05 fevereiro 2012

Fala Antonio Negri

«É em torno da finança que se organizam os mecanismos de comando desta sociedade globalizada. Esse processo não se faz sem problemas. A transformação do universo financeiro dá aos mercados a possibilidade de mudar as estruturas políticas.

Há uma ligação cada vez mais plena, pelo menos nos países desenvolvidos, entre o velho proletariado e uma classe média enormemente empobrecida. E isso determina dificuldades profundas, de linguagem e de instrumentos de comunicação em torno dos protestos, mas sobretudo de projecto.

É evidente em Itália que a democracia já não existe. O que sobra é uma espécie de ditadura comissária, como se define nos tratados que eu estudava quando era jovem.

Há uma ordem financeira que movimenta muitas vezes mais capital que aquele que corresponde à produção de bens e serviços. Neste quadro, o keynesianismo já não funciona, não pode funcionar a nível nacional, e a nível global não tem interlocutores como os sindicatos. Tudo aquilo que representava a velha lógica fordista da produção não pode existir numa relação globalizada.

Hoje os instrumentos não são os partidos. De direita ou de esquerda, os partidos estão completamente afectados pela crise da representação.

Considero que o público não é mais que uma garantia do privado. Hoje em dia o público não é mais que a manutenção da ordem pública para dar aos privados, numa relação de subordinação, os bens comuns e a exploração das coisas. O público foi sempre nas democracias capitalistas alguma coisa que servia os interesses privados.»

Frases de uma entrevista publicada no i

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O cidadão deve pensar e defender seu próprio destino. Apenas a capacidade de reorganizar a democracia o salvará. A democracia deve se renovar desde um órgão constituinte novo porque as Constituições existentes estão baseadas na propriedade privada. Devemos mudar as Constituições. Chegamos a um momento que a produção se tornou cada vez mais imaterial. Sempre haverá uma necessidade de elementos ou momentos hierárquicos para que o valor produzido possa ser coletado e classificado, mas já não há nenhuma necessidade da propriedade privada como centro da produção e do desenvolvimento. Tem que modificar o conceito mesmo de desenvolvimento. A produção já não pode estar voltada apenas para o lucro. Deve passar a frente, a produção do ser humano pelo ser humano. A propriedade privada não pode governar a democracia. A riqueza não deve seguir sendo como até agora. Já não serve produzir para ganhar, mas para partilhar. (ver aqui)

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