19 junho 2011

Aquilo que só alguns sabem salta para a praça pública


Portugal é um país pequeno para uns e grande para poucos. Que o digam quantos enchem os bolsos à custa da indigência nacional.
Paulo Morais ousa tornar público aquilo que só alguns sabem: "o centro de corrupção em Portugal tem sido a Assembleia da República, pela presença de deputados que são administradores ou gestores de empresas que têm directamente negócios com o Estado".
Diz, PM o parlamento português "parece mais um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos." Há outros casos, claro.
Os deputados a soldo criam "legislação perfeitamente imperceptível", com "muitas regras para ninguém perceber nada, muitas excepções para beneficiar os amigos e um ilimitado poder discricionário a quem aplica a lei".
A coisa é levada a cabo do seguinte modo: "A legislação vem dos grandes escritórios de advogados, principalmente de Lisboa, que também ganham dinheiro com os pareceres que lhes pedem para interpretar essas mesmas leis e ainda ganham a vender às empresas os alçapões que deixaram na lei".
A quantidade de empresas que se alimenta à custa do Estado é enorme. O Estado, como é da praxe, queixa-se dos salários que paga aos seus funcionários e depois gasta três, quatro vezes mais em obras, pareceres, negócios que enriquecem meia dúzia mas empobrecem o país.
A democracia é um exercício complicado, pois exige da parte dos cidadãos alguns cuidados: formação, interesse em acompanhar os assuntos, voz para reclamar quando as regras não são cumpridas.
Estamos num ponto rebuçado em que facilmente se aceita que candidatos a juízes sejam aldrabões, em que deputados nacionais e locais, presidentes de câmara e vereadores, directores gerais, assessores, secretários de estado, ministros funcionem segundo uma trama de cumplicidades e silêncio que mina a democracia.
Por isso, voltamos a insistir num ponto já aqui várias vezes reiterado: o estado do país não tem a ver com a produtividade dos trabalhadores, mas sim com a gestão danosa, senão mesmo mafiosa, de empresários e dirigentes.

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