31 julho 2009

Hoje estou que não atino


Às vezes é assim, o prato com os restos vai parar ao frigorífico e a meia garrafa de vinho branco quase vai parar ao lixo. Ou então é o pano do pó que vai parar à gaveta dos condimentos... Isto para não falar da troca de letras, dos nomes trocados ou de querer arrancar em terceira.
Segundo Rui Costa (coordenador do departamento de Neurobiologia da Acção da Fundação Champalimaud), nos nossos neurónios que parecem árvores cheias de ramos o stress crónico decepa galhos nas duas regiões ligadas aos comportamentos intencionais e faz nascer novos ramos no campo cerebral da rotina. Na luta de equilíbrios, a rotina parece sair vencedora.
Há diferentes tipos de stress. Sabe-se por exemplo que, nalgumas situações, o stress agudo pode até ser benéfico para a eficácia na execução de uma tarefa. Daí que existam pessoas que dizem que funcionam melhor em stress, mas o stress crónico é diferente: "Uma coisa é estarmos stressados porque temos uma apresentação no dia seguinte ou um artigo importante para apresentar. Outra coisa é ter isso todos os dias, durante meses", diz Rui Costa.
Pessoas que sofrem de stress crónico, na hora de decidir têm maior probabilidade de reagir de forma mecânica, por hábito, sem analisar as consequências da acção.
Tudo num estudo, publicado na revista "Science" e realizado por uma equipa coordenada por Nuno Sousa, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, e Rui Costa, na altura nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos e actualmente investigador no programa de Neurociência da Fundação Champalimaud.

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