14 abril 2009

A pobreza não nos larga


Há muito quem queira resgatar a figura do senhor das botas, que não era gato mas tinha algo de D. Juan, quando a ele se deve parte substancial do nosso atraso em relação à Europa.
É certo que depois do 25 de Abril poderíamos ter-nos desenvolvido mais, mas como, se os nossos empresários são maioritariamente fracos?
Já nos quiseram vender a ideia de que em Portugal há falta de produtividade e de criatividade, no entanto, olhando para os lados verifica-se que não: os tugas trabalham que se fartam quando a isso são obrigados e há bastantes deles a quem bem se pode aplicar a designação de criativos. O que há é poucos empresários capazes de potenciar e de aproveitar a mão-de-obra e a criatividade, pois são centenas os que ainda pensam com a cabeça junto à barriga, ao sexo e ao espelho.
E as associações empresariais também têm a sua quota de responsabilidade, ao não terem desenvolvido campanhas de informação junto dos associados mais fracos. Algo que sai caro ao país.
Não temos os níveis de assistência social doutros países europeus, mas já houve grandes campanhas de intoxicação da opinião pública a favor das seguradoras (ou dos bancos, não é?).
Na saúde estamos onde estamos, ou seja, bastante mal, sobretudo pelo desfazamento entre litoral e interior ou entre centros urbanos e centros rurais. Espanha está muito melhor e teve algumas afinidades connosco.
Na educação andamos a brincar com o fogo, contribuindo para a miséria que nos rodeia. Baixa escolaridade é sempre sinónimo de baixos salários, mas dado o fraco tecido empresarial português há muitos licenciados no desemprego, algo a que as classes baixas são sensíveis, até como desculpa para a fuga da escola. Mas os nossos iluministas do presente acham que é com magalhães que se vai resolver o assunto. Ou tratando os professores como se fossem cães ou algo do género.
Quanto à cultura é melhor nem falarmos, depois de um mandato em que se tentou inverter a situação (com Manuel Maria Carrilho), caímos no descalabro e na indigência: quis-se passar a ideia de que acultura só é "boa" se vender. O que não espanta, pois com Salazar o analfabetismo e a baixa escolarização foram uma constante.
Portugal continua pobre sempre por culpa dos empresários e dirigentes que tem: salvo as excepções da praxe, gente medíocre.

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