02 maio 2009

A última viagem de Karst Tates


Nada dissemos sobre o atentado holandês porque nada havia para dizer. Ao vermos as imagens estranhas (e o adjectivo não é gratuito) logo se impunha o porquê? para o qual não havia nenhuma resposta. Segundo se diz, o condutor do veículo era um homem tranquilo, tímido, simpático até, de 38 anos, que vivia sozinho e estava desempregado há poucos meses. Consta que acabara de entregar a chave do apartamento, por não ter meios para pagar 580 euros de renda.
Por que atacou o autocarro onde seguia a família real continua a ser uma incógnita. Tê-lo-á feito em protesto contra a sua situação de desempregado? Mas porquê contra a rainha?
Para os holandeses, além dos mortos, incomoda-os o ataque em si e a possibilidade de as comemorações do
"Dia da Rainha" nunca mais serem como até aqui. Era costume Beatriz ou o príncipe-herdeiro Guilherme-Alexandre contactarem informalmente com os seus concidadãos e movimentarem-se frequentemente nas ruas sem especiais medidas de segurança. Algo que terá de ser repensado de hoje em diante.
O acto tresloucado de
Karst Tates não veio chamar a atenção para a situação desesperada dos que perderam o emprego, mas para as questões de segurança da família real.
A Holanda poderia talvez repensar o modo como olha para aqueles que deixam de ter fontes de rendimento para viver dignamente, mas prefere pensar na família real. Ora aí reside precisamente o busílis da questão. O que leva um homem pacato a enfiar-se dentro do seu carro para atropelar crianças e adultos com o propósito de ameaçar o topo da hierarquia holandesa?
Nem uma mensagem deixou (ou se a deixou ela não foi tornada pública). Tinha mulher e filhos? Não se sabe (há quem afirme que tinha filhos) e sabê-lo ajudaria a elaborar teorias de conspiração. Por ora continuamos com um acto isolado que criou sururu e fez cair momentaneamente sobre a Holanda o fantasma do terrorismo (algo que permite sempre cercear a liberdade dos cidadãos em nome de uma suposta segurança).
E o suicida trabalhava nesse ramo. O pai era funcionário municipal. Ele estudava de dia e trabalhava de noite. Apenas recordam, aqueles que costumavam vê-lo, que tinha as patilhas bem cortadas. E foi esse homem que pôs em cheque uma tradição. Ao volante de um automóvel.

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