01 dezembro 2008

O disco riscado do eduquês


Eu que gostava tanto de dar aulas, fiz um mestrado, depois mais umas coisas e... triste de mim, deixei de leccionar no ensino básico e tornei-me consultor do ME, que me tem pago muitos giros mundo fora e para o qual tenho produzido muito eduquês.

Eu sou muito bom, sou mesmo um dos melhores do mundo nessa nova área tão importante que é aprender a aprender. Sou formador de professores.

E estou triste e descontente. Porque os meus ex-colegas não percebem como este modelo de avaliação é um must (se fui ou não responsável por ele, não é a hora nem o lugar para o revelar).

Os professores têm de perceber que ensinar já não é necessário. Agora trata-se de incluir tudo e todos. Agora trata-se de dizer que estou triste. Se eu mandasse não retirava itens nenhuns, pois como mostra a tipologia de Andy Hargreaves, um conceituado investigador canadiano, há uma cultura profissional baseada no individualismo e é preciso abrir mão do carácter individual e privado da aula. As aulas devem ser colectivas: os alunos constroem o seu saber, os professores orientam. E para que isso aconteça eu proponho que as aulas deixem de ser o que são. Isso já não faz sentido. No futuro, lindo, democrático, cheio de flores, para o qual eu tanto trabalhei, alunos e professores cantarão de braço dado o homem novo... blá... blá... blá...

O texto hilariante de uma das senhoras do eduquês pode ser lido aqui.

Sócrates, a senhora está-te a dizer que, se quiseres ministra nova, está disponível.

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