23 março 2011

Portugal e a gula

Há tugas que são muito gulosos. Tão gulosos que não hesitam em esfregar as mãos de contentamento por uma questão de ressentimento. Portugal tem de sofrer esta gente que gosta de falar em sentido nacional, quando pouco ou nada faz pelo país. O que se tem estado a passar na Assembleia da República é bem a prova disso.
O governo em funções agiu mal. Foi precipitado. Se isso resulta de uma estratégia política, o objectivo é medíocre: deu tiros nos próprios pés. A maior parte da população não está com Sócrates nem com o PS.
Mas o que está em causa não é o PS ou a vontade de o PSD chegar ao poder. O que está em causa é a crise e os custos que as eleições vão ter, directa e indirectamente. Directamente, porque as eleições são caras. Indirectamente, porque isso vai obrigar a mexer em muitas chefias e nas consequentes indemnizações. Ao mesmo tempo que se corre o risco de cair na situação da Grécia e da Irlanda, cujas taxas de juro têm sido negociadas com valores proibitivos.
O PSD deveria ter esperado. Mas resolveu agir já, com o beneplácito de Cavaco Silva. É importante não esquecer que o PSD afirma peremptoriamente querer travar a má política económica do governo. Se o que vier por aí for pior, veremos como descalça a bota. Para já, Passos Coelho admite subir impostos se for primeiro-ministro. Ora subir impostos quando já está tudo tão sufocado é, como se calcula, uma solução miraculosa. Que outras soluções do género tirará o PSD da cartola?
A gula pelo poder é terrível. E quem paga esses apetites é o zé povinho.

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