25 novembro 2011

Entre o risco e a utopia

Portugal é um país baço? Tosco? Atrasado?
Há quem garanta que sim. Há quem não hesite em negar tais barbaridades.
E no meio não há virtude nenhuma.
Quando um empresário fala e põe a tónica no risco, pode ser aplaudido, sobretudo se for bem sucedido e obtiver lucro.
Já quando alguém afiança que a criatividade é a mãe de todo o crescimento, fruto da insatisfação intrínseca do ser humano, verifica-se um generalizado encolher de ombros, senão um sorriso cúmplice, que pode ser traduzido por Olha, mais um idiota...
No entanto, são os gestores e os empresários mais bem sucedidos que incorporam no seu discurso e comportamento aquilo que um conjunto de criativos pensa estrategicamente, obtendo assim mais-valias e contribuindo para o enriquecimento próprio e do país onde isso acontece.
São muitos os seminários, os encontros, os congressos onde se debatem estes assuntos, procurando sensibilizar empresários e quadros superiores para uma percepção mais abrangente que lhes permita inovar e desenvolverem-se.
Porque é que o governo do meu país parece rastejar e apenas se serve de uma retórica passadista, bolorenta, incapaz de dinamizar a economia?
A babugem do défice, os cortes mastodônticos servem que interesses? Os do país ou os de um pequeno grupo de agiotas? Não deixa de ser caricato verificar que o governo, depois de, enquanto oposição ter zurzido Sócrates, venha agora reivindicar aquilo que ele fazia como ninguém: usar as centrais de informação para passar as suas mensagens. (Repare-se como Moedas titubeia, como se mostra incapaz de enfrentar o touro e prefere dizer que é um grande bailarino. Acreditará que assim levará água a algum moinho?)
Quando é que o governo passa à acção e arrisca contrariar os mercados? Como? Por exemplo promovendo nos sítios certos aquilo em que somos bons: pastelaria, enchidos, queijos, culinária, vinhos, azeite, calçado, lanifícios, cortiça. Apostando no design, na divulgação, na exportação.

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