Ouve-se muita gente perguntar: se se tomam medidas tão duras é porque são necessárias. E o comentário inevitável é: não faz sentido pensar de outra maneira.
Ora, se assim fosse nunca haveria grandes chatices e elas sempre aconteceram e tantas vezes com resultados gravíssimos.
Recordam-se da chegada de Hitler ao poder? Estava tudo bem, ele era inócuo e depois foi o que se viu.
O tempo passa e nos dias de hoje estamos nisto: «Com as devidas proporções, a atitude da Alemanha para com a Grécia não parece muito longe da lógica das reparações da Primeira Guerra Mundial - pagar um elevado preço pelos erros cometidos - que lhe foram impostas nos anos 1920 com todas as consequências conhecidas. Ninguém parece, em contrapartida, lembrar-se do papel que o Plano Marshall desempenhou na reconstrução da Alemanha depois da II Guerra» (Isabel Arriaga e Cunha, no Público de hoje).
Já Teresa de Sousa diz, no mesmo jornal: «O problema europeu é que as suas lideranças, estejam elas em Berlim ou em Paris, em Bruxelas ou noutro sítio qualquer, não conseguem libertar-se de uma visão paroquial e limitada para abraçar uma visão global sobre o papel da Europa no mundo que entretanto mudou radicalmente à nossa volta. Parece demasiado vago? Não é. Seria a única forma de fazer juntar aquilo que hoje parece oposto. De encontrar um novo e poderoso interesse comum. O interesse alemão com o interesse francês ou o italiano ou o polaco ou o português e o finlandês. Mas para isso era preciso que a Alemanha pensasse um pouco mais em termos estratégicos, que a França tivesse alguma humildade política, que todos conseguissem ver um pouco mais longe do que o dia seguinte e um pouco mais fundo do que o seu interesse político imediato. "Os Estados-membros ainda não estão totalmente convencidos que a Europa pode ser rapidamente relegada a um papel secundário, devido às transformações aceleradas do contexto geopolítico", diz António Vitorino. Enredados nesta gestão errática da crise, profundamente divididos, olhando para dentro e não para fora, perderam a visão de conjunto e nem sequer querem ver como o resto do mundo os encara. "O que o mundo não percebe é que os credores e os devedores são todos membros de uma união monetária, que por acaso é também uma das regiões mais ricas do mundo", escreve Simon Tilford, do Center for European Reform. Tão simples como isto. Precisamente o que os europeus não são capazes de ver.»
Vale a pena ler isto (em francês).
Ora, se assim fosse nunca haveria grandes chatices e elas sempre aconteceram e tantas vezes com resultados gravíssimos.
Recordam-se da chegada de Hitler ao poder? Estava tudo bem, ele era inócuo e depois foi o que se viu.
O tempo passa e nos dias de hoje estamos nisto: «Com as devidas proporções, a atitude da Alemanha para com a Grécia não parece muito longe da lógica das reparações da Primeira Guerra Mundial - pagar um elevado preço pelos erros cometidos - que lhe foram impostas nos anos 1920 com todas as consequências conhecidas. Ninguém parece, em contrapartida, lembrar-se do papel que o Plano Marshall desempenhou na reconstrução da Alemanha depois da II Guerra» (Isabel Arriaga e Cunha, no Público de hoje).
Já Teresa de Sousa diz, no mesmo jornal: «O problema europeu é que as suas lideranças, estejam elas em Berlim ou em Paris, em Bruxelas ou noutro sítio qualquer, não conseguem libertar-se de uma visão paroquial e limitada para abraçar uma visão global sobre o papel da Europa no mundo que entretanto mudou radicalmente à nossa volta. Parece demasiado vago? Não é. Seria a única forma de fazer juntar aquilo que hoje parece oposto. De encontrar um novo e poderoso interesse comum. O interesse alemão com o interesse francês ou o italiano ou o polaco ou o português e o finlandês. Mas para isso era preciso que a Alemanha pensasse um pouco mais em termos estratégicos, que a França tivesse alguma humildade política, que todos conseguissem ver um pouco mais longe do que o dia seguinte e um pouco mais fundo do que o seu interesse político imediato. "Os Estados-membros ainda não estão totalmente convencidos que a Europa pode ser rapidamente relegada a um papel secundário, devido às transformações aceleradas do contexto geopolítico", diz António Vitorino. Enredados nesta gestão errática da crise, profundamente divididos, olhando para dentro e não para fora, perderam a visão de conjunto e nem sequer querem ver como o resto do mundo os encara. "O que o mundo não percebe é que os credores e os devedores são todos membros de uma união monetária, que por acaso é também uma das regiões mais ricas do mundo", escreve Simon Tilford, do Center for European Reform. Tão simples como isto. Precisamente o que os europeus não são capazes de ver.»
Vale a pena ler isto (em francês).
Plenamente de acordo com a ideia "O que o mundo não percebe é que os credores e os devedores são todos membros de uma união monetária, que por acaso é também uma das regiões mais ricas do mundo" e hoje não está a existir a solidariedade dos credores tal como a Alemanha teve após a II Guerra...
ResponderEliminarApós a I foi Hitler que defendeu a lógica de não pagar e implantou a ditadura na sua pátria, não sei porquê, mas muitos dos que hoje também dizem para não pagar vi-os simpatizarem com ditaduras no passado.