04 fevereiro 2011

Palavras de um expoliador comentadas por um humilde assalariado

Hoje, dia quatro de fevereiro do ano da graça de dois e mil e onze chorei muito ao ler o distinto colunista e ex-director do jornal Público, José Manuel Fernandes. Chorei, porque ele já teve 26 anos. E chorei porque ele anda aflito por causa dos filhos dele e dos netos dele. É que ele, oh pobre coitado, é notoriamente militante (se quotizado ou não, pouco importa) de um partido que está na oposição e não pode, portanto, arranjar o tachinho aos filhos e aos netos. E a gente compadece-se do futuro desses rebentos. E compadece-se mais ainda pelo mea culpa de José Manuel Fernandes, que, diz, «não vai ser assim porque nós estragámos tudo». Um peso tão grande não podia, claro, ser arcado solitariamente. Vai daí, JMF socorre-se do velho estratagema de olhar para trás e dispersar as culpas: «aqueles que são um bocadinho mais velhos do que eu, os verdadeiros herdeiros da "geração de 60", os que ocuparam o grosso dos lugares do poder nas últimas três décadas» são, afiança, os prováveis autores do hediondo crime: a falta de tachinho para os filhos.
Nada me comove mais. E desde já vos desafio a criarem uma conta solidária para socorrer tais necessitados, garantindo desde já o meu humilde contributo de 1 cêntimo, pois mais não posso. Eu que tenho a idade do senhor JMF e ganho os tais 500 euros que para ele são trocos e são o meu salário.
Do resto do artigo não vou falar, por pudor. É que não tenho casa própria, muito menos casa de férias e o meu salário sempre foi baixo. Ele lá sabe se deu um automóvel a cada membro da família e um telemóvel e tudo o mais. Cada um dá conforme as possibilidades. Eu, magnânimo, posso dar um cêntimo para os filhos e os netos. O que vale é o exemplo, não é?
Deixo-vos, para terminar, com uma frase curiosa desse artigo, que não comento, pelo muito respeito que me merece o senhor Fernandes: «Veja-se agora o país que deixamos aos mais novos. Se quiserem casa, têm de comprá-la (...)».

1 comentário:

  1. Infelizmente até hoje muitos com capacidade e sem se esforçarem tinham a casa de chave na mão e, provavelmente a partir de agora alguns inocentes cujo azar, a doença e outros males bateram à porta nem direito a um tecto digno poderão ter...

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