31 dezembro 2008

Um poema de...


um prémio para quem adivinhar. Era médico. Nasceu e morreu no século XIX (1839 - 1871). Viveu quase sempre na cidade do Porto. Chamava-se Joaquim Guilherme Gomes Coelho e usava um pseudónimo literário que era...

O poema foi trancrito de uma edição de 1909 que segue a de 1874 e que lhe acrescenta poemas publicados noutros livros.



Uma Consulta

– Dá licença? – Entre quem é.
– Muitos bons dias. – Olé,
Por aqui, minha senhora?
Desculpe Vossa Excelência
Se a não conhecia agora.
– Sem mais… À sua ciência
Recorrer venho. – Deveras?
(Senhor me dê paciência!
Nunca tu cá me vieras).
Então que temos? – Padeço.
– Sim? porém de que doença?
– Essa é boa! acaso pensa
Que eu porventura a conheço?
– Ah! não conhece? – Quem dera!
Então não o consultava.
– (E eu que muito estimava).
Mas diga, então? – Eu lhe conto…
Oiça bem. Não perca um ponto.
– Nem um ponto hei-de perder.
– Ai, doutor, doutor, meu peito…
– É do peito que padece?
Quem havia de o dizer!
– E Jesus, doutor, parece
Que me quer interromper?!
Não era a isso sujeito.
– Nem o tornarei a ser…
Vamos lá. – Ora eu começo…
Atenção é o que lhe peço;
Diga-me: que lhe pareço?
Não me acha muito abatida?
– Assim, assim; mas às vezes
A vista pode enganar.
– Não, não. Pode acreditar
Que há já um bom par de meses
É um tormento esta vida.
– Então que é o que sente?
–O que sinto? Ora eu lhe digo:
O doutor é meu amigo?
– Oh! senhora… – E é prudente?
Oiça, pois: Eu dantes era
Fera e rija, que era um gosto!
Ou em Dezembro ou Agosto
Correr o mundo pudera,
Sem no fim me achar cansada.
– E hoje? – Não lhe digo nada,
Nem comigo posso já.
– Mau é! – Quer saber, doutor?
Só para vir até cá,
Que tormentos não passei!
– Diga-me, se faz favor.
Que idade tem? – Eu nem sei…
Eu sou mais nova três anos
Que o reitor da freguesia.
– (É grande consolação!)
– Tenho ainda outros dois manos
Que mais velhos do que eu são,
Porém, como eu lhe dizia,
Doutor… – Que mais sente então?
– A vista sinto estragada,
Até já me custa a ler,
Demais a mais sou nervosa.
Isso não lhe digo nada!
Olhe, estou sempre a tremer.
– Faço ideia. – Andava ansiosa
Por consultar o doutor;
Eu tenho em si muita fé.
– Lisonjeia-me. – Outra queixa…
Que eu sofro também… – Qual é?
– É dum forte mal de dentes.
Todos me caem. – Bem, bem.
– E os que restam, mal assentes,
Qualquer dia vão também.
– É provável. – Ai, doutor!
Que cruel enfermidade!
Não acha? – Acho e o pior…
– Há-de curar-se, não há-de?
– E então não sente mais nada?
– Nada… ai, sim, tem-me parecido,
Porém, talvez me iludisse…
– Diga. – A semana passada,
Como ao espelho eu me visse…
Pareceu-me ter percebido…
– O quê? – Que a pele não era
Como dantes, tão macia.
– E então? – Quem me visse dissera
Que eram rugas. – (Eu dizia)
E é isso o que padece?
– Ainda pouco lhe parece,
Doutor? – Por certo que não.
– Então que doença tenho?
– Em sabê-lo muito empenho
Sempre tem? – Eu? Pois então?
Para isso o procurei.
– Bem, então sempre lho digo
Mas julgo não ficarei
Por isto, seu inimigo.
– Ó meu doutor! – O seu mal
É, senhora, de algum perigo.
– Ai Jesus! – E muita gente
Dele morre. – Oh Santo Deus!
Por quem é, não diga tal!
E… morre-se de repente?
– Conforme. – Pecados meus?
E então é isso o que pensa!
Porém ainda não me disse
O nome dessa doença
E eu sempre o quero saber…
– O nome? – Sim. – É… velhice!
…………………………………
– E o remédio? – Morrer.

Janeiro de 1860


Nota do autor: A lembrança não é minha absolutamente. Foi-me sugerida de um caso semelhante, que me contaram.

Bom ano





Vem aí muito Popeye. Porque vai cair no domínio público a 1 de Janeiro, 70 anos após a morte de Elzie Segar, o seu inventor, que também criou Olívia Palito, Bluto e o comedor de hamburguers.

Os direitos do Popeye rendem ainda 2200 milhões de dólares anuais.

Bem prega Pai Tomás

Mário Soares é um homem idoso e ponderado. Tem medo do que aí pode vir. Sócrates é novo e cheio de garganta, pelo que usa dos mesmos estratagemas do seu velho colega de comentários que lhe proporcionou a maioria absoluta: fazer de conta, propaganda, pseudo-optimismo. Se a coisa estoirar quem acredita que Sócrates será capaz de dirigir o barco? Sempre que há frases contra o homem fica crispado e reage como um menino mimado.
Os recados andam assim, nos jornais, para reorientar um partido que tem navegado demasiado à direita. O problema é a toxicidade do poder, muito propício a cegueiras e vaidades.
Soares prega contra um país que ajudou a criar: onde meia dúzia de novos-ricos açambarcam tudo, deixando à míngua um povo que mais não deseja que seguir-lhes as pegadas. Um país cheio de Sócrates, Filipes Menezes, Santanas Lopes e afins. Onde o Estado não hesita em defender os mais ricos com o dinheiro que andou a roubar aos mais pobres (que pagam impostos e que auferem salários e pensões de miséria).
Soares tem razão para ter medo. O problema é que a massa crítica está ainda muito colada aos chavões do liberalismo para poder reformular a sua maneira de pensar e ter ideias.

