesmo gente que devia ter mais algum juízo não deixa passar a a oportunidade de vender o seu peixe.
E se isto é assim com o zé-ninguém, calcula-se como é quando o indivíduo é "famoso". Já aqui fizemos uma breve referência ao caso das escutas a Sócrates. Agora, chega-nos a notícia do linchamento moral de um espanhol acusado de matar e violar a filha da mulher com quem vai casar. Que, afinal, não passou de erro médico grosseiro amplificado pelos media. O homem, de 24 anos, está dopado e já não reage. Que raio de tempo este, hã?
"Tudo começou na sexta-feira passada, com a morte de Aitana, uma menina de três anos que vivia com a mãe na ilha de Tenerife. No domingo anterior, Aitana tinha sofrido uma queda violenta num parque infantil e foi levada ao hospital pela mãe e por Diego P. O médico afirmou não haver fracturas e receitou um analgésico. “Em três dias estará a correr como se não fosse nada”, terá dito ao casal.
A criança continuou a queixar-se de dores na cabeça e na terça-feira seguinte, dia 24, desmaiou. Diego levou-a ao médico, onde foi diversas vezes reanimada. O médico que a observou achou que pequenas marcas na pele poderiam ser queimaduras causadas intencionalmente e levantou a possibilidade de agressão sexual. Diego foi de imediato detido e na sexta-feira, após a morte da criança, a detenção foi confirmada por um juiz.
As reacções foram imediatas. “Que caia sobre ele todo o peso da lei”, afirmou a advogada María Dolores Pelayo. A porta-voz do Forum contra a Violência, Magalines Rosales, recordava que os maus tratos e abusos sexuais a crianças são uma das formas de violência de género “mais escondidas na sociedade”."
Mais aqui, aqui e aqui.

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