31 maio 2009

Ainda os salários ou o "mileurismo" ou o babyloser


No El País de hoje vem um longo artigo sobre o fim da classe média e o crescente número de gente que tem de viver com mil euros por mês ou até menos, em países onde essa massa salarial representa pauperização. Estão nessa situação jovens universitários recém licenciados, operários qualificados, desempregados de longa duração, imigrantes, quarentões que perderam empregos e até gente com idade provecta mas ainda não incluídos na idade da reforma. Em Espanha estima-se que sejam já 12 milhões. França, Grécia, Alemanha, EUA também possuem muita gente nessas condições. Portugal não é referido, mas sabemos que há muita gente a recibos verdes e muito licenciado desempregado.
O jornal refere que apesar da riqueza criada entre 1995 e 2006, a mesma não contribuiu para o aumento dos salários mas para o aumento dos lucros dos que já eram ricos.
Segundo os autores do livro El fin de la clase media y el nacimiento de la sociedad de bajo coste (Massimo Gaggi e Eduardo Narduzzi) "A classe média era accionista do financiamento do Estado de bem-estar, e o seu desaparecimento implica a crise do welfare state, porque à [nova] classe de massa já não lhe interessam impostos elevados como contrapartida politica para com a classe operária, que em grande parte foi também absorvida pela classe de massa. A nova sociedade é menos estável e potencialmente mais atraída pelos alarmes políticos reaccionários, capazes de trocar maior bem-estar por menos democracia. Também é uma sociedade sem uma identidade clara de valores, por isso é oportunista, consumista e sem projectos a longo prazo".
Os riscos são elevados: perda de qualidade de vida, fim das conquistas sociais e laborais que levaram a séculos a conquistar, generalização da política-espectáculo (de que Berlusconi e Sarcozy são já bons exemplos, dando-se mais atenção aos seus casos amorosos do que às políticas que põem em prática).

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