30 dezembro 2008

Vem aí o Segredo de Saramago


Depois da Caverna, depois da Cegueira, o Segredo. Ele já começou a redigi-lo. Ele já é notícia.

“Costumo dizer que quem não tiver paciência para ler os meus livros, passe os olhos ao menos pelas epígrafes porque por elas ficará a saber tudo. Não sei se o livro em que estou a trabalhar levará epígrafe. Talvez não. O título bastará.”


in Público

S. Miguel deita 10 toneladas de ananases para o lixo


Tanto 'nanás prò lixo, qu'rida... Tudo por causa do tempo. As temperaturas mais altas do que o habitual provocaram um adiantamento do estado de maturação da fruta que era para ser comercializada neste Natal. E como as coisas se fazem à moda antiga, como se a natureza fosse um armazém, o resultado é este.

29 dezembro 2008

O défice era só para alguns

Os anúncios da administração pública vão deixar de ser obrigatoriamente publicados na imprensa. Não fiquem tristes, ainda têm as câmaras, os tribunais e os notários. O Estado vai continuar a dar o seu contributo para o bem-estar das empresas de comunicação.
Curiosa é a reacção: as consequências. Quando se trata dos salários baixos dos funcionários públicos todos acham bem, mas quando são os jornais as vítimas as consequências são alarmantes. Doce país.

Será Herman Rosenblat familiar do senhor Antunes?


A Berkley Book, uma marca da editorial britânica Penguin, fez saber que cancelou a edição de Angel at the fence, the true story of a love that survived, depois do escritor Herman Rosenblat ter contado à sua agente, Andrea Hurst, que tinha inventado partes do livro.
Rosenblat, de 79 anos, apareceu duas vezes no programa da Oprah para contar a história de como conheceu a sua mulher quando esta lhe atirou maçãs por cima da cerca dum campo de concentração nazi (Schlieben), na Alemanha.

Mas soube-se que Rosenblat inventara a história há dez anos para um concurso de um jornal.

A editora não só cancelou a edição como exige a devolução do dinheiro gasto. Havia também um filme na calha. E agora? Chamem o Antunes que ele resolve isso tudo duma penada.

Os dislates do senhor Antunes


Discordo completamente. Os livros estão estupidamente baratos. Basta entrar numa livraria para ver. A quantidade de lixo é tal que se torna criminoso ver como o lixo sai tão barato. Aquilo devia ser muito mais caro. Não me refiro só ao lixo textual, mas também ao visual: a maior parte das capas são de tal forma ofensivas que criam lesões oculares.

Por isso não concordo nada com o vaidoso senhor fumador: embora me pareça um exagero o que a editora do senhor cobra por cada livro seu. Os livros de Lobo Antunes sim, são "indecentemente caros". Eu não compro nenhum por essa razão. E também porque não me interessam os exercícios retóricos de quem faz de conta que faz de conta: para retórica dessa chega-me a dos Sócrates deste país. De resto, um senhor que afirma ser da classe média-baixa não o sendo, como todos sabemos, só pode estar a gozar. A querer fazer pouco de todos os que são da classe média-baixa.

Lobo Antunes poderá ser muita coisa, mas isso que diz ser não é. Percebe-se, ele é um génio e os génios só dizem disparates. Disparates pagos a peso de ouro, como é próprio da classe média-baixa.

27 dezembro 2008

A pouco e pouco a censura vai fechar a net


A pretexto dos filmes e do conteúdo dos mesmos a Inglaterra prepara-se para vigiar a net e começar a exercer censura. As boas intenções são sempre maneiras de servir interesses de alguns. Curiosamente, a notícia chega pela voz do homem da cultura do governo inglês. O homem revela logo ao que anda: "Não se trata - explica - de regressar ao passado. A Internet é algo que gerou poder e democracia de muitas maneiras", mas ainda não se dispõe de ferramentas "para ajudar as pessoas a navegar de forma segura".

Este paternalismo põe as garras bem à mostra e diz tudo. Andy Burnham é um postal, mas um postal que sabe bem o que comove a hipocrisia britânica.

26 dezembro 2008

And now, a new english lesson: los grunhos


Capítulo 3


Como explicar ao povo porque é que os grunhos são grunhos e dão nas vistas


Como vocês sabem, os meninos e as meninas são todos puros. As escolas corrompem-nos, estragam-nos, destroem a pureza.
Os alunos vêem Youtube e TV e sabem que o humor é uma arma carregada de futuro (certos poetas espenhóis são bons para estes exercícios de retórica). Confundem a sala de aula com um circo ou com um estúdio de TV e filmam tudo como se fosse um cenário preenchido com personagens. Dá-se o caso de haver gente real naquela encenação e dá-se o caso de os grunhos serem tão broncos que descarregam aquilo no Youtube, para mostrarem a outros grunhos o divirtido que eles são todos.

Quando a verdade toca à campainha, os grunhos pedem desculpa e ficam todos amigos. Em casa todos desculpam os grunhos, mas a hipocrisia socail não admite que isso seja assim, exige sangue. Porque o sangue dos grunhos é um espectáculo, fica muito bem nos filmes. Os grunhos, claro, não acham piada, pois deixaram de ser os criadores da piada para se tornaram no seu centro. Oh que chatice. Coitadinhos dos grunhos.

Maria de Lurdes, amiga, dá-lhes uma benesse, dá-lhes uns rebuçados e incendeia tudo como só tu sabes.

7 - 6 = 80 meses


O mundo é doce. A lei maravilhosa. A justiça puro mel.
Condena-se um solitário por "roubo na forma tentada, falsificação, detenção de arma proibida e detenção de munições proibidas." Também por ser um dos homens mais procurados de Espanha, acusado de dezenas de assaltos a bancos no seu país e da morte de dois polícias.

