22 maio 2009

Há gente que não se enxerga

O senhor engenheiro fez fortuna. E sabe-se que enquanto patrão paga bem aos gestores mas pouco aos trabalhadores. A sua situação de privilegiado permite-lhe isso e muito mais, por exemplo arrotar postas de pescada podre como esta: "estar empregado deve satisfazer praticamente toda a gente neste momento", ou como esta: "não há emprego para quem quer estar a passar os fins-de-semana com os pés na água".
Já se sabe que estar com os pés na água é pecado. O trabalhador deve estar sempre pronto a obedecer à voz do chefe e jamais pôr os pés dentro de água. Isso é para os engenheiros e para os patrões.
O que ele talvez não saiba (ou gosta de fazer que não sabe) é que os sindicatos apareceram para juntar as forças diminutas de quem vive do seu salário, ampliando-as. E conseguindo, pela força da união, conquistar alguma qualidade de vida: horários de trabalho definidas; salários justos; pagamento de horas extraordinárias; direito à assistência na doença; etc. Tudo coisas que, pelos vistos, irritam o senhor Belmiro de Azevedo. Ele acha que quem tem emprego deve dar-se por feliz e estar muito bem caladinho. Ou seja, trabalhas sim mas eu pago-te o que me apetece, pois o que importa é o lucro que eu obtenho, o resto são tretas.
Em tempos de crise, palavras como as do senhor engenheiro soam a música. Qualquer "empregador" as usa em benefício pessoal, contra as leis, contra os direitos, contra a democracia.

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