01 julho 2008

A saúde em Portugal: perigos e negócios

Enquanto o pagode vive distraído, quem sabe da poda vai montando negócios, quase sempre com poderosas ajudas estatais (seja directa ou indirectamente, por via de subvenções), dentro de uma lógica empresarial que associa seguradoras, bancos e médicos.

Recordemos que os médicos são formados no nosso país com o dinheiro dos contribuintes. Recordemos também que cada vez mais a deontologia médica cede passo à ânsia de enriquecimento. Ou que no nosso país tudo o que anda associado à saúde (medicamentos, equipamentos, edifícios, profissionais) consome uma fatia importante do PIB português.

E depois de tantos milhares de milhões gastos vem o aviso: o serviço nacional de saúde dá sinais de se aproximar do fim e a qualidade do serviço prestado no sistema de saúde público pode estar em risco. A notícia é do Público em papel de hoje:

«A continuarmos assim, dentro de cinco anos poderemos ter um sistema de saúde que não responde às necessidades da população, alerta o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) no seu relatório anual.

Depois de termos atingido "níveis bons de saúde, níveis já aceitáveis de resposta, a geometria dos sectores públicos e privado está a agora alterar-se de forma significativa no país. A oferta privada é agora mais abundante, geralmente de maior qualidade", refere o relatório. Que lembra que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, a produção privada em saúde já atingiu o valor de 30 por cento.

E o problema é que, enquanto isto acontece, o "Estado mantém a sua distracção crónica por aspectos fundamentais de transparência e organização do sistema" e a prática governativa de saúde, em geral, "mantém-se ocupada na resolução de problemas pontuais", lamentam os membros do observatório. "A fuga de profissionais [para o privado] começa a ser assustadora", destaca o coordenador, sublinhando que estes já começam a ter acesso a tecnologia, formação e condições de trabalho que antes não encontravam neste sector. "Daqui a poucos anos não haverá recursos humanos para manter o serviço público de saúde", antevêem.»

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