Quando as coisas são assim, tudo parece fácil, higiénico, claro. E no entanto eu sou meio pitosga e um pouco duro de cabeça e não chego a perceber porque é que é tão fácil condenar solitários destes que roubam trocos e tão difícil condenar os que roubam milhares de milhões. A estes até dão prémios e destes todos querem ser amigos.

A justiça é cega, sim... para os pobres ou para os remediados, para os outros assobia para o lado.

25 dezembro 2008

Harold Pinter (1930-2008)


O Prémio Nobel da Literatura 2005, Harold Pinter, morreu ontem à noite, aos 78 anos de idade.

Pinter nasceu em Londres, a 10 de Outubro de 1930. Começou a sua carreira como actor e escreveu a primeira peça de teatro em 1957. É, para muitos, o maior representante do teatro dramático inglês da segunda metade do século XX.

Para ver mais sobre este dramaturgo, pode dar um passeio até aqui, ou aqui, ou aqui.
Diz Eric Kahane sobre Pinter: "O teatro de Harold Pinter revela um universo singular, cómico e aterrador, feito de sub-entendidos, mal-entendidos ou puros equívocos. Nele observa-se, como se fosse ao microscópio, personagens que vegetam confusamente, de quem quase nada se sabe e que, de repente, explode num confronto em que as palavras são armas mortais. Estamos no reino do falso para se atingir uma verdade que é ainda mais falsa. As perguntas que se colocam não são aquelas que nos vêm à cabeça e a resposta, ou a recusa de responder limita-se a aumentar o abismo da incompreensão. O pudor torna-se violência, o sorriso ameaça, o desejo impotência, a vitória desfaz-se."
Segundo o comunicado da Academia Sueca de há três anos, «no cenário típico de Pinter estão seres que se defendem contra intrusões ou contra os próprios impulsos, entrincheirando-se numa existência reduzida e controlada». «Outro tema principal é o carácter fugitivo e inalcançável do passado», prosseguia a nota de anúncio do vencedor da Academia.
Desde 1973, Pinter também era conhecido como um fervoroso defensor dos direitos humanos.
Além de teatro (podem ver lista num dos links acima referidos), escreveu novelas radiofónicas e argumentos para cinema e televisão. Entre os seus trabalhos mais conhecidos nesta área estão 'The Tailor of Panama' ('O alfaite do Panamá', 2001),' The Handmaid's Tale' (1990), 'Accident' (1967), 'The French Lieutenant's Woman' ('A mulher do tenente francês',1981) ou 'Breaking the Code' (1996).

24 dezembro 2008

Boas Festas


Kala Christouyenna!

Feliz Navidad y un Venturoso Año Nuevo

Buon Natale e Felice Anno Nuovo

Pozdrevlyayu s prazdnikom Rozhdestva is Novim Godom

Nollaig Shona Athbhliain faoi Shean agus Faoi Mhaise

Wesolych Swiat Bozego Narodzenia ou Boze Narodzenie

Frohliche Weihnachten und ein gluckliches Neues Jahr

Merry Christmas and a Happy New Year

Vrolijk Kerstfeest en een Gelukkig Nieuwjaar

God Jul och Gott Nytt Ar

Gladelig Jul og Godt Nytar

Joyeux Noel et Bonne Année

Hyvaa Joulula ja onnelista Uutta Vuotta

23 dezembro 2008

O ano vai acabar em estado de graça


Ler o que diz o ME já dá vómitos. Vira o disco e toca o mesmo. Sempre a querer passar para a opinião pública a ideia de que são bons e que os subordinados não prestam e que os sindicatos são os maus da fita. Para o ano, como há eleições, o paleio será outro. Enfim.

Depois de algumas dúvidas, já todos perceberam quão medíocres, baços e pobres são os que no Ministério traçam políticas. Sócrates é o mais triste de todos, chegando a roçar a hipocrisia, pois não fala do que sabe e ainda tenta passar a ideia de que é essencial avaliar, como se se soubesse o que se está a avaliar.

Por mim, digo-o aqui preto no branco: tanto se me dá como se me deu. Se o ME quer que os alunos transitem todos, que acabe com a avalição deles. Acabando os níveis, as transições são automáticas. Quanto a vencimentos, já todos sabemos que os professores portugueses são dos mais bem pagos do mundo, por isso, entre os clientes do BPP há vários professores famosos: Balsemão, Francisco, Saviotti, Stefano e tantos outros. Os professores até devem ser os culpados da crise. Se fossem avaliados nada disto acontecia. É queimá-los, é queimá-los...

Boa acção de Natal



Já todos ouviram falar do Zé Povinho. E muitos conhecerão o nome de Rafael Bordalo Pinheiro, o criador da popular figura. O que poucos saberão é que Rafael foi um ceramista de primeira água e que nas Caldas da Rainha existe uma fábrica de cerâmica que continua a arte de Bordalo Pinheiro. Ora essa fábrica corre o risco de desaparecer.
Pisca de Gente, que não se comove com quase nada, nem é dos que gritam aqui d'el-rei quando umas paredes vão abaixo, mesmo que tenham resguardado alguma figura das letras e das artes, resolve lançar o repto natalício: comprem produtos da fábrica Bordalo Pinheiro, salvem-na do desaparecimento.

Comprar uma peça dessa fábrica é não um mero gesto de consumo, mas uma atitude de mecenas, de quem salvaguarda património. Àqueles que têm línguas viperinas e estão a pensar no que ganhamos nós com isso, respondemos: somos accionistas de mais de 50% do capital... emocional do Zé Povinho. Vivemos de fazer manguitos ao momento e ao que acontece à nossa volta e gostávamos que isso não se perdesse.

