20 março 2012

Os mercados provavelmente enganam-se

A especulação é a norma. O resto é folclórico e tem por objectivo constranger os países a jogar segundo regras que aceitam quando pedem emprestado. Ou isso se pensa ao ler afirmações como esta: "a reestruturação da dívida da Grécia que causou pânico no mercado obrigacionista e provavelmente provocou uma recessão desnecessária na Europa".
Todos os países recorrem aos "mercados" para se abastecerem de dinheiro. Os ditos analisam a situação financeira do país, o risco envolvido e taxam supostamente em função disso. Mas sabe-se que não é assim. Há países como a Espanha que são altamente penalizados e outros como os EUA, a França, Inglaterra ou Alemanha que são altamente beneficiados.
Vir dizer que os investidores estão preocupados em saber como vai Portugal desencantar "os 9,7 mil milhões de euros de obrigações cuja maturidade terminam em Setembro de 2013 e que não estão cobertos pelo resgate de 78 mil milhões" e recordar que as yields das obrigações portuguesas a cinco anos continuam perto dos 16%, é mostrar como os mercados apenas querem ganhar dinheiro fácil com os aflitos. Seguem, aliás, o mesmo raciocínio que se aplica nos países em crise: quem paga mais é quem menos tem. Chama-se a isto justiça mercantil ou negócio. Antigamente chamavam-lhe agiotagem.

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