11 outubro 2009

Saia Justa

Maitê Proença Gallo é mais conhecida como Maitê Proença. Dizem que além de ser actriz, escreve livros, posa para revistas como a Playboy e gosta de ser engraçada. Uma das suas piadas é imitar a maneira de falar dos portugueses (nada mais engraçado para um brasileiro). Outra é mostrar que é ignorante e, como é do conhecimento geral, nada como a ignorância para se ser atrevido. Ora, Maitê numa das vezes que esteve em Lisboa fez umas filmagens para um desses programas de TV que põe a nu o lado mais in do tédio. O resultado é, como se pode ver, revelador. Maitê faz alarde da sua ignorância. Rio Tejo? O que é isso? Ah, sim, o Oceano Atlântico. Que engraçado, né? e logo pra mim que estou num hotel de cinco estrelas e não percebo peva de informática, mas sou muito boa a fazer beicinho.
A gente ri-se. Se uma celebridade não for assim um bocadinho a pender para o grunho não tinha tanta graça.


2 comentários:

  1. Discordo do que em geral aqui tem sido dito sobre o tal video da Maitê Proença. E porquê?

    Antes de mais porque não me parece que devamos ficar sinceramente ofendidos com o tom jocoso e ligeiro que consta do pequeno filme.

    Por muito graves que fossem as "desconsiderações" (e não me parece que o sejam), nada me faz concluir que seja algo mais que uma reportagem meramente lúdica e feita num tom sem qualquer animus offendendi, desde logo se se conhecer o programa "Saia justa" em que esse tom é costumeiro em relação a todo e qualquer tema e não, pois, especificamente ou mais marcadamente, relativamente ao nosso país.

    Por outro lado, muito do que ali é dito é, e infelizmente o penso e digo, verdade: não "elegemos" "nós" Salazar como a personagem maior dos nove (!) séculos portugueses?; aquele enfoque no número "3" que foi invertidamente afixado num contexto em que se denota que houve toda a concentração e atenção à caixilharia e, designadamente, aos parafusos tão rigorosamente centrados não ilustra ou não parece ilustrar muito do que nós em geral somos, atentos tantas vezes e até perfeccionistas com o acessório e o incidental e negligentes e descuidados com o que seria o principal?; ou, na mesma linha, aquele episódio com o empregado do hotel - de 5 estrelas, realce-se - que, chamado a ultrapassar um qualquer problema informático e que, não o conseguindo fazer, chama o porteiro (que se limita a franquear o acesso e em geral apenas dá o primeiro acolhimento aos hóspedes) a fim de este por sua vez "tentar a sua sorte" não será igualmente ilustrativo da nossa vocação irresistível para o desenrrascanço e para o improviso, para mais em situações em que se exigiria que não houvesse qualquer amadorismo (relembro, é um hotel de 5 estrelas)?

    Por outro lado ainda, são destacados no programa, embora simetricamente de uma forma meramente alusiva, dados que julgo não seriam em caso algum salientados no que fosse um programa "hostil" a Portugal.

    Com efeito, alude-se ao monumento aos Descobrimentos (e não ao achamento...), filma-se nos Jerónimos, alude-se a Pessoa, a Camões e a Vasco da Gama, mencionam-se os pastéis e incorpora-se na filmagem uma explicação (factual, interessante e provavelmente desconhecida de muitos brasileiros... e de muitos portugueses!) quanto à razão da utilização das gemas e das claras dos ovos nos Conventos.

    Por fim, não julgo que a última cena represente a Maitê Proença a cuspir no solo que a recebeu; tão somente e muito sinceramente creio - e penso que isso resulta claramente da sequência das imagens - que ela tenta apenas, num tom obviamente ligeiro e lúdico, imitar o que a estátua representa e nada mais que isso.

    Independentemente de tudo isto que aqui escrevo - e, pois, mesmo que tivesse acaso havido uma intenção de desconsideração por parte da referida actriz -, penso que isso valeria o que vale. Ou seja, a uma brincadeira, se porventura pesada e "sem graça" (o que não me parece aqui o caso), dever-se-ia somente reciprocar por igual e não esperar uma qualquer retaliação de qualquer outra natureza.

    Mas naturalmente respeito opinião contrária ou diferente da minha.

    ResponderEliminar
  2. Nós não somos um jornal, mas demos a notícia. E pelos vistos o JN também, o que levou a Folha de S. Paulo a fazer o mesmo (os links seguem abaixo)
    http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u637295.shtml
    http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=1389462.
    Quanto ao seu comentário, apenas uma pergunta: lembra-se da reacção do governo brasileiro há uns anos a propósito de algo que por cá se disse sobre brasileiros?
    Maitê sabe pouco e como a gente que sabe pouco brinca muito (goza, faz pouco) e por isso é um tipo de humor baixo, sem graça, acabando por mostrar a pobreza mental da senhora e da equipa que faz o programa.
    De resto, fazer humor com os nossos disparates até pode ser saudável. Mas que seja humor e não graçolas.

    ResponderEliminar