Obrigado.

Duck one to the world - 007 dois mil e oito


Alô, alô, daqui fala-vos o Duck One. Passámos todos sob o gelo. Fritámos um pouco de borracha para suportar aquele calor abrasador. Agora estamos aqui no Haiti com o novo mayor, perdão, com o novo One, Barack. Não nos venham incomodar, por favor. Caso contrário grasnaremos tanto que o mundo explodirá de raiva. E com a crise que já por aí vai, tenham juízo.

NASA deitou mesmo ao mar 90 patinhos amarelos em Setembro, fazendo-os passar por baixo dos gelos da Gronelândia, com o objectivo de estudar o fluxo das águas dos glaciares que se estão a derreter. Connosco vinha uma sonda, que desfizemos à bicada.

22 dezembro 2008

Portugal e Espanha: a diferença


A diferença de preços da gasolina entre Portugal e Espanha aumentou nos últimos oito anos, tendo atingido os 29 cêntimos no primeiro semestre de 2008, segundo um estudo dos Institutos Nacionais de Estatística português e espanhol. Isto diz o Público. Na verdade a diferença ultrapassou os 50 cêntimos. Quem ia meter gasolina a Espanha sabe bem disso.

21 dezembro 2008

Os diários de Cioran encontrados numa farrapeira de Paris


Há muita gente assim, sabem de um ofício, no qual quase sempre se especializaram por necessidade, a que juntam alguma esperteza e... o resto é sorte e atrevimento. Qualquer que seja o país, é assim. Muitos alfarrabistas e antiquários são dessa estirpe: self made man.

O caso reporta-se a uma mulher francesa, Simone Boulez, que tem estaminé no Mercado das Pulgas, em Paris. Há 11 anos recebeu a incumbência de limpar um apartamento no Quartier Latin. Entre os papéis encontrou uns que diziam Simone e Cioran. Como ela se chama Simone achou aquilo engraçado. Um sobrinho alertou-a para o segundo nome, parecia-lhe o de um escritor famoso. Pelo sim pelo não, resolveu guardar o achado. Teve sorte. Os papéis foram avaliados em meio milhão de euros. Mas ainda não viu tostão. E por causa deles já teve de desembolsar algum.

O achado: 18 cadernos da papelaria parisiense Joseph Gilbert. Neles se guarda uma espécie de diário do filósofo Emil Cioran, de 1972 a 1980. Ali estão cinco versões de uma das obras magnas de Cioran, Do inconveniente de ter nascido (nunca traduzida entre nós). Também há esboços de outros libros, frases, títulos postos de lado ("nostalgia do dilúvio"), pensamentos, aforismos, notas.

Simone Boulez nunca ligou patavina aos papéis, limitou-se a vender a máquina de escrever de Cioran no Mercado das Pulgas de Montreuil, sem receber um cêntimo a mais por ter pertencido a um filósofo conhecido. Afinal, que sabia ela?
Os anos passaram e os diários continuavam algures no armazém de farrapeira da Simone. Até que, em 2005, um leiloeiro de obras de arte que conhecia Simone Boulez disse-lhe que ia vender uns quantos cadernos de Céline. Ela retorquiu: "Pois eu tenho uns de Cioran".
O negócio não chegou a ir avante, por impedimento judicial. Poucas horas antes do leilão chegou o embargo. Os depositários legais de toda a obra inédita de Cioran, a quem a mulher de Cioran tinha deixado o espólio, reclamaram os cadernos. E explicaram que quando Simone Boué morreu, em 1997, dois anos depois de Cioran, reunira-se em sua casa um grupo de pessoas que a passou a pente fino, excepto o sótão. Nesse apartamento, situado no quinto piso do número 21 da Rue de L'Odéon, a um passo do teatro, numa rua que ainda conserva velhas livrarias de livros raros, recolheram uma cassette, uma televisão, e pouco mais. Meses despois, Boulez recebeu o encargo de limpar o apartamento. E foi ao sótão, ou seja, enfiou-se entre a porcaria e lá recolheu os papéis. Mas os herdeiros legais não quiseram saber. Querem é o material para eles próprios ganharem o seu. Sem terem sujado as mãos nem as suas roupinhas de marca. Boulez não gostou nem disso nem da forma como foi tratada e o caso foi parar aos tribunais. Ganhou o primeiro assalto, ao mostrar em tribunal um papel que a autorizava a desembaraçar-se de tudo o que estava no apartamento. Sem ela, os diários em litígio não existiriam.

A cena dos próximos capítulos há-de chegar. Por ora, os diários de Cioran estão nas mãos de uma farrapeira, o que não deixa de ter algo de sedutor.
Em português de Portugal há poucos livros traduzidos desse mestre do aforismo. Já no Brasil há mais. Portugal não conta para nada. Mas isso já todos sabemos. Que bom seria descobrir numa farrapeira do jardim uns cadernos de Cioran. Que charme.

20 dezembro 2008

A velha cantiga do bandido


Que têm em comum Bernard L. Madoff, Dona Baldomera Larra, Carlo Ponzi e Dona Branca? A resposta terão de a ler aqui, pois hoje deu-nos uma crise de preguicite aguda, depois de ver o senhor Pinto de Sousa a inaugurar um museu no Norte do país.

