06 maio 2009

Tabus



Sexo e morte juntos são explosivos. Que o diga o anatomista alemão Gunther von Hagen, cuja exposição "Koerperwelten" (Mundos dos Corpos) ainda não abriu e já é alvo de acesa polémica. Porque mostra um casal de cadáveres plastinados (embalsamados) a fazer sexo.
A exposição, que
abre quinta-feira em Berlim, no Museu Postbahnhof, já foi classificada de "indecente e imoral"por vários políticos e dignatários eclesiásticos.
São
mais de 200 plastinados para mostrar o desenvolvimento do corpo humano, desde o nascimento até à idade mais avançada. Mas, pelos vistos, o sexo não faz parte da vida. Há mesmo quem o classifique como "coisas porcas" e se isso já é mau, agora que se vive o pavor do porco tornou-se péssimo. O sexo deveria ser banido e tudo o que seja nudez, exibição de órgãos sexuais e mostras de relacionamentos amorosos não pode ser mostrado.
O mundo dos dias de hoje é, de facto, um lugar cheiinho de contradições. Ao mesmo tempo que o politicamente correcto vai atravessando transversalmente as sociedades, infectando alinguagem de políticos e de outros invertebrados e mal-formados, assiste-se a um gradual recrudescimento da liberdade e da tolerância para com o que é intrinsecamente humano: o sexo e a morte.
O modo como uma minoria supostamente bem pensante entende o exercício da liberdade passa por uma hipocrisia que fede a tara.
Como já muitos criadores e experts mostraram em estudos científicos, nos mais diversos géneros de manifestação artística (literatura, pintura, escultura, teatro, cinema, dança, performance...) o corpo, o modo como se olha para ele, a maneira como nos relacionamos com ele, como o pensamos e como nos entendemos está cheia de vãos, quando não de abismos, que mais não fazem do que limitar a nossa vida e a nossa acção enquanto indivíduos e enquanto cidadãos, contribuindo para que certos poderes continuem a entregar-se a exercícios lesivos dos direitos democráticos consagrados nas constituições de tudo o que é país livre.

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