12 novembro 2009

O peso das instituições


O cristianismo ganhou força por ter sido ousado, chamando a si os humildes, protegendo-os primeiro e depois servindo-se deles para conquistar poder. Uma vez instalado e após muitas cisões e debates, governou, enriqueceu até que a modernidade lhe foi retirando audiência.
A Igreja há muito representa um conservadorismo faccioso e parece apostada em defendê-lo contra o tempo, mesmo que o século seja dominante no seu seio desde finais do século XIX.
A eutanásia e o casamento de pessoas do mesmo sexo são as grandes batalhas de momento, depois de ter perdido a do aborto. Talvez por isso, mudou de estratégia e aparece mais aguerrida a veicular a sua mensagem. No que mais não é do que uma luta contra os que ainda a frequentam.
A Igreja parece ver-se a si própria como um museu vivo. Quer preservar a todo o custo ideias e valores ultrapassados. E se se nota haver quem dentro dela propugne abertura e seja capaz de trazer para o seu seio temas fraturantes, surge aos olhos do agora ainda demasiado colada a dogmas tão activos como os de defender que a Terra está no centro do Universo.
Ainda não assimilou completamente que cada vez mais os indivíduos querem decidir por si as suas opções de vida e que quanto mais conscientes são, melhores católicos podem ser.
Que a eutanásia seja um assunto muito complexo, entende-se. Que o casamento de homossexuais a incomode tanto soa mal. Se os bispos portugueses já são capazes de dizer que "ser homossexual não é pecado, como ser heterossexual não é virtude", deveriam dar o passo seguinte que era deixar que cada um decidisse em consciência. Até porque como já alguém disse: "Uma igreja que abençoa carros, casas e barcos seria incompreensível que não pudesse abençoar uma união entre duas pessoas."

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