19 dezembro 2008

Icewine, eiswein, vinho de gelo


Os autênticos icewine, protegidos pela UE, procedem de uvas congeladas na cepa, originárias de uma mesma região às quais não se pode juntar nenhum aditivo, nem antes nem depois da prensagem.
As uvas nunca podem ser congeladas de maneira artificial A temperatura mínima para a vindima (entre Dezembro e Janeiro) é de menos 8º, podendo chegar aos menos 15 º. Porque só assim se dá a cristalização da água e o consequente elevado grau de acidez, a grande concentração de açúcar e a libertação das substâncias aromáticas. Essas puras gotas de sumo congelado fermentam muito lentamente, durante meses, nas tradicionais cubas de madeira.
Os icewine são fruto do capricho meteorológico, da natureza e do esforço humano.
O viticultor deve manter as uvas sãs, sem botrytis (fungo), que os diferencia doutros vinhos doces. Por isso costuma proteger-se os cachos com plástico, quando chega o gelo.
Alemanha e Áustria elaboram os mais delicados e enigmáticos eiswein com a versátil uva riesling.
Adegas como a Schloss Johannisberg, Robert Weil, Georg Breuer ou Kracher são históricas. Mas os maiores produtores são já o Canadá, sobretudo em Ontário (com mais de 50 adegas) e a Colômbia Britânica. Os EUA, sobretudo as marcas Pellitteri e Inniskillin, nas cercanias das cataratas de Niagára, produzem um espumoso icewine. Usam as castas vidal, pinot branco e cinzento, chardonnay, sémillon e até as tintas cabernet franc ou merlot.
A República Checa também aposta nos icewine. A adega Reva Rakvice produz um vinho de gelo a partir da casta andré, híbrido do cabernet franc e do saint laurent.
Em Espanha, a bodega Vidal Soblechero (Rueda) elaborou, no ano passado, o primeiro icewine com uvas de verdelho.
Os icewine envelhecem muito bem em garrafa (de cinco a oito anos), possuem graduação baixa e elevada acidez, uma delicada doçura e aromas complexos. O preço é um senão a ter em conta, pois uma garrafa pode oscilar entre os 30 a 200 euros.
Fonte: El País

A ciência põe em causa lugares comuns


Vários mitos foram destruídos num artigo escrito por Rachel Vreeman e Aaron Carroll da Univesidade do Indiana, em Indianapolis, publicado na última edição do British Medical Journal.

Devemos estar atentos às evidências que suportam os nossos conselhos, diz o artigo. Para além do calor que se liberta a partir da cabeça, caem por terra outros mitos como o que diz que o açúcar torna as crianças hiperactivas, que comer à noite engorda mais e que há receitas que curam as ressacas.

A velha teoria que diz que a maioria do calor sai da cabeça nasceu, segundo os investigadores, no exército norte-americano. Um manual escrito nos anos de 1970, recomenda cobrir a cabeça quando está frio já que 40 a 45 por cento do calor corporal é libertado pela cabeça. Segundo os autores, se isto fosse verdade, teríamos tanto frio sem um chapéu como sem umas calças. O mito nasceu de uma interpretação errada de uma experiência feita no Árctico pelo exército norte-americano na década de 1950. No estudo, os voluntários estavam vestidos com fatos para o frio, e eram expostos a temperaturas muito baixas. Como só tinham a cabeça destapada, a maioria do calor tinha que sair obrigatoriamente pela cabeça.

Segundo o artigo, uma dúzia de estudos não consegue relacionar o comportamento das crianças com a ingestão de açúcar. Parece que a crença é um produto da imaginação dos pais. “Quando os pais pensam que as crianças tomaram alguma bebida com açúcar, mesmo que seja sem açúcar, avaliam o comportamento das crianças como sendo mais hiperactivo”, escreve o estudo.

Diz ainda que uma alimentação nocturna não torna ninguém mais gordo. Apesar de um estudo mostrar que as mulheres obesas tendencialmente comem mais à noite, segundo o artigo “as mulheres obesas não se alimentam só à noite, também fazem mais refeições, e ingerir mais calorias faz ganhar peso, a qualquer hora”.

O artigo refere ainda que a única receita para prevenir uma ressaca é beber menos álcool, já que tanto alimentos como químicos não conseguem curar o mal estar e as dores de cabeça.

O novo Bartolomeu Dias


Sócrates decalca Zapatero em muita coisa, mas não tem a mesma serenidade do congénere espanhol. E abusa da demagogia. A Boa Esperança de uma segunda maioria está a ser milimetricamente preparada. Mas é disso que o país precisa?

Num seminário promovido pelo Diário Económico, subordinado ao tema "Como crescer em tempo de crise", Sócrates debitou banalidades: "É preciso estar com a mente aberta para responder aos problemas e não para responder às necessidades da nossa ideologia. Precisamos de ter mente aberta e não ficarmos reféns da ideologia ou das respostas clássicas, porque problemas novos exigem respostas novas".

"Exige-se rapidez na acção. Provavelmente ninguém aqui estará interessado em saber o que acontecerá daqui a dois anos. E a verdade é que há boas razões para essa atitude, porque o Cabo das Tormentas, o momento mais difícil, vai ser justamente 2009".

Fala como um aluno mediano. Actua como um menino mimado. Não parece estar à altura de enfrentar crise nenhuma, porque cheira que não tem uma ideia que seja.

Em época de crise exige-se a capacidade de escolha de um modelo económico que trave as despesas inúteis e cuide das pessoas (pois são elas que fazem com que haja economia). A tanga de que os empresários são o motor é velha. Mas ou o motor está estragado ou há muito que não se vê nada que valha a pena ver. A maior parte das empresas funciona em velhos moldes: paga pouco e mal para o patrão poder ter popós, casas e meninas.

A gente vai às lojas e vê: a maior parte do que se produz por cá não tem qualidade (design, novidade, bom acabamento) e se tem é excessivamente cara para o bolso do português "médio" que ganha pouco (porque lhe pagam pouco).

Garganta Funda (1913-2008)


Morreu o Garganta Funda. Era, na altura do Watergate, director-adjunto do FBI. Chamava-se William Mark Felt e foi a fonte secreta de Bob Woodward e Carl Bernstein, os dois jornalistas do Washington Post que denunciaram o escândalo.

