19 janeiro 2009

30 anos a falar do mesmo, do 3º ao 9º ano


Com Alice Vieira percebemos que ensinar foi chão que deu uvas, sobretudo no ensino público, donde tem sido paulatinamente afastado tudo o que cheire a esforço.
E percebemos também que Alice Vieira não gosta muito de professores formados em Escolas Superiores de Educação, pois, diz, «é um susto, desde a língua portuguesa tratada de uma maneira desgraçada, até ao desconhecimento de autores que deviam ter a obrigação de conhecer... Sabem muito bem o eduquês, mas passar além disso, é difícil. Muitos professores com que lido têm uma formação muito, muito, muito deficiente. Eles fazem com cada erro, que eu fico doida!»
Questões que a deixam apreensiva. Tanto que não hesita: «As pessoas não entendem muito bem que o maior investimento que podem fazer é na educação. Se não tivermos gente educada, a saber, capaz, o que é que vai ser de nós? Estamos a fazer uma geração que não se interessa, não sabe nada, mas berra e grita. E isso perturba-me.»
Nós gostamos da entrevista, gostamos até da parte em que realça o abaixamento de nível de exigência, mas foi aí que nos deparámos com algumas incongruências. A senhora vai a escolas há 30 anos sempre para falar do mesmo livro? Que tédio, não lhes parece? O que faz um escritor numa escola? Que vai lá fazer? Há algo que não bate certo. Bárbara Wong devia-lhe ter perguntado porquê esse livro em particular e não outros.

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