06 dezembro 2009

Paul Valéry


Era um poeta sisudo e já em limite de idade quando se apaixonou por uma mulher bem mais nova. O enlevo durou algum tempo e acabou. Ele escreveu muito. Uma parte, cento e cinquenta poemas, apareceu em França, por alturas da Primavera, sob o título de Corona & Coronilla. Alguns dos poemas mais eróticos não foram publicados, por que razão não sabemos.
Jeanne Loviton foi a musa. Advogada divorciada, editora, escritora, mulher fatal, Jeanne assinava os seus livros como Jean Voilier. Diz Mauriac que ela foi a última personagem romântica da França de entre guerras. Entre os homens que a amaram contam-se Paul Valéry, Saint-John Perse, Jean Giraudoux, Bertrand e Jouvenel, Emile Henriot, Curzio Malaparte, Robert Denoël, Maurice Garçon, o Conde Grandi di Mordano (ministro mussoliniano dos negócios estrangeiros), dois embaixadores japoneses em Paris. Há até quem lhe chame um D. Juan de saias.


Em Espanha, pela mão do poeta e editor (Hiperión), Jesús Munárriz, sairá a edição bilingue. Alguns poemas traduzidos para castelhano podem ser lidos aqui. Como é domingo, transcrevemos um:

Le Beau Dimanche

Un jour mourant, mêlé de tonnerre et d'alerte,
Un Saule, tout tremblant de pluie, en robe verte,
Deux coqs, le blanc piteux, l'autre noir et vainqueur,
Et nous, tout attendris de nous faire un seul coeur
En qui la même amour s'aime, abonde et s'épanche,
Chère, cela compose un assez beau dimanche ;
Où ne manqua ce fruit de notre accord étroit :
La préparation sage des « Cours de Droit ».

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