Graças às informações confidenciais de Mark Felt, Woodward e Bernstein puderam provar o papel da Administração do presidente Richard Nixon num assalto à sede do Partido Democrata no edifício Watergate, em Junho de 1972, para fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta.
O escândalo e as tentativas da Casa Branca para encobrir o caso levaram à demissão de Richard Nixon, o primeiro presidente dos Estados Unidos a ser obrigado a fazê-lo, em Agosto de 1974.

Em 2005 a revista Vanity Fair revelou a identidade do famoso Garganta Funda.

No mês passado, Woodward e Bernstein visitaram Felt, em Santa Rosa (Califórnia). Foi a primera vez que Bernstein se encontrou cara a cara com Felt, já que, durante o caso, Felt apenas se encontrava com Woodward.

Felt nasceu a 17 de Agosto de 1913, em Twin Falls (Idaho). Chegou a Washington nos princípios dos anos 40 e entrou para o FBI em 1942. Trabalhou na secção de espionagem da agência durante a II Guerra Mundial e depois percorreu outras seccções. Ascendeu a número três do FBI em 1971.

18 dezembro 2008

Cá por mim, os anteriores gestores merecem um prémio

Trabalharam, e de que maneira... Suaram. Promoveram o sucesso. Empenharam-se. Facilitaram a integração. Contribuíram para o aumento de riqueza de alguém. Foram super. Por tudo isso, é uma injustiça virem agora falar de trocos. Por amor de Deus. É Natal, senhoras e senhores. Um 'buraco' de 950 milhões de euros é um buraquinho. Cá por mim dava um prémio de produtividade a todos os gestores e líderes desse banco e mostrava-os nas escolas para alunos e professores seguirem o exemplo.
Adoro ser português. Adoro. Os portugueses têm alma para o Negócio.

Não sei donde, mas parece-me que este senhor é...


a) Primo do senhor engenheiro mais bem vestido da Europa;

b) Familiar chegado do senhor Pinto de Sousa;

c) Alguém que partilha o credo visionário de mister José;

d) Um ditador que faz lembrar o líder do partido popular da esquerda moderada socialista de Portugal.

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918)




Não param de crescer as obras deste pintor português. Em 1987 o catálogo da exposição do centenário mostrava 145 pinturas. Em 2008, já vai nas 209 e "e não é um ponto final. É até mais um ponto de partida do que um ponto de chegada: com a informação que conseguimos recolher, é possível aprofundar a investigação sobre o Amadeo", diz Helena de Melo, coordenadora do catálogo raisonné do pintor, hoje tornado público.

Não é ainda todo o Amadeo - é todo o Amadeo conhecido (na pintura, porque o raisonné do desenho, que devia vir já a seguir, é outra história), mas em versão revista e aumentada. "Não só encontrámos algumas peças cujo paradeiro era desconhecido desde meados do século XX, como recuperámos muitos títulos originais das peças e produzimos uma ficha detalhada com bibliografia específica e indicação do percurso expositivo de cada obra", diz Helena Melo.

Foi uma complexa operação de resgate, dada a escassez da informação disponível nalguns dos casos e as dúvidas de natureza técnica colocadas por outros - a meio do processo, a fundação nomeou uma comissão científica independente composta por António Rodrigues, Raquel Henriques da Silva e Rui Mário Gonçalves para resolver alguns problemas concretos suscitados por peças de atribuição mais duvidosa. "Muitíssimas" foram excluídas liminarmente, "entre desenhos e pinturas", ainda antes da intervenção da comissão - mas há outras que "continuam no purgatório", adianta Raquel Henriques da Silva. O desenho mostrou-se especialmente problemático - e é justamente por ser "tecnicamente difícil legitimar muitos dos desenhos atribuídos ao Amadeo" que a fundação optou por suspender, para já, a edição do terceiro e último volume do catálogo raisonné (o primeiro foi a fotobiografia lançada há um ano).

Amadeo de Souza-Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, próximo de Amarante, e morreu em Espinho, vítima de “pneumónica”, ou gripe espanhola, a 25 de Outubro de 1918.
Em 1906, parte para Paris e instala-se no Boulevard de Montparnasse. Estuda Arquitectura, frequentando os ateliês de Godefroy e de Freynet, mas acaba por desistir do curso, por estar mais interessado em desenvolver uma actividade de desenhador e caricaturista, permanecendo atento ao movimento artístico parisiense.
A partir de 1910, desenvolve uma sólida amizade com Amadeo Modigliani (com quem expõe no seu ateliê, em 1911) e relaciona-se com Juan Gris, Max Jacob, Sonia e Robert Delaunay, Otto Freundlich, Brancusi, Archipenko, entre outros. Destes contactos, Amadeo retém a informação teórica fundamental para o desenvolvimento da sua investigação plástica. A sua obra, marcada pela constante pesquisa e reformulação de conceitos e práticas pictóricas, atravessou quase todos os movimentos estéticos relacionados com a ruptura da arte convencional. Do Cubismo à arte abstracta, passando pelo Expressionismo e Futurismo, Amadeo experimenta e ensaia modalidades pessoais de entendimento destas correntes.
Surpreendido pela guerra, Amadeo regressa a Portugal no ano seguinte. Entre 1915 e 1916, convive com o casal Delaunay, então instalado em Vila do Conde. Alguns projectos comuns nascem deste convívio – exposições em Barcelona, Estocolmo e Oslo –, e nascem também da sua participação nas exposições Corporation nouvelle e Expositions mouvantes, que acabam por não se concretizar. Alguns encontros em Lisboa, com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu, estabeleceram ainda rituais de cumplicidade entre as artes e as letras, integrados no movimento futurista.
Em 1916, expõe individualmente pela primeira vez em Portugal (Porto, Jardim Passos Manuel; Lisboa, nas salas da Liga Naval) um vasto conjunto de trabalhos a que deu o nome de Abstraccionismo. No folheto-manifesto, Almada Negreiros apresenta-o como “a primeira Descoberta de Portugal na Europa do século xx”, e, no cabeçalho do jornal O Dia (4-12-1916), fez-se eco do imenso escândalo desta “Exposição original –impressionista, cubista, futurista, abstraccionista? De tudo um pouco”.
Também neste ano, Amadeo publica o álbum 12 Reprodutions e, em 1917, reproduz três obras na revista Portugal Futurista, enquanto Almada lhe dedica o livro K4 Quadrado Azul.



