16 maio 2010

Livros e políticos. Ou livros e presidentes


O livro. O determinante sugere o peso do nome. Livro designa um objecto que nuns desperta apetite e noutros repulsa. Os primeiros podem ser literatos, mas também podem ser presidentes, chefes de governo, ministros. Há uns anos, Aznar referiu-se a alguns autores espanhóis, contribuindo para que muitos procurassem livros desses autores, que desconheciam ou ainda não tinham lido.
No Público de hoje vem a tradução de um texto escrito por Tevi Troy, do The Washington Post. Transcrevemos o lead: «Sim, George W. Bush lia. Lia muito. Livros de Camus, biografias de Mao... mas não dizia. Tinha medo que a sua reputação estragasse a do livro. Foi caso único. Por regra, um livro nas mãos de um presidente dos EUA tem duplo impacte: ajuda a vendê-lo e revela o que vai no pensamento do inquilino da Casa Branca.»
O resto, é um artigo baço. Com excepção do caso Clinton: «Bill Clinton lia de forma ecléctica e frequentemente - os seus autores favoritos incluíam a poeta Maya Angelou, o romancista Ralph Ellison e o historiador Taylor Branch - e estava consciente de que as leituras presidenciais captavam atenções nos media e nos círculos intelectuais. Por isso, fez o possível para agradar aos intelectuais aparecendo em público com os seus livros. Uma vez colocou The Culture of Disbelief, do professor de Direito em Yale Stephen Carter na sua secretária na sala oval para que os jornalistas vissem o que andava a ler, e eles cumpriram as expectativas, noticiando-o. (...) Clinton também devorava policiais, apelidando-os de "pequena literatura de evasão"
E os nossos políticos? Sócrates lerá alguma coisa além dos dossiês ministeriáveis e do que sobre ele escrevem nos jornais? E Passos Coelho? E Paulo Portas, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa?

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