04 abril 2010

Portugal por São José Almeida

Ninguém parece ter estranhado que a aprovação parlamentar do plano que irá reger a economia estatal nos próximos anos estivesse a ser aprovada sob pressão de empresas privadas que representam interesses financeiros, como se fosse normal que a gestão política dos Estados esteja submetida à lógica do mercado.

(...)

Se dúvidas houvesse de que o representante da Fitch estava a esticar a real capacidade de influência de uma empresa privada sobre o poder político democraticamente eleito em Portugal, o ministro das Finanças veio desfazê-las com o alerta para que os deputados - que supostamente são independentes de influências e devem agir de acordo com o que entendem ser os interesses do país - não se atrevessem a chumbar o PEC (...)

[As principais agências de rating são a Fitch, a Standard & Poor's e a Moody's] não é segredo para ninguém que estas agências têm interesses no mercado que avaliam, são propriedade de grupos financeiros e funcionam também como consultoras de empresas, para quem elaboram pareceres. Ou seja, são avaliador e avaliado, pois aconselham aqueles que avaliam.

(...) é bom não esquecer que os famosos bancos que faliram em 2008 estavam avaliados precisamente por estas excelentes agências de rating (...)

(...) é suposto um Estado democrático de direito ser gerido por um governo de representantes políticos, eleitos pelo voto soberano popular, e escolhido entre o escol que é apresentado a sufrágio pelos partidos. Aliás, os partidos são mesmo a estrutura de representação popular no exercício do poder, em que os eleitores delegam a função de gerir o Estado de acordo com o interesse geral e em obediência ao princípio de igual tratamento de todos perante a lei. E é também suposto que os partidos e os seus eleitos sejam independentes e não cedam a interesses privados, antes defendam o interesse de todos.

Só que o que esta manchete do PÚBLICO e o destaque do jornal de dia 25 de Março mostram é que afinal a realidade é outra. O que é verdade é que quem manda no Estado português e decide sobre as orientações políticas que são dadas à governação não é o soberano representado pelos deputados eleitos, mas os interesses económicos internacionais, obscuros porque não democraticamente eleitos.

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