Fonte: Público e Helena de Freitas

Os segredos de A Virgem, o Menino Jesus e Santa Ana



"A Virgem, o Menino Jesus e Santa Ana" é um quadro de Leonardo da Vinci. O quadro está exposto no Museu do Louvre, em Paris.

"A Virgem, o Menino Jesus e Santa Ana" é uma pintura de grandes dimensões que retrata a Virgem Maria sentada ao colo da mãe, Santa Ana, e o menino Jesus a brincar com um cordeiro, numa cena intimista da vida familiar dos personagens em plena natureza. No reverso da pintura, os especialistas descobriram, através de câmaras de infravermelhos, desenhos traçados em painéis de madeira constituídos por quatro pranchas verticais.

E como tudo que seja de Leonardo é raro, a descoberta de uma cabeça de cavalo, metade de um crânio humano e de um menino Jesus com um cordeiro deixaram os especialistas particularmente excitados. A figura descoberta do menino Jesus com o cordeiro, com 15 centímetros de altura poderá ter sido um esboço para o representado no próprio quadro.

Aquilo que terá sido um gesto económico de Leonardo toma agora as proporções de uma festa. O mundo é um lugar estranho e as celebridades um precioso objecto erótico.

Esperar que volte a sorrir


Vinte e três horas horas foi o tempo que uma equipa de cirurgiões da Cleveland Clinic, em Ohio (EUA), demorou para reconstituir o rosto de uma mulher americana, transplantando-lhe ossos, dentes, músculos e nervos.
A mulher operada sofria de um traumatismo severo que lhe custou um olho, grande parte do nariz e a sua maxila superior. A paciente tinha dificuldades em respirar, cheirar, comer e sorrir.
Os médicos transplantaram (animação aqui) a pele, todos os músculos da cara na parte superior e mediana da cara, o lábio superior, o nariz, a maioria das cavidades à volta do nariz, a maxila superior incluindo dentes, e nervos faciais.
Esta é a quarta operação do género realizada no mundo inteiro. Em 2005, cirurgiões franceses substituíram a face de uma mulher depois da mesma ter sido atacada pelo seu próprio cão.
Em 2006, médicos chineses fizeram um transplante a um homem de 30 anos, vítima da violência de um urso. Em 2007, um homem de 29 anos, que sofria da doença de Von Recklinghausen, cuja face estava deformada, também foi alvo de uma cirurgia de transplantação.
Fonte: JN

61 segundos


O último minuto do ano da graça de 2008 terá sessenta e um segundos. Ops. Tudo para corrigir uma pequena anomalia entre os relógios atómicos e o tempo astronómico, criado pela rotação da Terra.
Até 1972 a contagem do tempo fazia-se com referência ao GMT (tempo do meridiano de Greenwich), ou seja, ao tempo solar médio no Observatório Real de Greenwich.
O Horário Universal (UTI) é uma versão moderna do GMT, que se calcula dividindo a rotação do nosso planeta em 86 400 segundos. No entanto, devido à desaceleração gradual da Terra, adoptou-se nesse ano de 1972 uma nova medida standard, baseada nos relógios atómicos de alta precisão.
O Tempo Atómico Internacional (TAI) é da responsabilidade do Escritório Internacional de Pesos e Medidas de Paris. Aí se define actualmente um segundo como equivalente a 9 192,631.770 oscilações de um átomo césio-133.
Em 1972, acrescentaram-se dez segundos intercalares ao UTC e desde então já houve necessidade de lhe juntar mais 23 segundos, a última vez em finais de 2005.

Planeta Tangerina





Há livros que apetece ter só pelo prazer de os folhear de quando em quando. Há livros que são pequenas obras de arte. Arte gráfica. Os que saem das mãos do Planeta Tangerina são assim.

17 dezembro 2008

Isabel dos Santos


Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, entrou no capital do Banco Português de Investimento (BPI), adquirindo (por cerca de 164 milhões de euros) ao Banco Comercial Português a posição de 9,69 por cento que este detinha no grupo liderado por Fernando Ulrich.

Isabel dos Santos iniciou-se nos negócios em 1997 à frente da empresa Urbana 2000 que monopoliza um negócio de limpeza e saneamento de Luanda, com contratos anuais de 10 milhões de dólares. É proprietária da Geni, sociedade fundada com o brigadeiro Leopoldino Fragosos do Nascimento, chefe se comunicações da Presidência, tendo como outros sócios António Van-Dúnem, ex-secretário do Conselho de Ministros, e Manuel Augusto da Fonseca, do Gabinete juridico da Sonangol; em conjunto com a Portugal Telecom detem 50% da Unitel a maior operadora de telefones móveis angolana.

Esta licenciada em engenharia electrotécnica, que possui conhecimentos em gestão de empresas, depressa começou a vingar no mundo dos negócios, dominado pela "nomenklatura" do partido do poder, o MPLA. Em finais dos anos de 1990 entra no negócio dos diamantes, a segunda maior fonte de receitas depois do petróleo.

O seu poder de sedução é grande. Não espanta por isso que já a tenham apresentado como "uma boa empresária", "extremamente dinâmica e inteligente", "profissional" e, apesar de ser uma "dura negociante", é "correcta", além de "afável", "simpática" e "bonita".

