14 janeiro 2012

O mapa da poesia portuguesa cheira a peixe?

Espera-se que não a peixe seco ou podre. Mas quem pode esclarecer a coisa é Maria da Conceição Caleiro, que fala de novas editoras de poesia no Ípsilon. Diz «Nos últimos anos, a emergência de uma série de médias, pequenas e pequeníssimas editoras reconfigurou o mapa da edição de poesia em Portugal.»
Era do que estávamos a precisar, de reconfigurar o mapa de Portugal, mesmo que poeticamente. «& etc, Vendaval, Tea for One, Averno, Mariposa Azual, Língua Morta, Edições Mortas, 50Kg, Oficina do Cego, Mia Soave, 7 Nós, e a lista poderia continuar: é um mapa em expansão, o da edição de poesia em Portugal.»
Maria dá conselhos: «É (...) indispensável profissionalizar alguns aspectos. Se não possuírem ISBN, nenhuma biblioteca se obriga a ter, nenhum historiador sensível que esteja por vir os conhecerá.»
A lista de poetas é, segundo a jornalista, «fastidiosa, incompleta e heterogénea», por isso poupamos os dois ou três clientes cá da casa a tal fardo.
Anotamos, a caneta (com um pedido de desculpas), este parágrafo: «O livro como objecto, como matéria gráfica semipreciosa, reclama um novo perfil de leitor: aquele que não sublinha, que não instrumentaliza o livro, que não lê de lápis na mão. Silvina Rodrigues Lopes não ama menos, mas sublinha e empresta; Manuel de Freitas diz, sorrindo, que chega a ter dois exemplares do mesmo livro. Macular o livro parece ser por vezes uma temeridade. Como aproximar um traço, mínimo que seja de "Gatos e Homens" de Rui Caeiro e dos desenhos nele espalhados por Bárbara Assis Pacheco sob a chancela de Luís Gomes (ed. Livraria Artes e Letras)? Felizmente alguns pensaram nisso... é o caso da Mariposa Azual, que reserva para o fim dos seus livros umas páginas em branco.»
Por último, assinale-se o modo como vê estes novos editores: «A distribuição é "manual". O editor feito mula no seu carro.»

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