05 dezembro 2008

Nuno Bragança (1929-1985)



Nuno Manuel Maria Caupers de Bragança nasceu em Lisboa em Fevereiro de 1929. Frequentou Agronomia mas acabou por se licenciar em Direito na Universidade de Lisboa.
Autor de várias críticas cinematográficas, fundou e dirigiu o Cine Clube "Centro Cultural de Cinema". Foi co-autor do argumento do filme Verdes Anos, de Paulo Rocha.

Em 1968 radicou-se em Paris, trabalhando na representação permanente de Portugal junto da OCDE.

A sua crescente actividade literária aumentava paralelamente à sua arriscada acção política levando-o a aproximar-se das Brigadas Revolucionárias.

Em 1972 regressou a Portugal e foi assessor de Mário Murteira no Ministério do Trabalho a seguir ao 25 de Abril de 1974.
A publicação em 1969 de A Noite e o Riso, o seu primeiro romance, revelou-se um acontecimento no panorama literário português. Seguiram-se Directa (1977), Square Tolstoi (1981) e a colectânea de contos Estação (1984).

Após a sua morte, em 1985, foi publicada a novela Do Fim do Mundo (1990).

Pedro Tamen, amigo do autor, daria a conhecer, no número 155/156 da Colóquio / Letras de Janeiro de 2000, uma peça de teatro radiofónico, A Morte da Perdiz, que pode ser lida aqui.

A obra de Nuno Bragança é inovadora, apaixonada e desconcertante, aliando humor e fulgor para falar das cidades, do erotismo, da acção política, das relações humanas.

João Bonifácio dedica, na edição do Ípsilon / Público de hoje um artigo ao autor, a propósito de "U Omãi Qe Dava Pulus", documentário de João Pinto Nogueira sobre a vida do escritor.

O filme é editado pela Midas num pacote de quatro DVDs correspondentes a quatro documentários sobre escritores. Além de Nuno Bragança, há Carlos de Oliveira ("Sob o Lado Esquerdo", de Margarida Gil), Alexandre O'Neill ("Tomai Lá do O'Neill", de Fernando Lopes) e José Cardoso Pires ("Diário de Bordo", de Manuel Mozos e Clara Ferreira Alves).
Bonifácio define-o assim: «Aristocrata, apaixonado do boxe, revolucionário, violento e afectuoso, cristão empenhado e consciente da luta de classes, homem fascinado pelo "bas fond", homem apanhado pela vida, pelo álcool.» E explica «Bragança, sendo um aristocrata, envolveu-se com uma espécie de sub-mundo da noite (retratado em A Noite e o Riso). Mais tarde, e apesar de cristão, envolveu-se com as Brigadas Revolucionárias (Square Tolstoi), fez sair gente do país (Directa) e assistiu à morte da primeira mulher às mãos do álcool e dos comprimidos (cujo processo de dependência está em Directa).»
O poeta e professor manuel Gusmão não hesita em classificá-lo «um dos grandes narradores da segunda metade do século na Europa.» E nós só podemos concordar.

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