Isabel dos Santos pode queixar-se de uns quantos que a vêem como a filha do presidente. Mas a verdade é que não fora essa filiação dificilmente a veríamos em certos negócios. Pela simples razão de que... não há almoços grátis.

Informações recolhidas aqui e aqui.

Carlos García Gual


"Nos clássicos está o essencial, os grandes conflitos do homem, as suas dores e esperanças. Além disso, Grécia e Roma são parte fundamental do imaginário europeu. Continuam a ser imprescindíveis para nos entendermos melhor a nós mesmos".

Caso Sousa Tavares Filho inspira ladrões britânicos




Depois de terem roubado o portátil com o livro que, no mínimo, seria um sucesso comercial, os ladrões resolveram optar por outras artes. Agora estão em causa fotos íntimas da duquesa de York, Sarah Ferguson.

Ferguson está para a arte fotográfica como Sousa Tavares filho está para a literatura. São dois aficcionados, que dedicam imenso tempo aos hobbies artísticas. As afinidades não se ficam por aí. Um e outro foram vítimas da acção de malfadados gandulos que se aborboletaram com obras preciosas (o preço é elevado, em ambos os casos). E os coitados apenas podem... dar conhecimento à polícia e tornar o caso público.


A cigarra e a formiga


O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), considerou hoje que a escolha de Santana Lopes para candidato social-democrata à autarquia vai transformar as eleições numa corrida "entre a cigarra e a formiga", devido à diferença de projectos.

"Isto vai ser quase como na fábula, com uma escolha entre a cigarra e a formiga", afirmou António Costa, considerando que Santana Lopes constitui uma "escolha clarificadora" por parte do PSD.

Disse-o contendo um sorriso, pelo modo como enviou para dentro do PSD a sua mensagem.

Há mensagens perigosas. Até porque já andamos muito cansados de formigas. E as cigarras, mesmo com gel e trauliteiras, sempre fazem sorrir o povo. Ora se há povo que precise de rir é o nosso.

De resto, basta lembrar que foi por causa de Santana que Sócrates conseguiu o impensável: a maioria absoluta. Costa diverte-se a pensar nisso. Mas, Lisboa não é Portugal. É apenas um concelho particular dentro do país.

Ícone do glamour




Marilyn esteve em leilão, juntamente com outras figuras: Ava Gardner, Raquel Welch, Kim Basinger, Monica Bellucci, Michelle Pfeiffer, David Bowie, Kate Moss, Linda Evangelista e mais.
Quanto vale um sorriso?

16 dezembro 2008

Tiro no pé? Não. Sócrates em exercício

VENDE-SE

Sócrates é cada vez mais uma nódoa. O seu reinado deixará feridas profundas no país. Que a maioria não perceba, é da ordem natural das coisas. As maiorias caracterizam-se por isso mesmo: amorfas e egoístas. O que interessa aos zés-ninguéns o património? Nada. Já o plim fá-los babar. E batem palmas. O problema não está aí. Está no facto de o primeiro-ministro ser um zé-ninguém que chegou ao poder. E que tenta manter-se por lá antes de poder dar o salto para onde lhe paguem mais.
A notícia diz tudo: o novo regime proposto pelo Governo para os bens que integram a "memória colectiva" poderá abrir as portas a uma alienação do património cultural só comparável ao processo de desamortização, nacionalização e venda dos bens da Coroa e da Igreja, ocorrido na primeira metade do século XIX. Os bens classificados, independentemente do grau de protecção, passam a ser vistos como puros recursos económicos.
Sócrates no seu melhor. Nos termos do novo regime proposto para os bens públicos, a Torre de Belém ou o Mosteiro de Alcobaça podem acabar por ser postos à venda.
Entre as "inovações" figura também um chamado "dever de desafectação" que deve ser exercido quando o bem deixe de desempenhar a função de utilidade pública que justificou a sua inclusão no domínio público. Não está definido o que se entende por esta função. Este procedimento de desafectação poderá ser iniciado por qualquer pessoa. Ou seja, um particular pode requerê-lo, por exemplo, em relação a um edifício histórico que esteja em mau estado ou que se encontre encerrado. A primeira utilidade pública destes bens é serem memória a preservar, o que poderá ser comprometido com a desafectação.
O Ministério da Cultura, liderado por Pinto Ribeiro, trabalhou em conjunto com as Finanças na elaboração dessa proposta de lei. Palmas, pois.
Ainda não está tudo perdido. Basta que quem tenha formação faça chegar o seu protesto aos sítios necessários, pois o projecto de lei, aprovado na generalidade pelo Conselho de Ministros, em Outubro, está agora em fase de recolha de pareceres.

Turismo novo


Aqui na west coast o sun é marbelhoso, o cost de vida mucho acessível. Bom pra finanças do preso, mucho bom. Very very.
Os detidos de Guantámano disseram ao sr. Smith que "não querem outra coisa senão sair dali e ir para Portugal".
Basta entrar em contacto com Amado, Luís. Lá na quinta dele há tendas e cães com fartura. Os prisioneiros vão sentir-se em casa.

Já a gasolina


Tudo na mesma. Os barris continuam a levar a mesma quantidade de produto. Os preços é que caíram a pique. No entanto, o preço do combustível mantém-se pela hora da morte (mais de 200 dos velhos escudos por litro). É fartar vilanagem.

Mas por ora ninguém, a não ser o consumidor, diz nada. Está tudo nos conformes. Dizem.

O pão, o pão


Quando os euros vieram substituir os escudos, os preços começaram a trepar e os arredondamentos foram uma das muitas aldrabices de que se servirem os comerciantes para embolsar dinheiro. Mas os salários (oh os salários) sempre ao mesmo preço e a terem de pagar tudo cada vez mais caro.

O pão é um bom exemplo disso. Parece que agora se começa a levantar um pouco o véu. Pelo menos em Lisboa.